Glaciações

 Os glaciares experimentam alterações anuais em virtude da varaiação sazonal de temperatura. Pode-se definir um glaciar como sendo o resultado da acumulação de neve e gelo que se tornando uma massa bastante densa, adquire movimento, por ação da gravidade.

No Inverno, as temperaturas são mais baixas, ocorre queda de neve e os glaciares avançam aumentando a sua área. No Verão, os fenómenos de fusão são mais intensos e os glaciares recuam. Além destas modificações de avanço e recuo dos glaciares, ocorrem outras modificações, resultantes de importantes alterações climáticas. São a estas alterações que se dá o nome de glaciação.

Até há pouco tempo pensava-se que o planeta Terra só teria tido quatro grandes glaciações na Era Quaternária no Período Pleistocénico. Tal hipótese baseava-se em estudos realizados em depósitos de glaciares dos Alpes, onde os geólogos registaram a existência de moreias que consideram como provas das glaciações do Perído Pleistocénico. Estas quatro glaciações foram denominadas na Europa por Gunziana, Mindeliana, Rissiana e Wurmiana.

Com o desenvolvimento de novas técnicas foi permitido alterar este ponto de vista. O estudo de sedimentos dos fundos marinhos permitiu identificar uma sucessão de glaciações. Processos paleomagnéticos de datação dos sedimentos permitiram concluir que nos últimos 800 000 anos ocorreram glaciais e interglaciais de 100 000 em 100 000 anos, ou seja, determinados períodos de tempo de clima frio alternando com períodos de tempo de clima temperado. Por processos de datação utilizando isótopos radioativos de oxigénio, foi possível traçar um mapa para a maior extensão de glaciares que ocorreu há 18 000 anos, no Período Pleistocénico. O nível médio do mar devia ter aproximadamente menos 100 metros do que tem atualmente e a temperatura da água seria muito mais baixa . Esses glaciares teriam começado a regredir há cerca de 15 000 anos.

O estudo das áreas que estiveram sob ação glaciária é importante para o estudo do paleoclima e a descoberta dos mecanismos que permitiram as alterações climáticas que originaram as glaciações. Contudo, não existe nenhuma teoria completamente satisfatória pra explicar as glaciações. Embora a história das glaciações pleistocénicas seja bem conhecida e muitos efeitos dessas glaciações estejam reconhecidos, não se relaciona completamente uma mudança de clima a uma glaciação.

O primeiro cientista a estabelecer uma relação entre uma glaciação e uma mudança de clima foi o jugoslavo Milutin Milankovitch, o qual admitiu que as variações da taxa de radiação solar são os principais fatores que controlam o clima na Terra. Milutin Milankovitch baseou-se, para afirmar a sua teoria, nas variações da excentricidade da órbita da Terra à volta do Sol, nas mudanças da obliquidade que o eixo da Terra faz com o plano da órbita e na oscilação do eixo da Terra. Com base nestes conhecimentos, este cientista calculou a variação da energia solar incidindo sobre a Terra e relacionou-a com flutuações climáticas do Período Pleistocénico. Este teoria foi aceite durante muitos anos, acabando por ser rejeitada. Recentes investigações voltaram a lhe dar crédito. Sedimentos marinhos que contêm microrganismos sensíveis ao clima foram estudados e pode estabelecer-se uma cronologia das mudanças de temperatura até há meio milhão de anos. Esta escala de mudanças climáticas foi comparada com os cálculos da excentricidade, obliquidade e precessão (oscilação do eixo da Terra) e permitiu concluir a correlação existente.

Os seguintes fatores são considerados como condicionantes para que as glaciações ocorram: ocupação das regiões polares pelos continentes; precipitação acentuada; temperaturas suficientemente baixas para que a neve precipitada no Inverno ultrapasse o volume da que funde no Verão.

Em Portugal, na Serra da Estrela, são ainda evidentes traços da morfologia glaciária Wurmiana. Os circos glaciários são bastante nítidos, as lagoas de origem glaciária como a lagoa Escura, a lagoa Comprida, formações moreicas nas Penhas Douradas, vales em U no curso superior do rio Zêzere, blocos erráticos, como o que é conhecido pelo Poio do Judeu, a toponímia local com nomes como Covões, Covão do Urso, atestam a existência, no passado de glaciares naquela região. No Norte de Portugal, a presença de vestígios de glaciações contemporâneas dos glaciares da Serra da Estrela encontra-se em depósitos moreicos e formas de relevo, nas Serras da Peneda do Gerês e da Serra da Cabreira

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