Estado de amor
O estado de amor abarca um conjunto de sentimentos relacionados com a emoção, o sentimento e a paixão pelo/a parceiro/a. Estes sentimentos, no ser humano, têm como função desejar o bem um do outro e estar juntos dividindo momentos de felicidade, mas também de tristeza.
Ao falar do estado de amor, é inevitável falar do ciúme romântico no sentido de compreender porque acontece e qual a sua origem na realidade (Almeida, Rodrigues, & Silva, 2008). Portanto, nos estudos apresentados a seguir, falaremos do ciúme romântico heterossexual, contudo, este não explica integralmente todas as possíveis dinâmicas relacionadas, como por exemplo, alguns relacionamentos do foro erótico que não se adequam (Almeida, Rodrigues, & Silva, 2008). Por outro lado, alguns destes relacionamentos eróticos, facilitam a compreensão de muitos casos, o que permite concluir que as referências a esses casos, não são sempre inconclusivas (Almeida, Rodrigues, & Silva, 2008).
Entre todos os tipos de ciúme citados na literatura científica, o ciúme romântico é, aquele que ocorre mais em relacionamentos amorosos, e é um dos que tem despertado maior atenção de psicólogos e não psicólogos (Almeida, Rodrigues, & Silva, 2008). Entre as mais diferenciadas emoções humanas, o ciúme é extremamente comum (Kingham & Gordon, 2004, cit in Almeida, Rodrigues, & Silva, 2008) e segundo alguns teóricos, ele é inerente à condição humana, ou seja, em proporções moderadas, pode ser constitutivo para o ser humano de maneira que todos nós somos ciumentos em maior ou em menor grau (Almeida, Rodrigues, & Silva, 2008). Ele pode ocorrer em quaisquer tipos de relacionamentos, mas está comumente associado aos relacionamentos amorosos (Bringle, 1995, cit in Almeida, Rodrigues, & Silva, 2008).
Os seres humanos são seres sociais e vivem as relações interpessoais as quais desempenham um papel central no desenvolvimento humano, facilitando ou dificultando o mesmo, e como tal, podemos considerar que o Homem funciona como uma matriz de relações (Ribeiro, & Costa, 2001/2002, cit in Almeida, Rodrigues, & Silva, 2008).
Apesar disso, por vezes, as relações correm bem e o que parece ser um mar de rosas pode transformar-se em algo que provoca desequilíbrios emocionais, abusos de poder, dor física e dor psicológica (Paulino, 2013). Situações de excessiva dependência também não são saudáveis deixando a individualidade de cada um, num isolamento que em nada promove o desenvolvimento social e emocional (Paulino, 2013).
Magalhães (2010) defende que, desde sempre, o Amor é a instância que comanda a vida.
Pela revisão bibliográfica da autora, já segundo Aristóteles o Amor era a força que juntava os quatro elementos da natureza, o fogo, a terra a água e o ar e que movia as coisas, as conduzia e as mantinha juntas (Magalhães, 2010).
Podemos falar ainda de Platão que argumentava que o Amor era a falta, a insuficiência e a necessidade, o desejo de adquirir e possuir o que não se possui, o interesse incorporado à alma (Magalhães, 2010).
Magalhães (2010) considera ainda a teoria de Freud que entendia o Amor como a especificação e sublimação de uma força instintiva originária, a libido, que se tendia a manifestar desde os primeiros instantes da vida humana.
Outros autores como Lopes (2012) dizem que, durante o namoro, constroem-se muitos sonhos, iludem-se e esquecem-se as divergências e os aspetos que menos se gosta no parceiro, ou acaba por alimentar-se a ideia de todo poderoso, de que depois do casamento, o outro transforma-se de acordo com os nossos desejos. As pessoas organizam as vidas para estarem com o parceiro o máximo de tempo possível, tempo que nunca chega e depois cria-se a ilusão que depois do casamento é que vai ser bom (Lopes, 2012). A tendência é para ver o parceiro como a pessoa mais importante nesta fase, e o tempo de namoro é mágico, por isso presta-se a várias ilusões, a maioria das quais é pensarmos que conhecemos bem o nosso parceiro, porque a imagem do parceiro ideal, começa a formar-se na infância (Lopes, 2012). Esta ideação do parceiro ideal vem da imagem de casal dada pelos pais, que se vai construindo durante o nosso desenvolvimento como o modelo de relação homem-mulher, através da vivencia relacional (Alarcão, 2002; Lopes, 1996). Neste processo de modelação entra ainda em linha de conta o factor pressão social, entre outros agentes culturais, como o modelo do homem e da mulher na sociedade (Alarcão, 2002; Relvas, 1996).
Conclusão
De acordo com os estudos realizados, percebemos que o estado do amor é emocional e sentimental nos diferentes contornos que pode assumir (pais/filhos, conjugal, namoro, etc). O ciúme parece ser inerente à condição humana, contudo, também pode causar grandes problemas num relacionamento, se não for moderado, o que leva à necessidade de se construir relações baseadas na confiança, na partilha, na comunicação e no respeito.
References:
- Lopes, B.S.N. (2012). Um olhar sobre as relações amorosas: satisfação conjugal, Intimidade e Satisfação Sexual. Tese apresentada ao Instituto Universitário Ciências Psicológicas Sociais e da Vida. Lisboa, Portugal;
- Magalhães, A. (2010). Amores adolescentes. [em linha] Oficina de Psicologia. oficinadepsicologia.blogs.sapo.pt. Acedido a 4 de junho de 2016 em http://oficinadepsicologia.blogs.sapo.pt/9328.html;
- Paulino, L.B. (2013). Amores difíceis na adolescência. [em linha] Oficina de Psicologia, oficinadepsicologia.com. Acedido a 4 de junho de 2016 em http://oficinadepsicologia.com/amores-dificeis-na-adolescencia;
- Paulino, L.B. (2013). Como se apaixonam os adolescentes [em linha] Oficina de Psicologia, oficinadepsicologia.com. Acedido a 4 de junho de 2016 em http://oficinadepsicologia.com/como-se-apaixonam-os-adolescentes;
- Ameida, T., Rodrigues, K.R.B., & Silva, A.A. (2008). O ciúme romântico e os relacionamentos amorosos heterossexuais contemporâneos. [em linha] SCIELO BRASIL, scielo.br. Estudos de Psicologia, 13(1), 83-90. Acedido a 4 de junho de 2016 em www.scielo.br/pdf/epsic/v13n1/10.pdf.