Os Visigodos foram uma das duas facções que nasceram após a separação da tribo germânica dos Godos com a morte do rei Hermenerico no século IV d. C., a outra facção foram os Ostrogodos. O monarca godo suicidou-se perante a pressão militar que os Hunos estavam a exercer sobre o Reino godo no Mar Negro.
Na segunda metade do século IV, já com a separação entre Visigodos e Ostrogodos e após alguns conflitos com o Império Romano conseguiram fixar-se no interior das fronteiras de Roma, como salvaguarda pelo auxílio militar ao Império essencialmente contra os Hunos, tornando-se assim um povo federado. Em 395 começaram a migrar para o ocidente como resultado da ameaça Huna quebrando a aliança com Roma.
Alarico, rei dos Visigodos invade pela primeira vez a Península Itálica em 401, mas as forças romanos conseguiram repelir esta primeira investida. Na segunda tentativa iniciada em 408, Alarico foi mais bem-sucedido, tornando-se o primeiro governante germânico a conseguir saquear a Capital do Império Roma em 410. O Império Romano do Ocidente até a sua extinção décadas mais tarde como entidade politica, nunca conseguiu recuperar do golpe psicológico infligido pelos Visigodos, a poderoso capital imperial havia sido saqueada.
Após o saque de Roma deslocaram-se e ocuparam o território compreendido entre o Sul da Gália e parte do norte da Península Ibérica. Com a derrota ante os Francos, os Visigodos deixaram de ter presença na Gália após a Batalha de Vouillé em 507. Concentraram os seus esforços na conquista da totalidade da Península Ibérica, algo que já tinham iniciado décadas antes contra os Vândalos, os Suevos e os Alanos. Após largos anos conseguem unificar a Península ibérica sob o domínio Visigótico, subjugando inicialmente Alanos e no século VI os Suevos, os Vândalos migraram para o Norte de África juntamente com o restante dos Alanos no decurso da primeira metade do século V.
A religião era um ponto central na acção política Visigótica, inicialmente seguiam a religião pagã germânica, ainda no decorrer do século IV converteram-se ao cristianismo ariano. Esta vertente do cristianismo entrava em conflito com a visão católica que os habitantes da Península Ibérica tinham, provocou um conjunto de conflitos que limitavam a miscigenação pretendida e fomentada pelos governantes Visigóticos. No ano de 589 o Rei Visigodo Recaredo, converteu-se ao catolicismo juntamente com o seu povo. Esta conversão servia mais para a manutenção da ordem pública do que uma modificação ideológica.
O sistema de leis Visigóticas, Direito Visigótico, foi iniciado com o Código de Eurico, e foi um dos legados mais importantes deste povo para a posteridade. Foi utilizado no decurso da Época Medieval como pedra basilar do sistema jurídico na Península Ibérica. O Direito Visigótico assentava no direito germânico e romano, procurava conciliar as sensibilidades legislativas da população hispana-romana e germânica Visigótica.
A perseguição á comunidade judaica esteve na génese da queda deste Reino, ou como álibi para a invasão da Península por parte dos muçulmanos, que basearam a sua incursão no dever em proteger as outras religiões do Livro em caso de ameaça, judeus e cristãos.
Em 710 a eleição de um novo soberano provocou a guerra entre duas facções, os apoiantes de Rodrigo, que viria a ser o último rei Visigótico e Ágila. De forma a conseguir chegar ao trono Ágila, pede auxílio aos governantes muçulmanos no Norte de África. Utilizando a justificação de necessidade de proteger a comunidade judaica e de auxílio a Ágila, invadem a Península em 711 pondo cobro ao domínio visigótico na região.
References:
BALARD, Michel (et alii); A Idade Média no Ocidente: dos Bárbaros ao Renascimento, D.Quixote, 1994