Dislalia

A dislalia é uma das perturbações da linguagem mais comuns verificadas em várias crianças de diferentes faixas etárias.

Dislalia

A dislalia é uma das perturbações da linguagem mais comuns verificadas em várias crianças de diferentes faixas etárias. Trata-se de um problema ao nível da pronúncia de certas palavras que compromete a fluência na capacidade de comunicação do indivíduo.

Souza e Fontanari (2015) definem a dislalia como um distúrbio do foro articulatório das palavras nas crianças em idade escolar que se traduz na dificuldade em pronunciar alguns sons e que pode interferir na capacidade de escrita e de aprendizagem.

Alguns exemplos de dislalia são a troca do f por v, t por d ou f por s (Almeida, Araújo, Cabral, Cruz, Morais, & Simões, 2013; Souza, & Fontanari, 2015).

A articulação de sons é realizada pelo movimento dos músculos faciais, o que, para crianças pequenas é mais difícil de fazer se existir alguma alteração na língua e de acordo com o grau da mesma, o que se traduz na dificuldade em verbalizar palavras, isto é em dislalia (Nascimento, Carvalho, Costa, & Bastos, 2007).

Tipos de dislalia

  • Evolutiva – quando desaparece ao longo do desenvolvimento da criança;
  • Funcional – a mais comum. Acontece quando se omitem, distorcem ou substituem letras, como por exemplo, dizer “atelântico” em vez de “Atlântico”. Podem ainda ser emocionais ou hereditárias;
  • Audiógena – advém de deficiência auditiva, o que leva a criança a pronunciar mal as palavras;
  • Orgânica – ocorre quando há lesões no cérebro ou anomalias na boca, o que impede a pronúncia correta das palavras. Pode ainda ser encontrada devido a mal formação da língua, palato ou outro órgão produtor da fala.

(Almeida et al, 2013; Nascimento, Carvalho, Costa, & Bastos, 2007; Souza, & Fontanari, 2015).

Não podemos deixar ainda de referir causas de má formação congénita do aparelho fonador, imitação, vícios de linguagem, ser bilíngue ou até mesmo ausência de atenção por parte dos pais e educadores no que concerne ao crescimento evolutivo da criança (Almeida et al, 2013).

Algumas das formas mais comuns de estarmos perante um dislálico, é quando este omite fonemas ou sílabas, substitui ou deforma fonemas, como por exemplo, diz “omei” em vez de “tomei ou “adolo” em vez de “adoro” (Almeida et al, 2013; Nascimento, Carvalho, Costa, & Bastos, 2007).

De acordo com as pesquisas de Almeida et al (2013) os problemas na articulação das palavras verbalizadas pelos dislálicos ao nível de fonemas ou sílabas, leva à dedução de que é importante estimular a sua percepção auditiva para que as crianças possam corrigir os fonemas que emitem.

De acordo com Souza e Fontanari (2015) é preciso que os professores sejam capazes de distinguir as dificuldades dos seus alunos, com a noção de que não são todos iguais e saibam perceber a diferença entre uma dificuldade de comunicação ou uma deficiência/perturbação.

Por vezes ocorrem episódios de bullying com dislálicos que os levam a sentirem-se mais envergonhados e a acanharem-se com os demais, evitando o contato com os outros (Almeida et al, 2013; Souza, & Fontanari, 2015).

Contudo a escola não está adequadamente preparada para contornar as diferenças devido ao elevado número de alunos por turma (Souza, & Fontanari, 2015).

Muito frequentemente se encontram perturbações fonológicas em crianças na idade escolar, que quanto mais cedo forem identificadas, mais eficaz será a sua intervenção ao nível da aprendizagem da leitura e da escrita (Nascimento, Carvalho, Costa, & Bastos, 2007).

Almeida et al (2013) referem que a importância de intervir nestes é o fato de a comunicação oral ser a forma mais comum de interação entre as pessoas e, quando a mesma sofre algum tipo de limitação, pode influenciar na capacidade do indivíduo para se relacionar por se sentir desconfortável.

É preciso um profissional especializado para lidar com estes casos, envolvendo toda a comunidade escolar (alunos, professores, pais, contínuos, pares) no sentido de criar estratégias que promovam a integração dos alunos com dislalia (Souza, & Fontanari, 2015).

A união de toda a comunidade escolar para ajudar estes alunos a ultrapassar as suas limitações permite a diminuição do seu isolamento e promove a sua integração entre os seus pares em contexto escolar, uma vez que eles são diferentes (Almeida et al, 2013).

A intervenção dos psicólogos, fonoaudiólogos e psicopedagogos é também imprescindível no sentido de corrigir a fala através de exercícios específicos e terapias, que ajudam a trabalhar a auto-estima e a melhorar a integração destas crianças na sociedade (Almeida, 2013).

Conclusão

É importante que compreendamos a partir de que momento é que a verbalização das palavras é erradamente pronunciada por parte das crianças devido apenas à fase de desenvolvimento em que se encontram ou se estamos perante um verdadeiro caso de perturbação da linguagem. Verificamos que a dislalia, além de comprometer a capacidade para aprender a ler, a escrever e a falar, também pode ser responsável pelo isolamento social devido ao constrangimento que a criança ou mesmo o adulto sente em comunicar com os outros.

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References:

  • Almeida, L., Araújo, A., Cabral, A.P., Cruz, J., Morais, J.C., & Simões, M. (2013). Desafios Sociais e Educação: Culturas e Práticas. Atas 1º Congresso Internacional de Psicologia, Educação e Cultura. Vila Nova de Gaia 28 e 29 de junho de 2013;
  • Nascimento, F.A., Carvalho, J.R., Costa, P.M.A., & Bastos, R.L.G. (2007). Como ocorrem os distúrbios da linguagem oral e da comunicação na criança. [em linha]. PSICOLOGIA – O PORTAL DOS PSICÓLOGOS. psicologia.pt. Acedido a 8 de março de 2016 em http://www.psicologia.pt/artigos/ver_artigo_licenciatura.php?codigo=TL0086
  • Souza, A.C., & Fontanari, J.F. (2015). Dislalia na Escola. Psicologia da Educação II. São Carlos: IFSC- Instituto de Física de São Carlos. UNIVESIDADE DE SÃO PAULO. Acedido a 8 de março de 2015 em http://www.gradadm.ifsc.usp.br/dados/20152/SLC0631-1/Dislalia%20na%20escola.pdf
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