Importância de Brincar

Esta revisão da literatura pretende compreender o Brincar como parte do desenvolvimento saudável da criança, principalmente, nos primeiros anos de vida…

Esta revisão da literatura pretende compreender o Brincar como parte do desenvolvimento saudável da criança, principalmente, nos primeiros anos de vida. Queremos perceber em que consiste a arte de Brincar, quem são as crianças e saber o que dizem alguns dos pais da Psicologia Educacional, como Piaget e Vygotsky.

A importância de Brincar

De acordo com Gusso e Schuartz (s.d.) “Brincar” desenvolve competências individuais, sociais, cognitivas e físicas porque é uma forma de comunicar com os outros, que a criança tem.

 Criança

A criança é um ser em desenvolvimento que se molda dentro de um contexto social, histórico, económico, político e religioso onde ela interage activamente e é influenciada pela positiva e pela negativa, interferindo no seu crescimento (Gusso, & Schuartz, s.d.).

“As crianças aprendem com as relações, essas imbuídas de valores, crenças, as quais caracterizam seu meio, gerando modificações de comportamento. A experiência com o outro de alguma forma influencia diretamente a vida da criança” (Gusso, & Schuartz, s.d., p. 3).

 Brincar

Brincar é muito importante na infância e deve ter a participação da família, contudo, devido à actividade laboral, nem sempre isso é possível, ficando a tarefa à responsabilidade de profissionais em instituições próprias, devidamente qualificados para o fazer com a criança, promovendo o seu bem-estar (Gusso, & Schuartz, s.d.).

É sabido pela psicologia e pela educação, que a criança aprende mais eficazmente se associar o prazer e o afecto na arte da aprendizagem, e que, para tal, é importante realizar o trabalho pedagógico de uma forma lúdica e afectuosa (Gusso, & Schuartz, s.d.).

Indo ao encontro desta necessidade de um ambiente acolhedor, Fox (s.d.) defende que as crianças se desenvolvem em contextos que lhes permitam explorar e satisfazer as suas curiosidades através de brincadeiras que estimulem as aptidões cognitivas e sócio-emocionais.

O que é brincar?

  • Imitar um animal
  • Imitar alguém nas tarefas domésticas
  • Fazer construções
  • Jogar um jogo

(Fox, s.d.).

Os professores sabem que uma das formas mais eficazes de conhecerem os seus alunos e a forma como interagem, é observar as suas brincadeiras e participar das mesmas, no sentido de estimular a aprendizagem (Fox, s.d.). É preciso compreender que Brincar é uma actividade que engloba várias outras atividades seja individualmente ou em grupo e relaciona-se com as competências cognitivas, sócio-emocionais e de desenvolvimento das crianças (Fox.s.d.).

  As abordagens de Piaget e de Vygotsky

Nicolopoulou (1993), nos seus estudos, refere a importância de alguns autores como Piaget e Vygotsky no que diz respeito à influência do Brincar, para o desenvolvimento das crianças e em que medida estes autores diferem.

Segundo a autora, Piaget, refere que “Brincar” passa por diferentes fases ao longo do crescimento da criança, sendo que, nos primeiros três anos, ela apenas imita aleatoriamente os comportamentos dos familiares, como por exemplo, simular dormir, comer, beber algo; mais tarde, passamos para a substituição da imitação, pela utilização de brinquedos para representar algo, como por exemplo, colocar o boneco preferido a dormir; mais tarde utilizam-se acessórios de substituição como proteger uma boneca com almofadas; por fim, a criança já é capaz d juntar vários objectos que lhe permitam criar uma situação lúdica (Nicolopoulou, 1993).

Por volta dos quatro anos, Piaget defende que há mais noção da realidade, e as brincadeiras tornam-se mais arrojadas, e já aparecem algumas regras nas brincadeiras, no sentido de permitir jogos colectivos em que todos se respeitam entre si (Nicolopoulou, 1993). Estas brincadeiras costumam ter uma duração mais prolongada que vai, normalmente, dos sete aos onze anos de idade (Nicolopoulou, 1993).

Piaget distingue ainda as brincadeiras espontâneas com regras estipuladas no momento de brincadeiras com regras já existentes, que nos permitem perceber, no segundo caso, que a criança já sente a necessidade de estabelecer uma ligação entre o ego e a vida social (Nicolopoulou, 1993).

A autora pretende que compreendamos que Piaget nos explica a evolução cognitiva da criança através do brincar, desde o “brincar sozinho/a” até à capacidade de brincar em conjunto, socializando de acordo com as regras do jogo (Nicolopoulou, 1993).

Quanto a Vygotsky, ao contrário de Piaget, considera que o acto de brincar é sempre uma forma simbólica de socializar (Nicolopoulou, 1993). Habitualmente, há mais do que uma criança a brincar e o ritual de histórias, temas e regras da brincadeira, demonstram a forma como a criança compreende o mundo que a rodeia, contudo, mesmo quando brinca só, segundo o autor, pratica um acto social, uma vez que as mesmas simbologias e regras socioculturais, estão presentes (Nicolopoulou, 1993).

Vygotsky também sustenta que a criança desenvolve o processo e a capacidade de brincar através de representações que lhe são incutidas pelos pais e/ou outros cuidadores, fruto de um determinado contexto que se insere numa cultura (Nicolopoulou, 1993).

Conclusão

Brincar é uma forma simbólica de a criança interagir socialmente, que passa por diferentes fases ao longo dos primeiros anos de vida, influenciada pelos educadores e pelo meio. De acordo com autores como Piaget e Vygotsky, cada uma destas fases tem características próprias como o começar por brincar sem os pares, através da imitação, até ao brincar em conjunto, com regras estipuladas e compreendidas por todo o grupo, que estimula as competências sociais e a capacidade para se conseguir posicionar em relação ao mundo que rodeia a criança.

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References:

  • Fox, J.E. (s.d.). Back-to-Basics: Play in Early Childhood. Earlychildhood NEWS. The Professional Resource for Teachers and Parents. Acedido a 21 d Dezembro de 2015 em http://www.earlychildhoodnews.com/earlychildhood/article_view.aspx?ArticleID=240
  • Gusso, S.F.K, & Schuartz, M.A. (s.d.). A criança e o lúdico: a importância do “brincar”. Acedido a 21 de Dezembro de 2015 em http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2005/anaisEvento/documentos/com/TCCI057.pdf
  • Nicolopoulou, A. (1993). Play, Cognitive Development, and the Social World: Piaget, Vygotsky, and Beyond. Human Development. Nº 36, 1-23. Acedido a 21 de Dezembro de 2015 em https://www.academia.edu/352550/Play_Cognitive_Development_and_The_Social_World_Piaget_Vygotsky_and_Beyond_1993_
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