Práticas parentais

As práticas parentais dizem respeito à forma como os pais educam os seus filhos, tendo em conta o comportamento observável.

Práticas parentais

As práticas parentais dizem respeito à forma como os pais educam os seus filhos, tendo em conta o comportamento observável. Estas práticas podem ser desde as mais autoritárias até às mais democráticas, dependendo de algumas variáveis.

As práticas parentais, que podem ser conceituadas como práticas educativas, cuidados, cuidados parentais, entre outras, não são mais do que as formas estratégicas que os pais utilizam para prestar cuidados às necessidades dos seus filhos, com o intuito de promover o seu desenvolvimento (Macarini, Martins, Minetto, & Vieira, 2010).

Segundo Montandon (2005), na atualidade, estas práticas são cada vez mais pautadas por variados conflitos entre pais e filhos, traduzidos em atos de violência que prejudicam a relação entre as duas partes, principalmente pelo facto de abalarem a autoridade parental e provocarem consequências negativas ao nível escolar dos filhos, tais como o baixo rendimento.

Estas práticas ou estratégias que os pais utilizam para cuidar dos seus filhos, são baseadas e influenciadas pelas suas crenças, valores, normas, e objetivos enquanto educadores, que, em conjunto, definem o comportamento parental assumido perante um filho/educando (Macarini, Martins, Minetto, & Vieira, 2010).

Existem diferentes tipos de práticas parentais, sendo que autores como Baumrind (1966, cit in Macarini, Martins, Minetto, & Vieira, 2010; Montandon, 2005) identifica três: autoritário, permissivo e autoritativo. O tipo autoritário diz respeito às práticas que assentam nos princípios da imposição de regras, pelo que exerce mais controlo sobre a criança e presta pouco apoio, o permissivo, pelo contrário, faz pouco controlo, poucas exigências e presta um forte apoio, e por fim, o autoritativo junta um pouco de cada um dos anteriores, pelo que controla e ao mesmo tempo apoia, impondo algumas regras mas incentivando sempre o princípio da autonomia (Macarini, Martins, Minetto, & Vieira, 2010).

De referir uma forma pormenorizada de explicar o estilo autoritativo, que, segundo a teoria de Montandon (2005) demonstra que, habitualmente, impera a negociação, no entanto, não se abandona, totalmente a autoridade, ou seja, determinadas situações não são discutíveis, pelo que umas são negociáveis mas outras não o são.

Verifica-se ainda a existência de um estilo totalmente negligente que diz respeito às práticas asseadas na indiferença, cujos pais não exercem qualquer tipo de envolvimento junto dos seus filhos (Macarini, Martins, Minetto, & Vieira, 2010; Montandon, 2005).

De acordo com a revisão da literatura levada a cabo por Macarini, Martins, Minetto e Vieira (2010) encontramos ainda outros tipos de práticas parentais definidas como indutivas, quando os pais promovem nos filhos a consciência e a necessidade de reflexão em relação aos seus atos, e as coercitivas cujos pais disciplinam constantemente através de força, punição física e castigos.

Em relação a todas estas diferenças verificadas nas práticas parentais Montandon (2005) numa busca pela compreensão das mesmas, procurou explicar em que medida é que estas diferenças se construíram, pelo que, ao longo do tempo, assistiu à mudança das práticas parentais autoritárias e controladoras já referidas, para outras assentes na negociação e na capacidade de diálogo entre pais e filhos.

Cada uma destas práticas parentais, apesar das mudanças observadas, provém das bases com que os próprios pais foram educados, ou seja, dos valores e crenças já mencionados anteriormente, que acompanham o indivíduo ao longo da vida e que se traduzem no comportamento adotado por cada um (Macarini, Martins, Minetto, & Vieira, 2010).

No entanto, de acordo com os trabalhos de Montandon (2005) para além dos valores e crenças dos pais, outros motivos são encontrados na literatura que explicam as práticas parentais, principalmente no que diz respeito à tendência cada vez maior para mudar as práticas autoritárias para práticas mais democráticas. Referimo-nos às mudanças acerca do dia a dia das famílias, provocadas pela emancipação da mulher, as melhorias conseguidas ao nível da educação e a promoção da igualdade entre os sexos, dentro do casamento (Montandon, 2005). Por outro lado, em situações de divórcio, é comum haver consequências negativas quanto a estas práticas (Montandon, 2005).

 No entanto, ainda se verificam algumas diferenças no que concerne ao sexo, uma vez que, ainda hoje, se assiste a mais restrições em relação às raparigas e mais permissões em relação aos rapazes (Montandon, 2005).

Partindo de todos estes pressupostos, facilmente se pode compreender a passagem de um estilo de práticas parentais assente no comando, ou seja, no controlo, para um estilo assente na negociação, ou seja, na reflexão e no diálogo (Montandon, 2005).

Conclusão

As práticas parentais podem assumir diferentes formas, no entanto, demonstram a tendência passada para estilos mais autoritários e controladores, que, com o passar do tempo, foi dando lugar a estilos mais democráticos, assentes na reflexão e na negociação,

No que concerne à forma como cada uma delas, relaciona-se com os valores e crenças aprendidos pelos pais ao longo da vida, bem como com as mudanças ao nível da qualidade de vida, que se refletem nos cuidados e comportamentos adotados para com os filhos.

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References:

  • Macarini, Samira Mafioletti, Martins, Gabriela Dal Forno, Minetto, Maria de Fátima J., & Vieira, Mauro Luis. (2010). Práticas parentais: uma revisão da literatura brasileira. Arquivos Brasileiros de Psicologia, 62(1), 119-134. Recuperado em 11 de outubro de 2016 de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-52672010000100013;
  • Montandon, Cléopatre. (2005). AS PRÁTICAS EDUCATIVAS PARENTAIS E A EXPERIÊNCIA DAS CRIANÇAS. Educação e Sociedade, 2005, Campinas, vol.26, n.91, p.485-507, maio/ago. disponível em http://www.cedes.unicamp.br.
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