A Perturbação da Linguagem Expressiva diz respeito à dificuldade do indivíduo para se comunicar e partilhar informação. Ela está, habitualmente, associada a diferentes outras perturbações e compromete vários aspetos da vida do indivíduo nos seus diferentes contextos.
Dias e Andrade (2015) referem-se à linguagem como um sistema partilhado entre as sociedades, forma mais comum através da qual o homem exerce a comunicação.
No entanto, em algumas situações, o indivíduo sofre lacunas que comprometem a sua capacidade de se comunicar, as quais estão ligadas a diferentes perturbações que podem ser provocadas por doenças ou até mesmo, ter origem genética (Dias, & Andrade, 2015).
Segundo as investigações de Maya e Lima (2016) a perturbação da linguagem expressiva (PLE) é responsável pelo desencadear de diferentes tipos de doenças. Ela leva, invariavelmente, a grandes dificuldades de comunicação, especialmente na fase de desenvolvimento infantil, o que, consequentemente, traz problemas de interação perante atividades e diferentes tipos de interesse (American Psychiatric Association, 2013, cit in Maya, & Lima, 2016).
“Segundo o Manual de Diagnostico e Estatística das Perturbações Mentais, a perturbação da linguagem manifesta-se no período inicial do desenvolvimento da criança e as suas habilidades linguísticas são substancial e quantificavelmente abaixo do esperado para a sua idade” (Dias, & Andrade, 2015, p. 377-378).
Podemos observar problemas do foro da PLE, por exemplo, em crianças com síndrome do Espectro Autista, perturbação do desenvolvimento da coordenação e da comunicação social (Dias, & Andrade, 2015; Maya, & Lima, 2016).
Algumas das principais características das PLE são o vocabulário reduzido, a pobre capacidade para a construção frásica, a dificuldade no discurso, entre outras (Dias, & Andrade, 2015).
Deste modo, as autoras sublinham a importância de criar e utilizar diferentes tipos de estímulos que podem promover o desbloqueio do acesso à linguagem expressiva, embora, em certas situações, as dificuldades de comunicação possam permanecer pelo resto da vida (Maya, & Lima, 2016).
Alguns desses estímulos, nas gerações mais atuais, podem ser os dispositivos mais utilizados, tais como tablets, iPad que permitem ser transportados de um sitio para o outro, com bastante informação armazenada no mínimo espaço possível e de forma tátil (Maya, & Lima, 2016).
Devido a esta facilidade de manuseamento, crianças com PLE encontram uma oportunidade de desenvolvimento apesar das suas limitações, principalmente, porque a maioria deste tipo de estimulo é, essencialmente, visual (Maya, & Lima, 2016).
No entanto, é importante ressalvar que estes estímulos não permitem desenvolver a capacidade de desenvolvimento da linguagem oral (Maya, & Lima, 2016). Isto significa que, apesar das vantagens, os dispositivos tecnológicos mantêm a mesma lacuna no que concerne à capacidade expressiva da linguagem, ou seja, à capacidade de comunicar a nível interpessoal (Maya, & Lima, 2016).
Devido a esta lacuna, a autoras mencionam que é necessário investir no desenvolvimento destes dispositivos tecnológicos com vista a que os mesmos permitam preencher a lacuna em questão (Maya, & Lima, 2016).
Maya e Lima (2016) insistem na necessidade de criar dispositivos que estimulem as crianças a mesmo tempo que promovam as suas capacidades para saltar do visor para o mundo real, levando-as a serem capazes de interagir em grupo.
Quando se fala na interação em grupo de indivíduos com PLE, fala-se na necessidade e o fazer em diferentes contextos como em casa, na escola e na sociedade, ou seja, com diferentes tipos de pessoas (Maya, & Lima, 2016).
A propósito do contexto familiar, Dias e Andrade (2015) assumem a importância do mesmo para o desenvolvimento da linguagem da criança, uma vez que é, frequentemente, devido a problemas de funcionamento do deste que se pode desenvolver uma PLE.
Para tal, torna-se imperativo o treino da utilização de aplicações para o efeito, associada à comunicação interpessoal (Maya, & Lima, 2016).
Conclusão
A PLE pode advir de diferentes situações sejam elas do foro genético, do desenvolvimento ou até mesmo de origem genética. Ela leva à dificuldade de comunicar uma vez que a linguagem é o principal meio para o fazer. Por esse motivo, alguns autores defendem a vantagem dos dispositivos tecnológicos para estimular o seu desenvolvimento, no entanto, ressalvam que é importante investir no desenvolvimento dos mesmos uma vez que a sua maior lacuna é o facto de ainda não serem capazes de levar o indivíduo a comunicar de forma interpessoal.
References:
- Dias, M.R., & Andrade, J.C. (2015). A Cartola Mágica: Um instrumento de intervenção em perturbações da linguagem. The Magic Hat: A tool intervention on language disorders. El sombrero de copa mágico: Una herramienta para la intervención en transtornos del linguaje. [em linha] Distúrb Comum, São Paulo, 27(2): 375-383, junho 2015. Recuperado em 18 de setembro de 2017 de http://comum.rcaap.pt/handle/10400.26/14723;
- Maya, C.F., & Lima, C.B. (2016). A UTILIZAÇÃO DE APLICAÇÕES EM IPAD PARA O DESENVOLVIMENTO DA COMUNICAÇÃO E DA LINGUAGEM EM CRIANÇAS COM AUTISMO. [em linha] Revista de Psicologia da Criança e do Adolescente, 7:1-2. Recuperado em 18 de setembro de 2017 de http://revistas.lis.ulusiada.pt/index.php/rpca/article/view/2417/2576.