Saúde Pública
A saúde pública diz respeito à resposta da comunidade hospitalar em relação ás patologias da comunidade.
A partir dos estudos levados a cabo por Poubel (2014) podemos perceber que a saúde pública é um campo que exige mais do que formação académica ao profissional de saúde uma vez que acarreta as necessidades de sensibilidade e habilidade.
Assim, no âmbito da psicologia, a área da saúde pública pretende que a mesma seja integrada numa equipa multidisciplinar com o objetivo de promover a saúde mental como prioridade de foco de atenção (Poubel, 2014).
Nesse sentido, a implementação do serviço de psicologia no contexto de saúde pública deu-se devido a avaliações da saúde mental que foram realizadas às populações, na comunidade brasileira e que levaram à conclusão de que havia um grande número de pessoas com perturbação mental cujo processo de tratamento mostrava exigir a intervenção de uma equipa multidisciplinar com a ação do psicólogo incluída (Pires, & Braga, 2009).
Esta integração do psicólogo no âmbito da saúde pública, visa, segundo a revisão bibliográfica de Pires e Braga (2009) um atendimento mais humanizado, uma vez que o mesmo era, habitualmente, da inteira responsabilidade do médico que lhe conferia um por registo meramente de cura, no que dizia respeito a questões como acidentes e infeções. Por esse motivo, o psicólogo vem intervir no que concerne à compreensão do paciente enquanto pessoa, pegando neste e indo mais longe (Pires, & Braga, 2009).
Integrada num Sistema Único de Saúde (SUS) a saúde pública pretende que o psicólogo seja englobado no processo de saúde-doença através de um olhar de atenção básica (Poubel, 2014).
Para que este método de intervenção funcione devidamente, é necessário haver cooperação por parte de diferentes profissionais como o médico, o enfermeiro, o assistente social, o psicólogo, o farmacêutico e o educador físico, pelo que, a forma como cada um destes profissionais trabalha com os outros e diretamente com o paciente, é que vai produzir a qualidade dos cuidados prestados (Pires, & Braga, 2009; Poubel, 2014).
Esta inserção dos profissionais de saúde mental no âmbito da saúde pública dentro de um contexto multidisciplinar, pretende ainda que o psicólogo deixe de estar limitado ao contexto de atendimento privado, uma vez que o mesmo afeta a sua atividade do ponto de vista económico, além de ainda reduzir bastante os custos relativamente aos atendimentos feitos às populações (Pires, & Braga, 2009).
Para cada equipa deve haver um determinado número de famílias, entregue ao cuidado de cada uma delas, num máximo de 1000 famílias por equipa em território delineado (Poubel, 2014).
De um ponto de vista comunitário, ao nível da saúde pública, a psicologia pretende ser, principalmente, interdisciplinar e generalista, visando a promoção da saúde mental através de estratégias como as visitas domiciliarias, a intervenção junto de grupos, a orientação das próprias equipas no que concerne a questões técnicas, o atendimento individual, a avaliação psicológica, os estudos de caso e a promoção de uma comunicação ativa entre todos os intervenientes da comunidade hospitalar, ou seja, tanto os profissionais como os pacientes (Poubel, 2014).
Todas estas áreas de atuação em que o psicólogo está inserido pretendem atingir um objetivo maior, no âmbito da saúde pública que é não mais do que a promoção de qualidade de vida naquela comunidade (Poubel, 2014).
Para que este trabalho produza frutos, ele deve incluir a educação para a saúde, começando, por exemplo, pela intervenção ao nível da prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DST), através de mudanças de hábitos, de comportamentos e de partilha de experiências e opiniões entre grupos (Poubel, 2014).
Pires e Braga (2009) referem, no entanto, que todo esse alargamento da intervenção psicológica no âmbito da saúde pública só se começou realmente a evidenciar a partir dos anos 80, uma vez que foi nessa década que começaram a existir concursos públicos diversificados. Contudo o serviço de psicologia em saúde pública já existisse desde nos anos 50, ainda sem mesmo a profissão estar devidamente regularizada em contexto hospitalar (Pires, & Braga, 2009).
Conclusão
No âmbito da saúde pública, a psicologia visa intervir integrada num contexto multidisciplinar, tendo como foco de atenção a humanização e compreensão do indivíduo enquanto pessoa. Nesse sentido importa a sensibilização e a reeducação dos programas de saúde pública, com o objetivo de trabalhar de forma comunitária em que tanto profissionais como pacientes são importantes para o processo de cura.
A psicologia na saúde pública permite ainda a redução de custos para o paciente e o alargamento do campo de atuação do psicólogo.
References:
- Pires, Ana Cláudia Toletino e Braga, Tânia Moron Soares. O psicólogo na saúde pública: formação e inserção profissional. Temas psicol. [online], 2009, vol.17, n.1 [citado 2016-08-10], pp. 151-162. Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2009000100013;
- Poubel, P.F. (2014). Psicologia na saúde pública. ECOS | Volume 4 | Número 2.