Cryptophyta, Cryptomonada ou Criptofítas, (Classe Cryptophyceae) é um pequeno grupo de algas unicelulares, de células ovais ou achatadas, com dimensões entre os 10-50 μm e que possuem dois flagelos de tamanho quase idênticos. Tipicamente encontram-se em águas marinhas e continentais existindo à volta de 200 espécies dispersas por 24 géneros. A maioria são fotossintéticas e apresentam um exterior rígido com uma invaginação ventral (de onde provêm o nome crypto – que significa oculto) da qual saem os dois flagelos e várias filas de ejectossomas de função defensiva.
A sua importância como parte do fitoplâncton marinho e de estuários têm sido cada vez mais reconhecida, e relatos de comunidades dominados pelas criptofítas têm vindo a aumentar (Gieskes & Kraay 1983, Mallin 1994, Gameiro et al., 2004). Algumas espécies causam descolorações da água (Laza-Martínez 2012), outras vivem como simbióticas de outros animais.
Os flagelos apresentam umas estruturas chamadas de mastigonemas. No flagelo mais curto encontram-se organizados numa fila, mas no maior encontram-se em duas filas. Supõe-se que estas estruturas sirvam para assistir ou orientar o movimento, aumentando a área do flagelo. A criptofíta tem uma cobertura especifica chamada de periplasto composto por 3 camadas (membrana plasmática mais uma camada interna e outra externa). As criptofítas são distinguidas pela presença dos característicos ejectossomas. Estes são usados para defesa, pois podem ser disparados para o exterior. Consistem em 2 filamentos espirais guardados sob tensão. Se a célula recebe um estimulo, seja do tipo mecânico, químico ou luminoso, os ejectossomas são descarregados, propulsando a célula para longe da perturbação, numa trajetória de zig-zag. Os ejectossomas maiores, são visíveis ao microscópio óptico e estão associados com a invaginação ventral. Os mais pequenos encontram-se normalmente debaixo do periplasto (o revestimento especifico das criptofitas). Possuem um ou dois cloroplastos, com exceção do género Chilomonas que possuem leucoplastos e do Goniomonas que não apresenta nenhum. Os cloroplastos têm clorofilas a e c, com ficobiliproteinas e outros pigmentos e variam na coloração desde o castanho avermelhado a um verde azulado. Cada um é rodeado por quatro membranas e existe entre elas um núcleo celular de tamanho reduzido chamado de nucleomorfo. Isto indica que o plastídio foi derivado de um simbionte eucariótico, como demonstrado por estudos moleculares em algas vermelhas (Douglas et al., 2002). Escamas de tamanho pequeno, também podem estar presentes nos flagelos e no corpo. A reprodução normalmente efetua-se por bipartição, mediante zoósporos e cistos, apesar da reprodução sexual também já ter sido observada.
Exemplos dos géneros mais conhecidos são as Cryptomonas, Hemiselmis, Teleaulax, Guillardia ou Rhodomonas.
Imagens por ordem: Cryptomonas sp., www.tolweb.org; Hemiselmis andersenii, ncma.bigelow.org; Teleaulax acuta, www.szn.it; Rhodomonas sp., http://cfb.unh.edu/phycokey/
References:
- Douglas, S., Zauner, S., Fraunholz, M., Beaton, M., Penny, S., Deng, L.-T., Wu, X., Reith, M., Cavalier-Smith, T., Maier, U.-G., 2001. The highly reduced genome of an enslaved algal nucleus. Nature 410:1091–1096.
- Gameiro, C., Cartaxana, P., Cabrita, M.T., Brotas, V. 2004. Variability in chlorophyll and phytoplankton composition in an estuarine system. Hydrobiologia 525:133-124.
- Gieskes, W.W.C., Kraay, G.W. 1983. Dominance of Cryptophyceae during the phytoplankton spring bloom in the central North-Sea detected by HPLC analysis of pigments. Marine Biology 75:179-185.
- Laza-Martínez, A., 2012. Urgorri complanatus Gen. et Sp. Nov. (Cryptophyceae), a red-tide-forming species in brackish waters. J. Phycol. 48:423-435.
- Mallin, M.A. 1994. Phytoplankton ecology of North Carolina estuaries. Estuaries 17:561-574.