A niacina é o termo mais frequentemente usado para se referir à vitamina B3 ou vitamina PP. Porém, Niacina é também a designação genérica para dois compostos semelhantes:
a) o ácido nicotínico;
b) e a nicotinamida.
O ácido nicotínico foi produzida, pela primeira vez, em 1867, através da oxidação da nicotina do tabaco. No entanto, o ácido nicotínico não está sequer relacionado com a molécula da nicotina. No início dos anos 40 do século XX, a este composto foi renomeado como niacina como um acrónimo do inglês “nicotinic acid vitamin”, de modo a não ser confundido com a nicotina.
Tal como a outras vitaminas do complexo B, a niacina faz parte de coenzimas que, por sua vez, participam com as respetivas enzimas em pelo menos 200 vias metabólicas.
Funções no organismo
A vitamina B3 é o precursor da molécula dinucleótido de nicotinamida (NAD+). O NAD+, e os seus derivados, tais como NADH, NADP(H) são pequenas moléculas que são metabolitos celulares essenciais no metabolismo celular e são conhecidos para desempenhar papéis importantes nas reações de oxidação-redução.
Uma das principais funções do NAD+ no metabolismo é a aceitar eletrões eletrões e hidrogénios (ou seja, ser reduzido) para gerar o NADH. O NADH pode ser re-oxidado de volta a NAD+ por diversas reações dentro das células; mas dentro da mitocôndria, os electrões do NADH fornecem a energia química através da qual pode ser gerado o ATP.
Em condições anaeróbicas, o ATP é produzido porque o NADH fornece eletrões altamente energéticos à cadeia transportadora de eletrões da mitocôndria. O NADH possibilita a conversão do piruvato a lactato à medida que perde os seus eletrões, ou seja, é oxidado de volta a NAD+.
A razão NAD+/NADH contribui para o controlo de várias enzimas metabólicas fundamentais envolvidas no metabolismo energético, incluindo a desidrogenase de gliceraldeído 3-fosfato, a desidrogenase de lactato e a desidrogenase de piruvato. No citosol, o rácio NAD+/NADH livre é cerca de 700 para 1; enquanto na mitocôndria a proporção de NAD+/NADH é de cerca de 7 para 8.
Muitas vias metabólicas que promovem a síntese de novas moléculas como os ácidos gordos dependem do NADPH, a forma reduzida do NADP+. NADPH está concentrado em células, tais como as do fígado, que produzem grandes quantidades de ácidos gordos.
Dose diária recomendada e fontes alimentares
O corpo humano consegue sintetizar a niacina a partir do aminoácido triptofano. Ao mesmo tempo, o corpo humano também pode obter esta vitamina através de alimentos que a contenham.
A eficiência da conversão do triptofano em niacina, assumida como sendo 60:1, varia dependendo de diversos factores nutricionais e metabólicas, como por exemplo a quantidade de triptofano ingerida e também de outros nutrientes.
A necessidade de niacina alimentar pré-formada, entre a necessidade total de niacina, tende a ser menor com o aumento da ingestão de triptofano.
A dose diária recomendada (DRA) desta vitamina é expressa em equivalentes de niacina (NE), uma fórmula que inclui tanto a niacina alimentar pré-formada como a niacina derivada do triptofano. A RDA é de 16 mg de NEs para homens adultos e 14 de NEs para as mulheres adultas. Para mulheres grávidas sobe para 18 NEs e para mulheres em lactação é de 17 NEs.
A niacina encontrada em grãos de cereais maduros está em grande parte ligada e, portanto, é apenas cerca de 30 % biodisponível A niacina na forma da coenzima NAD ou NADP em carnes apresenta uma biodisponibilidade maior. A niacina adicionada no enriquecimento de alimentos está na forma livre e, portanto, altamente disponível. Os alimentos que contêm niacina sob a forma livre incluem feijões e fígado.
A niacina é encontrada em quase todos os alimentos à excepção das gorduras. Níveis elevados em vísceras, carne, pescado, leguminosas secas, cereais completos, batata, vegetais verdes e café.
Carência
A pelagra é a manifestação clínica clássica da deficiência grave em niacina. Esta doença é caracterizada por:
a) erupções cutâneas pigmentadas que se desenvolvem de forma simétrica em áreas expostas à luz solar;
b) modificações no tracto digestivo que estão associados com vómitos, obstipação ou diarreia e uma língua vermelha brilhante;
c) e sintomas neurológicos, incluindo a depressão, a apatia, a dor de cabeça, fadiga e perda de memória.
A pelagra era comum nos Estados Unidos e partes da Europa no início do século XX, em áreas em que o milho, alimento com baixo teor tanto em niacina e triptofano, era o alimento básico. Entretanto, a pelagra praticamente desapareceu dos países industrializados, exceto em casos de alcoolismo crónico e pessoas com problemas no metabolismo do triptofano.
References:
- Cooper D.L., Murrell D.E., Roane D.S., Harirforoosh S. (2015). Effects of formulation design on niacin therapeutics: mechanism of action, metabolism, and drug delivery. International Journal of Pharmaceutics, 490: 55–64.
- Institute of Medicine (US) Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes and its Panel on Folate, Other B Vitamins, and Choline. Dietary Reference Intakes for Thiamin, Riboflavin, Niacin, Vitamin B6, Folate, Vitamin B12, Pantothenic Acid, Biotin, and Choline. Washington (DC): National Academies Press (US); 1998. 6, Niacin. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK114304/
- Xu, P., Sauve, A.A. (2010). Vitamin B3, the Nicotinamide Adenine Dinucleotides and Aging. Mechanisms of Ageing and Development, 131: 287–298.