Nascimento: 18 de Abril de 1918
Morte: 11 de Novembro de 1958
Ocupação: Crítico de Cinema
Obras Principais: “O que é o Cinema?”
Introdução
André Bazin foi um dos mais importantes pensadores da teoria fílmica, e uma figura-chave na história do filme. Bazin produziu um corpo ímpar de crítica, história, e teoria do filme, sendo que enquanto crítico, ensaísta, teórico, cofundador do jornal Cahiers du Cinema, e “padrinho” cinema Francês New Wave, a sua influência não pode ser subestimada. Como pensador religioso, é menos conhecido, mas tal se deve mais aos parâmetros das disciplinas académicas: os estudos fílmicos raramente levam a religião a sério, e as ciências religiosas não absorveram ainda o cânone da teoria fílmica. E, contudo, para André Bazin, a realização, visualização, e escrita fílmica, eram atos profundamente interligados à fé religiosa.
Embora Bazin tenha explicitamente escrito pouco sobre a relação entre religião e filme, e ainda mais raramente sobre filmes “religiosos” (com a notável excepção do famoso ensaio sobre o Diário de um Pároco de Aldeia de Robert Bresson, 1951), ainda assim Bazin foi um pensador espiritual, e mesmo teológico, constituindo o seu trabalho um belíssimo e poderoso exercício sobre a conceptualização da relação entre o filme e a religião.
Vida e Obra
André Bazin nasceu na cidade de Angers, no noroeste francês, em 1918. Educado nas escolas de elite desta área, mesmo assim viu ser-lhe recusada uma posição de professor devido à sua gagueira. Em Dezembro de 1941, Bazin fundou um dos primeiros cineclubes de Paris, e posteriormente, os inúmeros filmes passados acabariam banidos durante a ocupação alemã. Consoante os cineclubes se foram disseminando por Paris, França, e pela Europa em finais da década de 1940, Bazin trabalharia para os levar até às fábricas e escolas.
Com um ensaio no qual declara a invenção do filme como o evento mais importante na arte popular e visual, Bazin torna-se num autor publicado no Outono de 1943. A sua carreira de escrita dedicada ao filme foi revolucionária por duas razões fundamentais: em primeiro lugar, pela coluna de crítica que os jornais passaram a devotar ao filme (antes de Bazin, nenhum jornal francês possuía tal espaço); em segundo lugar, por tornar o filme academicamente respeitável.
Bazin absorveu o fermento intelectual da Paris de 1930 e 1940, pelo que o seu trabalho produzido neste período dá a transparecer a influência da fenomenologia de Maurice Merleau-Ponty, o neotomismo de Jacques Maritain, o vitalismo de Henri Bergson, ou o existencialismo de Jean-Paul Sartre. Bazin foi também influenciado pelo visionário católico Pierre Teilhard de Chardin, que postulou a a escalada da evolução da consciência humana, até à respetiva fusão com a revelação divina. Para Bazin, esta fusão poderia ser alcançada através do cinema, e para dispersar o “evangelho do cinema”, começou a escrever em 1945 para uma enorme variedade de publicações numa base regular, como o jornal estalinista Travail et culture. De maior importância, o facto de Bazin se ter tornado no principal crítico de filme do jornal intelectual de pós-guerra intitulado Esprit. Este jornal de índole católica e socialista foi fundado por Emmanuel Mounier, considerado como o mestre intelectual e teológico de André Bazin. Mounier advogava a filosofia do personalismo, uma teologia cristã que rejeitava a metafísica em favor do humanismo existencialista, valorizando principalmente o indivíduo criativo que assume riscos e exerce o direito (dado por Deus) de escolher.
Bazin adaptou estes valores para desenvolver a teoria do “auteur”, que se tornou na sua principal ideia no jornal Cahiers du Cinema. Bazin contribuiu com um total de 116 peças sobre mais de 90 tópicos até à sua morte por leucemia em Abril de 1951. A teoria do “auter” (autor) é famosa por defender o diretor fílmico como um artista criativo, como “autor” do texto fílmico.
Em “Evolução da Linguagem Cinematográfica”, Bazin analisa as dinâmicas principais dos filmes entre 1920 e 1940, avançando com o seu segundo conceito mais famoso: realismo cinemático. Bazin, como o “realista” preeminente da teoria cinematográfica, opôs-se à prévia geração de teóricos cinematográficos “formalistas” (como o diretor soviético Eisenstein), que entendiam a produção cinematográfica como a interpretação e reconstituição da realidade por intermédio de meios cinemáticos como a montagem.
Por realismo, Bazin não queria dar a significar o realismo fotográfico, nem o realismo urbano, nem o realismo “socio-naturalístico”: antes, preferia enfatizar o uso de certas técnicas cinematográficas, na medida em que cada take gravado era dotado de mistério e revelação.
References:
Bazin, André. Bazin at Work: Major Essays and Reviews from the Forties and Fifties. Edited by Bert Cardullo, translated by Alain Piette and Bert Cardullo. New York: Routledge, 1997.