O Reino Visigótico nasceu do declínio do Império Romano do Ocidente, e da incapacidade desta entidade politica em manter a sua coesão territorial. Após o saque de Roma de 410 promovido pelo Rei Visigodo Alarico, foi estabelecido um acordo entre visigodos e romanos, que tornou este povo germânico federado do Império.
Como povo federado, os Visigodos tornaram-se aliados de Roma e parte integrante da defesa dos territórios imperiais, em troca os romanos cederam uma pequena faixa territorial na Aquitânia, Gália, onde os Visigodos governavam com independência. Nesta pequena faixa territorial, cobravam impostos, impunham a sua lei e costumes. Alguns historiadores defendem que, este espaço não foi entregue aos Visigodos como território independente e soberano, mas sim como um pequeno enclave militar de defesa da Gália, mas pela incapacidade militar romana, conseguiam exercer a sua autoridade com impunidade.
Certo é que a partir deste espaço, no decurso do século V, foram expandindo os seus domínios para a Gália e Península Ibérica. Entre 434 e 453, participaram ao lado dos romanos, enquanto Federados, na defesa da Gália contra a invasão Huna liderada por Átila.
Findo o conflito com os hunos o Imperador romano Ávito, enviou os Visigodos para a Hispânia de forma a pacificar a região controlada pelos Suevos. Os Visigodos aproveitaram para alargar as suas concessões na Península.
A expansão Visigoda na Gália e Hispânia teve especial incidência durante o reinado de Eurico entre 466 e 484. A capital do reino Visigótico situava-se na cidade de Tolosa, actual Toulouse no sul de França.
Com a viragem para o século VI, os francos liderados por Clóvis começaram a exercer uma forte pressão sobre os territórios visigodos na Gália, culminando com a conquista e saque da capital visigoda em 508. Os visigodos apenas mantiveram uma pequena faixa costeira dos seus territórios gauleses.
A derrota ante os francos provocou uma migração para a Península Ibérica, onde consolidaram os territórios na região. Durante o século VI tiveram que lidar com uma invasão da outra tribo goda, os Ostrogodos, liderados por Teodorico, o Grande e uma incursão bizantina no sul da Península que ocupou uma vasta faixa costeira.
No fim do século VI, o Reino Visigodo ocupava grande parte dos espaços territoriais da Península, após a anexação do Reino Suevo em 586 e pacificação das tribos do norte peninsular como os bascos.
Em termos religiosos até os finais do século Vi, os monarcas e aristocratas visigodos professavam o cristianismo ariano, embora grande parte da população continuasse pagã. Foi com o Rei Recaredo, que governou entre 586 e 601, que foi iniciada a conversão ao cristianismo católico. Para esta conversão, contribuiu a proximidade de Recaredo com a comunidade romana na península, em detrimento da visigótica.
Após a morte de Recaredo, o Reino Visigótico viveu um período de instabilidade, com constantes regicídios e nova revolta das tribos nórdicas. A sul os visigodos conseguiram conquistar os territórios perdidos para o Império Bizantino e expulsar esta entidade política da Hispânia.
O século VII viu igualmente um incremento do poder religioso no Reino, de tal forma, que os monarcas visigodos passaram a ser eleitos por um colégio de senadores, constituído por membros da aristocracia e clero. Este método de eleição régia iria precipitar os acontecimentos que levariam à queda do Reino.
O Código Visigótico foi uma das mais importantes compilações jurídicas de um povo bárbaro, nele estavam descritas as leis que regiam o Reino Visigótico, numa simbiose entre direito romano e germânico, de forma a unir as duas franjas populacionais da Península.
Em 711 os árabes muçulmanos invadem a península, derrotam o Rei visigodo Rodrigo e gradualmente vão conquistando o Reino Visigótico, a conquista árabe da Península Ibérica, foi justificada pelo apoio a um concorrente ao trono visigodo, mas efectivamente foi uma expansão territorial muçulmana para a Europa que colocou um ponto final no Reino Visigótico.
References:
DIAZ, Manuel C. e outros; Historia de España Menéndez Pidal, tomo III, España Visigoda, vol.I, Espasa-Calpe, 1991.
MARQUES, A. H. de Oliveira e outros; Nova História de Portugal, vol II, Portugal. Das Invasões Germânicas à Reconquista, Editorial Presença, 1993