A célula procariota é o tipo de célula que as bactérias e as Archaea (organismos semelhantes a bactérias mas distintos do ponto de vista genético e bioquímico) possuem. Na verdade, as bactérias são apenas uma célula porque são organismos unicelulares.
Porque é que as células das bactérias se chamam procariotas?
Designa-se por ‘procariota’ uma célula que não contém o material genético – o Ácido desoxirribonucleico (ADN) – envolvido por uma membrana ou invólucro nuclear, logo, não é considerado um verdadeiro núcleo, como na célula eucariota. Por esta razão, esta região designa-se por ‘nucleóide’ e não ‘núcleo’, na célula procariota.
Há células procariotas e células eucariotas?
A célula eucariota é o tipo de célula que possuem todos os outros organismos que não são bactérias e archaeas, como os fungos, as algas, as plantas ou os animais (mas não é este facto que dá o nome à célula eucariota, mas sim, o facto de possuir um verdadeiro núcleo, como referido).
Eucariota vem do grego e significa mesmo isso, ‘verdadeiro núcleo’, enquanto procariota significa ‘antes do núcleo’.
Sim, antes… porque as bactérias, os tais organismos que possuem uma célula procariota, são anteriores aos organismos com células eucariotas, na escala evolutiva. Aliás, os primeiros organismos de que há registo são umas estruturas sedimentares orgânicas designadas por ‘estromatólitos’. Estas estruturas são formadas por camadas sobrepostas de bactérias e sedimentos, e foram as próprias bactérias que agregaram esses sedimentos formando estruturas grandes, semelhantes a rochas. Os estromatólitos mais antigos datam de há cerca de 3500 milhões de anos, data da origem da vida no planeta Terra.
Características específicas da célula procariota
Para além disso, a célula procariota possui dimensões pequenas e pode apresentar uma diversidade de formas, dependendo do organismo.
Possui uma parede celular que, nas bactérias Gram-positivo, é constituída por peptidoglicano (molécula de açúcar), é espessa e exibe uma estrutura não estratificada (o peptidoglicano nunca ocorre na parede das archaea). Nas bactérias Gram-negativo a parede é mais complexa e estratificada, com uma camada de peptidoglicano e outra de lipopolissacarídeos (LPS), proteínas e fosfolípidos. O teste de Gram é uma técnica em que se cora a parede celular e permite identificar o grupo de bactérias em estudo. Conforme a cor que adquire a parede da célula, umas bactérias são Gram-positivo e outras Gram-negativo.
As células procariotas não possuem regiões com funções específicas, envoltas por membranas, os organelos, como as células eucariotas. Os seus componentes encontram-se dispersos no citoplasma (meio líquido da célula). Os procariotas possuem os seus ribossomas específicos (maquinaria de síntese de proteínas da célula), diversos dos que ocorrem nas células eucariotas.
Conforme as espécies, podem ocorrer outras estruturas como, apêndices locomotores (flagelos), estruturas que permitem a adesão a superfícies (fímbrias), inclusões citoplasmáticas, estruturas membranosas citoplasmáticas, vesículas gasosas e endósporos. Os endósporos são estruturas resistentes a condições ambientais desfavoráveis, com a capacidade de permanecer por longos períodos de tempo em estado de vida latente. Estes esporos apenas germinam quando as condições do meio ambiente são benignas.
Há bactérias que, para além da parede celular, possuem ainda uma cápsula exterior a recobri-las. Estas cápsulas, geralmente compostas por polissacarídeos ou complexos glicoproteicos, protegem a célula e conferem maior capacidade de virulência, já que, protegem a bactéria dos agentes defensivos do organismo hospedeiro, como os glóbulos brancos.
Reprodução na célula procariota
A maioria dos procariotas reproduz-se assexuadamente, por fissão binária (uma célula origina duas, por divisão). Neste tipo de reprodução, as células-filhas são clones da célula-mãe, já que, são células exactamente iguais à que lhes deu origem. O material genético é idêntico e só passará a exibir alguma diferença caso ocorra alguma mutação genética.
Em alguns organismos procariotas podem ocorrer outros tipos de reprodução assexuada como a gemulação (formação de protuberâncias ou gemas que se desprendem do organismo progenitor e dão origem a um novo indivíduo), a fragmentação do filamento, a produção de esporos dentro de um esporângio ou a fissão múltipla.
Referências bibliográficas
Azevedo, Carlos. (2005). Biologia Celular e Molecular. 4ª Edição. Lidel.