A perturbação explosiva intermitente associa-se a comportamentos de agressividade extrema de forma descontrolada e despropositada. O indivíduo entende o despoletar das crises como surtos ou ataques internos dos quais ele se defende de forma extremamente violenta.
Estudos levados a cabo por Barreto, Zanin e Domingos (2009) descrevem a perturbação explosiva intermitente como uma perturbação do humor ou perturbação de pensamento cujo tratamento passa pela prescrição farmacológica e pela avaliação neurológica.
Pacientes com este tipo de perturbação têm dificuldade em controlar os seus impulsos e tendem a adotar comportamentos que os levam a ferir-se a si mesmos ou a terceiros (Barreto, Zanin, & Domingos, 2009). As autoras indicam que, associadas a este tipo de perturbação, existem outros tipos como a Piromania, o Jogo Patológico, a Cleptomania, a Tricotilomania e a Perturbação do Controlo dos Impulsos sem outra Especificação (Barreto, Zanin, & Domingos, 2009).
Segundo a descrição do DSM-IV verifica-se ainda que existem outros tipos de perturbações associados tais como traços narcisistas, paranoides, esquizoides ou quando o indivíduo é exposto a situações de stresse.
No entanto, com base também no DSM-IV, é importante indicar que, para podermos fazer uma avaliação e diagnóstico que nos indique que estamos perante uma perturbação explosiva intermitente, devemos ter a certeza que não se trata de outros tipos de perturbações. Neste sentido falamos de transtornos cujos sintomas podem ser similares, como a perturbação de personalidade anti-social, a perturbação de personalidade borderline, a perturbação da conduta ou até mesmo a perturbação de défice de atenção com hiperatividade.
Alguns dos maiores problemas associados ao impulso são a excitação e a tensão que aumentam aquando do mesmo, o que faz com que o indivíduo se sinta aliviado ou sinta gratificação quando consegue satisfazer a sua raiva, embora, após o acontecimento, o mesmo tenha sentimentos de remorso e culpa (Caballo, 2003, cit in Barreto, Zanin, & Domingos, 2009).
Segundo a APA (2002, cit in Barreto, Zanin e Domingos, 2009) a maior característica da perturbação explosiva intermitente é o facto de a mesma acontecer em situações circunscritas, nas quais, o despoletar do impulso agressivo acontece perante um estímulo que não é proporcional à agressividade que o indivíduo expressa (Barreto, Zanin, & Domingos, 2009).
Quando se fala em episódios agressivos de gravidade extrema, são referentes a espancamentos, ameaças violentas ou ferimentos para com a pessoa ou para consigo mesmo, em situações diversas como por exemplo, a suspensão escolar, o divórcio, a perda de emprego, acidentes, etc (Barreto, Zanin, & Domingos, 2009).
É ainda de referir que, de acordo com os trabalhos de Barreto, Zanin e Domingos (2009) se o indivíduo ingerir bebidas alcoólicas, mesmo que em poucas quantidades, a situação agrava-se exponencialmente. Contudo, devemos fazer a ressalva de que outros tipos de consumo não se aplicam ao despoletar da crise, como é o caso do abuso de drogas. Pelo contrário, o indivíduo descreve o episódio em que a crise é despoletada como um surto ou ataque de faz com que o comportamento adote reações explosivas como o próprio nome da perturbação indica.
Sensações de desconforto, tensão muscular ou qualquer outro estímulo aversivo, podem ser entendidos pela pessoa como fatores suficientemente fortes para despoletar a resposta negativa violenta, o que dá uma conotação claramente interna aos fatores que provocam os episódios (Barreto, Zanin, & Domingos, 2009).
Conclusão
A perturbação explosiva intermitente acontece em situações provocadas, essencialmente, pela exposição ao stresse, no entanto, por fatores internos tais como mal estar físico geral, como por exemplo, uma tensão muscular intensa. O que difere este tipo de perturbação de uma reação normal ao stresse é o facto de o comportamento agressivo e explosivo ser totalmente desproporcional ao fator que o provocou, no entanto, levar à agressividade extrema. Em termos de fatores externos, os estudos não indicam existir direta entre esses fatores e o despoletar de uma crise, embora assumam que o álcool pode influenciar o aumento da crise.
References:
- Barreto, Tania Maria da Cunha, Zanin, Carla Rodrigues, & Domingos, Neide Aparecida Micelli. (2009). Intervenção cognitivo-comportamental em transtorno explosivo intermitente: relato de caso. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, 5(1), 62-76. Recuperado em 15 de novembro de 2017 de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-56872009000100006;
- http://www.psiqweb.med.br/site/DefaultLimpo.aspx?area=ES/VerClassificacoes&idZClassificacoes=116