Conceito de necrose
O termo necrose diz respeito à morte celular não apoptótica, ou seja, não programada.
Ciclo e morte celular
Durante o seu ciclo de vida, a célula passa por diversas alterações estruturais e morfológicas. Estas alterações são conhecidas, estão caraterizadas e dividias em fases: interfase (constituída por fase G1, fase S e fase G2) e fase M (constituída por mitose e citocinese). As células passam por todo o ciclo celular, realizam a sua função num determinado tecido/órgão e, por fim, têm que morrer e ser eliminadas para evitar uma acumulação de erros e a passagem desses erros para células descendentes. A célula pode recorrer a diversos processos de morte: apoptose, necrose, oncose e autofagia.
Características da necrose
Tal como referido acima, ao contrário da apoptose, a necrose não é um evento programado pela célula. Uma célula passa por este evento quando é alvo de stress, perturbações no seu meio ambiente, lesões físicas.
Uma célula em necrose apresenta alterações morfológicas drásticas, que são passiveis de ser visualizadas através de um microscópio ótico. Este tipo de morte celular é caracterizado por alterações irreversíveis no núcleo e no citoplasma (figura 1):
- intumescimento da célula;
- lesões nos organelos citoplasmáticos;
- condensação (picnose) e degradação (cariolise) completa da cromatina pela ação de endonucleases;
- fragmentação do núcleo e distribuição irregular da cromatina por todo o citosol (cariorrexis);
- rápido desequilíbrio homeostático;
- perda de estrutura;
- fragmentação e lise da membrana plasmática;
- libertação do conteúdo celular para o meio extracelular;
- inflamação do meio e das células vizinhas.
Os detritos da célula remanescentes no meio extracelular são fagocitados pelas células do sistema imunitário.
Estudo de células em necrose
A perda da integridade estrutural é a marca distintiva da morte celular por necrose. Esta perda de integridade estrutural tem características bioquímicas específicas: libertação de enzimas citosólicas, como a lactato desidrogenase, e a ‘absorção’ de corantes, como o azul de tripano e iodeto de propídeo. Por absorverem estes corantes, é possível observar as células em necrose com o auxílio do microscópio ótico.
References:
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