Desejo sexual hipoativo
O desejo sexual hipoativo diz respeito à diminuição do interesse pela partilha de contato íntimo sexual com outra pessoa e pode ter origem psicológica ou orgânica.
O desejo sexual hipoativo diz respeito ao desinteresse em manter atividade sexual devido à mesma já não promover entusiasmo ou satisfação (Lucas, Oliveira, & Monteiro, 2009).
Os estudos começam por definir o conceito de desejo sexual como “… o conjunto de comportamentos motores e verbais, cognições, fantasias e reacções afectivas precedentes ao comportamento consumatório” (Trudel, 1993, cit in Lucas, Oliveira, & Monteiro, 2009).
À luz dos estudos de Abdo (2010), baseados na definição do DSM-IV-TR, trata-se de uma disfunção do desejo sexual hipoativo quando a ausência deste desejo se torna repetitiva, os pensamentos relacionados com a sexualidade começam a decair e todo o conjunto de atividades associadas ao sexo, entra em declive total.
A diminuição e o desinteresse característicos do desejo sexual hipoativo, tornam-se persistentes, acontecem de forma constante e têm origem em várias e diferentes causas tais como a monotonia associada ao quotidiano do casal, que, muitas vezes, leva à inercia sexual (Lucas, Oliveira, & Monteiro, 2009). No entanto, na maioria dos casos em que existe um bom relacionamento afetivo entre os elementos do casal, é menos provável que se comece a desencadear o desejo sexual hipoativo (Lucas, Oliveira, & Monteiro, 2009).
É importante ainda compreender que o problema pode ser orgânico, psicológico ou uma junção dos dois, sendo que, no caso do homem, o desejo sexual hipoativo tem maioritariamente origem orgânica (Lucas, Oliveira, & Monteiro, 2009). No caso da mulher, a disfunção é predominantemente psicológica (Lucas, Oliveira, & Monteiro, 2009).
Em termos médicos, qualquer quadro clínico em que se verifica dor ou desconforto e que provoque diminuição do desejo sexual, associa-se a esta perturbação, a qual, acaba por causar um desiquilíbrio no sistema nervoso, levando à necessidade de recorrer às soluções medicamentosas (Lucas, Oliveira, & Monteiro, 2009).
Aind no que diz respeito ao sexo feminino, por vezes, existem descontrolos hormonais, provenientes de alterações no ciclo menstrual, a possibilidade de engravidar ou ainda ao início da menopausa, causas estas que levam a que o desejo sexual fique, frequentemente, comprometido (Lucas, Oliveira, & Monteiro, 2009).
Abdo (2010) refere ainda, no que diz respeito à prevalência face ao sexo feminino, que a disfunção de desejo sexual hipoativo, não é exclusiva de mulheres não saudáveis, ou seja, mesmo mulheres cuja sexualidade não sofre qualquer tipo de problema, podem desenvolver esta perturbação.
Lucas, Oliveira e Monteiro (2009) chamam, no entanto, a atenção, para o facto de que nem sempre estes sintomas significam que a mulher sofre de uma condição patológica para que ocorra uma perturbação do desejo sexual hipoativo.
No caso da menopausa, especificamente, é comum que o desejo sexual diminua bastante porque o funcionamento ovárico também sofre uma alteração que diminui a sua atividade e baixa na produção de estrogénio (Lucas, Oliveira, & Monteiro, 2009).
Isto acontece porque a produção de estrogénio está diretamente ligada à lubrificação vaginal, a qual vai influenciar o comportamento sexual da mulher, levando-a a sentir mais vezes cansaço e dor, perturbação de humor e ainda, muitas vezes, doenças crónicas (Lucas, Oliveira, & Monteiro, 2009).
Quando falamos de comportamento, não podemos deixar de falar de perturbações emocionais tais como ansiedade, depressão, raiva, etc, que vão influenciar diretamente a vida sexual (Lucas, Oliveira, & Monteiro, 2009).
Os autores referem ainda a importância do desenvolvimento psicossexual humano, que é dos fatores mais predominantes no que concerne à presença de um quadro de desejo sexual hipoativo, como por exemplo, a crença, ao longo do crescimento, e, principalmente, no caso das mulheres, de que a sua conduta nos relacionamentos afetivos, deve ser passiva ou até mesmo negativa (Lucas, Oliveira, & Monteiro, 2009).
Além destas variáveis, os estudos apontam ainda para outras tais como a gravidez não desejada que, em certos casos, leva a mulher a não se permitir sentir prazer durante o ato sexual (Lucas, Oliveira, & Monteiro, 2009).
Contudo, e apesar de todas estas variáveis, quer psíquicas quer orgânicas, é de extrema relevância que se faça uma avaliação correta do quadro clínico do/a paciente, para que a intervenção possa ser produtiva (Lucas, Oliveira, & Monteiro, 2009).
Conclusão
O desejo sexual hipoativo pode acontecer por diversos motivos, sejam físicos ou psíquicos e pode acontecer tanto na mulher como no homem. Sabe-se, porém, que é predominantemente feminino e que pode surgir tanto em mulheres com histórico tendencialmente disfuncional como em mulheres saudáveis.
References:
- Abdo, C.H.N. (2010). Considerações a respeito do ciclo de resposta sexual da mulher: uma nova proposta de entendimento. Diagnóstico Tratamento, 2010; 15(2): 88-90.
- Lucas, C.O., Oliveira, C.M., & Monteiro, M.I A. (2009). Perturbação do desejo sexual hipoativo: prevalência, diagnóstico e tratamento. [em linha] Mudanças – Psicologia da Saúde, 17(2), jul-dez 2009, 101-112. Disponível em https://www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index.php/MUD/article/view/1573/2087.