As espécies pertencentes ao grupo dos Stramenopila (também designados por Heterokontophyta) incluem organismos de dimensões diversas, desde algas gigantes como as laminárias, a algas microscópicas como as diatomáceas. Estão incluídos neste grupo as algas castanhas, diversos flagelados heterotróficos ou os oomicotas (protistas semelhantes a fungos). Alguns organismos como as algas castanhas, formam populações com muitos indivíduos (as florestas de kelp) que podem chegar a atingir grandes dimensões.
Todos os Stramenopila partilham sinapomorfias, como pêlos tubulares tripartidos nos flagelos em alguma fase do seu ciclo de vida. Esta característica dá o nome a este grupo cuja designação deriva do latim (stamen + pilus).
Os Stramenopila colonizam uma grande diversidade de habitats, como cursos de água doce ou salgada. Algas unicelulares como as diatomáceas, por exemplo, constituem formas planctónicas, mas podem também surgir em ambientes gelados como a neve ou em glaciares. Ocorrem até mesmo nas nuvens, ao nível da atmosfera. Já os Stramenopila heterotróficos colonizam ambientes marinhos, estuarinos e de água doce. Alguns vivem até em simbiose com algas.
Formas preservadas no registo fóssil
Alguns grupos de Stramenopila produzem estruturas externas rígidas que os revestem e protegem, como escamas silicosas ou mesmo conchas e formações em quisto. Alguns dos fósseis mais antigos datam da transição Câmbrico/Pré-Câmbrico, ocorrida há cerca de 550 milhões de anos atrás.
Diatomáceas
As diatomáceas, algas microscópicas compostas por um revestimento de sílica, são organismos-chave nos ecossistemas marinhos. São extremamente importantes para o ciclo biogeoquímico da sílica e contribuem para a redução da poluição atmosférica devido ao seu papel na fixação do carbono ao nível dos cursos de água. Quando estes organismos morrem, a sílica de que eram compostos deposita-se nos fundos marinhos, formando depósitos deste mineral que se vão sobrepondo e que servem para a identificação das camadas estratigráficas que se têm formado ao longo dos diversos períodos geológicos.
Formas fotossintéticas
Os Stramenopila fotossintéticos constituem a base de diversas cadeias alimentares. São responsáveis por cerca de metade da produção primária dos oceanos e por uma larga fatia da produção primária global. As algas castanhas são a base das cadeias alimentares dos habitats costeiros, especialmente em ecossistemas temperados.
Características gerais dos Stramenopila
As células destes organismos possuem uma membrana plasmática a envolvê-las. Podem ter um suporte constituído por sílica ou carbonato de cálcio. Outros organismos podem formar conchas proteicas ou escamas.
Possuem dois flagelos com pêlos tripartidos em alguma das fases do seu ciclo de vida. Nalguns casos, apenas as células reprodutoras desenvolvem flagelos, não possuindo células móveis em mais nenhuma outra etapa do ciclo de vida.
As mitocôndrias são constituídas por cristas tubulares e o núcleo é vesicular. A divisão nuclear ocorre por ortomitose aberta sem presença de centríolos.
A reprodução assexuada ocorre por um processo de fissão binária, enquanto a reprodução sexuada é gamética. Os gâmetas femininos e masculinos são morfologicamente idênticos (são isogâmicos).
As espécies fotossintéticas possuem clorofila a, c1 e c2 e os tilacóides organizam-se em pilhas de três. Os cloroplastos possuem quatro membranas a envolvê-los, sendo que, a membrana mais externa se prolonga de forma a envolver também o núcleo. As xantofilas amarelas e castanhas são os pigmentos responsáveis pelo tom verde acastanhado das algas pertencentes a este grupo. As reservas energéticas das células são armazenadas sob a forma de polissacarídeos em estado líquido (frequentemente, a laminarina é a substância de reserva) ou de óleos.
References:
- Brusca, Richard C. and Brusca, Gary J. (2002). Invertebrates. Sinauer Associates, 2ª Edição.
