Crianças carenciadas

Crianças carenciadas não têm as necessidades básicas devidamente colmatadas, originando consequências negativas no seu desenvolvimento.

Crianças carenciadas

Crianças carenciadas não têm as necessidades básicas devidamente colmatadas, originando consequências negativas no seu desenvolvimento.

De acordo com os estudos de Hecht e Silva (2009) a relação entre os pais e a criança, principalmente, no que diz respeito à mãe, é bastante significativa nos primeiros anos de vida já que esta necessita, totalmente, de cuidados, uma vez que é completamente dependente.

Da mesma forma, Silva, Dias e Neves (2013) indicam, nos seus estudos, que a família deve proporcionar à criança os pilares necessários para que esta cresça segundo valores e princípios de cidadania adequados, o que faz desta a primeira instituição de técnicas educativas significativas.

 Quando nos deparamos com casos de crianças carenciadas, cujas respostas às necessidades básicas não funcionam da forma esperada, as mesmas apresentam sequelas dessas carências (Hecht, & Silva, 2009).

“…os pais vivem sob pressões e não têm consciência da importância do afeto para promover um vínculo emocional entre pais e filhos.”

(Silva, Dias, & Neves, 2013, p. 2).

Assim, é preciso promover programas que orientem os pais, não no sentido de procurar a perfeição, mas para que possam responder às necessidades dos seus filhos e diminuam a probabilidade do desenvolvimento de carências (Silva, Dias, & Neves, 2013).

Neste sentido, crianças carenciadas apresentam menor índice de reação no que diz respeito às questões emocionais, ou seja, por exemplo, numa situação tendencialmente ansiogénica as mesmas dão respostas desfasadas face à situação e comportamentos mais prostrados (Hecht, & Silva, 2009).

Um dos problemas mais marcantes nestas crianças é o fato de as mesmas estarem em maior risco de comportamento desviante devido à ausência de vinculação materna ou a uma relação menos funcional com a mesma nos primeiros anos de vida (Hecht, & Silva, 2009).

Na mesma linha de ideias, outros estudos demonstram que a carência sofrida por estas crianças provoca, também, sérias consequências no que concerne aos fatores de proteção já que, quando o vínculo familiar não funciona, há maior probabilidade de historial de violência doméstica ou negligência parental, muitas vezes associadas a condições de pobreza (Silva, Dias, & Neves, 2013).

Estas circunstancias demonstram que crianças carenciadas tendem para sofrer maior risco e maior número de danos tanto ao nível físico como ao nível mental, tendo em conta que, quando se encontram lacunas provocadas por esta situação, há respostas vazias a situações potencialmente geradoras de entusiasmo, como por exemplo, um rosto sorridente nos primeiros tempos de vida (Hecht, & Silva, 2009).

Outras consequências destas carências são o não ganho de peso mesmo quando a criança é bem alimentada, as noites mal dormidas e a ausência de proatividade (Hecht, & Silva, 2009).

Todo este conjunto de sinais alonga-se para o campo psíquico, quando a criança demonstra ausência de capacidade de construir relacionamentos vinculativos, como amizades ou então despreocupação com o que se passa à sua volta (Hecht, & Silva, 2009).

Por todos estes motivos, estas crianças mostram dificuldades em interessar-se pelas pessoas, apresentando comportamentos mais superficiais e incapacidade de reação, por exemplo, a uma tentativa de ajuda por parte de outrem (Hecht, & Silva, 2009).

Muitas vezes estes registos de personalidade, têm como origem pais que delegam, completamente, a educação dos seus filhos para as instituições e para as escolas, o que, ao longo do crescimento destes, vai sendo traduzido em baixa autoestima, falta de auto-confiança, de responsabilidade e de iniciativa (Silva, Dias, & Neves, 2013).

Na maioria destes casos, a atenção dada pelos pais, manifesta-se, exclusivamente, pela negativa, ou seja, pela punição e pelo castigo, face a erros cometidos pelas crianças (Silva, Dias, & Neves, 2013).

Na maioria dos casos, os problemas refletem-se ainda nas dificuldades escolares e em comportamento disruptivo como o furto (Hecht, & Silva, 2009).

Todos estes estudos mostram, claramente, que as crianças carenciadas apresentam sinais de ausência de cuidado por parte da família, principalmente dos pais, o que remete para a necessidade de providenciar programas educativos que englobem a participação dos mesmos na ação educativa (Silva, Dias, & Neves, 2013).

Conclusão

As crianças carenciadas mostram dificuldades no que respeita às relações interpessoais, devido às lacunas afetivas que apresentam desde os primeiros anos de vida. Estas lacunas trazem consequências em diversos aspetos como o desenvolvimento físico, emocional e mental.

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References:

  • Hecht, B., & Silva, R.F.P. (2009). CRIANÇAS INSTITUCIONALIZADAS: A CONSTRUÇÃO PSÍQUICA A PARTIR DA PRIVAÇÃO DO VÍNCULO MATERNO. [em linha] PT, O PORTAL DOS PSICÓLOGOS. www.psicologia.pt. Disponível em www.psicologia.pt/artigos/textos/TL0199.pdf;
  • Silva, L., Dias., M., & Neves, A. (2013). ESTUDO EXPLORATÓRIO SOBRE A PERCEÇÃO DOS PAIS E ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO SOBRE A NECESSIDADE DE FORMAÇÃO PARENTAL. [em linha]. PT. O PORTAL DOS PSICÓLOGOS. www.psicologia.pt. Disponível em http://www.psicologia.pt/pesquisa/index.php?q=crian%C3%A7as%20carenciadas.
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