Conceito
O poema sinfónico é uma forma sinfónica com um único andamento, em que o desenho é influenciado pelo programa ou história.
Este termo descritivo foi utilizado pela primeira vez pelo compositor romântico Franz Liszt. Como músico da sua época (ver romantismo), Liszt era estimulado e inspirado por ideias extra-musicais, provenientes, por exemplo, da mitologia, da literatura ou da pintura, e preferia escrever segundo um programa definido, que pudesse partilhar com o seu público. Desta forma, acabou por liderar uma tendência, entre os compositores do seu período, de desprendimento em relação ao classicismo: “ele apercebeu-se de que as estruturas aceites da sinfonia poderiam desviar e embaraçar o desenvolvimento da ideia poética e que vergar-se às disciplinas estabelecidas à custa da lógica era uma forma de pedantice a que nenhum artista corajoso de uma época emancipada deveria submeter-se” (Moore, 1962, p.170).
É neste contexto que surge o poema sinfónico. Com a sua invenção, Lizst colocou de parte a forma rígida da sinfonia, permitindo que o programa determinasse a estrutura da obra, substituindo, deste modo, os tradicionais quatro andamentos por uma composição única mas mais extensa. Embora não tenha abandonado o princípio sinfónico dos temas concentrados, do seu desenvolvimento e sucessão e o cuidado equilíbrio tonal, desenvolveu a chamada “metamorfose do tema” central, obtendo variedade de tom e cor, sem sacrificar a unidade interna do andamento. Entre os seus vários poemas sinfónicos, podem ser destacados, a título de exemplo, «Os Prelúdios» e «Prometheus».
Esta tendência foi seguida por outros compositores, entre os quais, Smetana, Tchaikovsky e Franck. Foi, no entanto, Richard Strauss que deu um novo ímpeto a esta forma («Don Juan», etc), adoptando o termo poema sonoro para as obras deste tipo. A expressão “poema musical” é, também sinónimo para esta forma.
No final do século XIX e início do século XX, os compositores continuaram a escrever poemas sinfónicos, embora lhes tenham dado outros nomes. Elgar, por exemplo, usou a designação “abertura de concerto”. Salientam-se, neste período de transição, poemas sinfónicos de grande beleza como «Prèlude à L’Àpres-Midi d’un Faune» de Debussy e «Tapiola» de Sibelius mas assiste-se, de igual modo, a uma mudança gradual do carácter das composições, cada vez mais voltadas para o realismo literal e não meramente interpretativo. O lado mais negativo da vida exercia fascínio sobre os compositores deste novo período moderno, algo que não acontecera realmente até então. Mais tarde, já pelo século XX a dentro, os compositores começaram a demonstrar menos interesse neste género sinfónico, embora ele continue a sobreviver.
References:
Kennedy, M. (1994). Dicionário Oxford de Música. Publicações Dom Quixote.
Moore, D. (1962). Guia dos estilos musicais. Edições 70.