Megaherbívoros

Conceito de Megaherbívoros: O termo megaherbívoro terá sido aplicado pela primeira vez em 1987, por Norman Owen-Smith, para distinguir os grandes…

Conceito de Megaherbívoros

O termo megaherbívoro terá sido aplicado pela primeira vez em 1987, por Norman Owen-Smith, para distinguir os grandes mamíferos herbívoros, com massa corporal superior a 1000 kg, de todas as espécies de ungulados mais pequenos. No entanto, tal definição nem sempre é consensual, havendo quem considere megaherbívoros os herbívoros com mais de 44 kg, e quem os defina como espécies que, no estado adulto, não são afectados por predadores, nos seus ecossistemas. Mais recentemente foi argumentado que o conceito de megaherbívoro deve ser redefinido de acordo com o papel ecológico e não apenas com o tamanho do animal.

Os megaherbívoros têm um maior impacto na vegetação, pois espécies maiores têm capacidade de consumir uma maior proporção de biomassa vegetal. Para além disso, são mais generalistas no uso do habitat e percorrem grandes áreas e são praticamente invulneráveis a predadores, permitindo às populações de megaherbívoros atingir densidades que se traduzem numa forte interação com a vegetação. Como exemplos de megaherbívoros temos as várias espécies de elefantes, rinocerontes, hipopótamos, girafas e bisontes, o gauros, o iaque e o búfalo-aquático-asiático, em meio terrestre, e o dugongo e manatins, em meio aquático.

Devido ao seu tamanho, os megaherbívoros adultos são praticamente invulneráveis a predadores (com exceção do Homem) e toleram alimentação pouco nutritiva, resistindo à maioria das flutuações ambientais. Por isso, as populações de megaherbívoros tendem a manter-se com densidades relativamente elevadas. Como os seus efeitos são desproporcionados em relação à sua abundância, os megaherbívoros foram considerados espécies-chave por Owen-Smith.

Os megaherbívoros podem ter um papel-chave na composição e diversidade de espécies vegetais dos seus habitats, ao consumirem espécies dominantes e ao alimentarem-se, espezinharem ou danificarem as suas estruturas.  No entanto, apesar de removerem grandes quantidades de biomassa vegetal, é possível que a sua alimentação facilite o aparecimento de novos rebentos de ervas e arbustos em elevadas quantidades, promovendo o crescimento de espécies mais pequenas e selectivas, e aumentando a produtividade primária. E para além de alterarem directamente a fisiologia, estrutura e crescimento de plantas individuais, os megaherbívoros alteram as comunidades de plantas de várias formas, diminuindo a densidade da vegetação e abrindo espaços abertos, facilitando a coexistência de espécies, dispersando sementes, suprimindo espécies sensíveis, prevenindo a acumulação de tecido vegetal seco pirófilo, e acelerando os ciclos de nutrientes com a sua urina e fezes. Deste modo, os megaherbívoros promovem a heterogeneidade espacial da vegetação e conduzem à evolução de mecanismos de defesa por parte das plantas ou de insetos simbiontes. Em suma, tudo isto tem consequências no microclima, sucessão vegetal, erosão e propensão à invasão por espécies invasoras.

Os megaherbívoros agem também como engenheiros de sistemas, com grande impacto não-trófico no ecossistema, ao modificarem o solo e os sedimentos, ao partiram ramos e árvores e ao fragmentarem a vegetação. Exemplos desses impactos são os efeitos em cascata gerados pela extinção ou diminuição de megaherbívoros na comunidade de vegetação pirófila, com consequente aumento da frequência de fogos. Um outro exemplo é a abertura de florestas densamente arborizadas pelos megaherbívoros, o que permite a pequenos ungulados entrar e alimentar-se. Se as populações de megaherbívores diminuírem, a vegetação torna-se mais fechada e os herbívoros mais pequenos ficam sem zonas abertas nas quais se possam alimentar, o que traduz a relação entre o sucesso destes e a presença de megaherbívoros que reestruturem o habitat.

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References:

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  • Waldram, M.S. et al. (2008) Ecological Engineering by a Mega-Grazer: White Rhino Impacts on a South African Savanna. Ecosystems 11, 101–112
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