A perturbação do desenvolvimento diz respeito às limitações cognitivas e/ou físicas diagnosticadas durante a infância. Uma vez feito o diagnóstico leva a reestruturação de todo o quotidiano tanto da criança como dos pais e/ou cuidadores.
A perturbação do desenvolvimento infantil é diagnosticada de acordo com várias dimensões sendo elas a biológica, a desenvolvimental, a emocional, a comportamental e a social (Matos, 2009)
Segundo os trabalhos de Franco (2009) o foco da perturbação do desenvolvimento é multidirecional uma vez que a família tem uma importância significativa neste cenário, já que ela mesma também tem de se desenvolver para adaptar à situação da criança.
A criança com perturbação do desenvolvimento exige muita atenção sobre ela pelo que a família está sempre direcionada para a mesma porque é, na maioria das vezes, meio de promoção e desenvolvimento que esta criança tem para evoluir (Franco, 2009).
Para compreender este processo é necessário começar pelo facto de que esta criança, por ser portadora de uma perturbação de desenvolvimento, traz na sua bagagem uma condição que não pediu e que todos terão de aprender a viver com (Franco, 2009).
Matos (2009) considera dentro desta bagagem limitações do foro cognitivo, genético e emocional, que desencadeiam nos cuidadores, a tendência para que se construa uma rede de proteção familiar e social, junto desta criança.
A perturbação de desenvolvimento acarreta vários fatores quer para a criança quer para os pais tais como:
- Características pessoais dos pais;
- Personalidade e capacidade de coping;
- Natureza da perturbação de desenvolvimento da criança, seja ela física ou cognitiva;
- Funcionamento pessoal da criança;
- Família mais próxima ou mais distante.
(Franco, 2009).
Segundo Matos (2009) é importante compreender que a forma como o indivíduo e a família se adaptam a esta realidade também é definida pelo tipo de perturbação de desenvolvimento. Ela pode ser cognitiva, quando diz respeito a deficiência mental ou atraso mental, ou quando diz respeito a outros tipos de desenvolvimento que se podem relacionar com a linguagem ou ainda perturbações de aprendizagem como dislexias, disgrafias, discalculias ou disortografias (Matos, 2009).
Para Franco (2009) a criança que nasce com uma perturbação de desenvolvimento passa por duas fases diferentes antes e depois de ser diagnosticada, pelo que se começa a criar um vínculo entre ela e os pais, quando ainda não há conhecimento acerca da sua limitação. Mais tarde, na fase em que a mesma é descoberta, é necessário readaptar toda a estrutura familiar que vai mexer com todo o processo de desenvolvimento quer da criança quer da família, e, por consequência, também vai levar à necessidade de readaptação da ligação existente entre as duas partes (Franco, 2009).
Este processo acontece porque após o diagnóstico, a estrutura familiar que se tinha imaginado e esperado não vai ser a mesma, porque vai ser necessário mais esforço para superar dificuldades, necessidades e exigências (Franco, 2009).
De acordo com os estudos de Franco (2009) um elemento que pode contribuir bastante para a adaptação a uma perturbação de desenvolvimento diagnosticada é a rede de amigos que a família tem à disposição para prestar o suporte necessário para minimizar o cansaço, esforçou isolamento que a situação poderá exigir.
Em alguns estudos verifica-se que algumas perturbações do desenvolvimento levam ao desenvolvimento de outras do foro emocional e comportamental (Matos, 2009).
Conclusão
As perturbações de desenvolvimento podem ser do foro físico, cognitivo ou até mesmo comportamental, e todas elas levam a uma reestruturação da organização familiar. É necessário que tanto a criança como a família se readaptem a nova condição, uma vez feito o diagnóstico, sendo que é fundamental ter em conta algumas características individuais como a personalidade, a capacidade de coping e o funcionamento individual em geral.
Em qualquer caso em que haja um diagnóstico de perturbação do desenvolvimento, é importante que haja uma correta orientação e um correto acompanhamento de caso para que se possa minimizar os prejuízos consequentes do quadro clínico.
References:
- Franco, V. (2009). A adaptação das famílias de crianças com perturbações graves do desenvolvimento-contribuição para um modelo conceptual. Infad – International Revue of Developmental and Educational Psychology, XXI, 2;
- Matos, P.P. (2009). Perturbações do desenvolvimento infantil – conceitos gerais. Revista Portuguesa de Clínica Geral, 2009, 25: 669-76. Recuperado em 8 de agosto de 2018 de http://rpmgf.pt/ojs/index.php/rpmgf/article/view/10693/10429.