Contextualização da Unificação da Itália:
A Unificação da Itália conhecida em italiano como Risorgimento (ressurgimento) diz respeito aos movimentos políticos e militares, que conduziram á reunificação da Península Itálica sobre a mesma bandeira. O Reino de Piemonte foi o responsável pelo processo de reunificação.
Após a queda do Império Romano do Ocidente em 476 d.C., a Península Itálica esteve sempre ocupada por potências estrangeiras ou fragmentada em pequenas cidades-estado. Após a queda do Império Romano a Itália foi ocupada por Ostrogodos, Lombardos ou Bizantinos (numa tentativa de reconstituição da totalidade do Império Romano).
A Plena e Baixa Idade Média viram um ressurgir da Itália no espectro europeu. Embora fragmentada politicamente cidades-estado como Veneza, Florença ou Génova contribuíram determinante para o Renascimento e evolução económica e cultural da Europa.
A importância económica da Itália na Europa levou à ocupação da região por diversas potências estrangeiras, como a França ou Espanha, no decurso da época medieval e moderna. A constante ocupação de parcelas territoriais italianas por potências estrangeiras, aliada com a fragmentação do território em cidades-estado, impedia a Unificação da Itália.
Quando os exércitos de Napoleão chegaram a Itália no início do século XIX, trouxeram os ideais da Revolução Francesa assentes num paradigma liberal e nacionalista. Estes ideais revolucionários potenciaram a formação da Jovem Itália em 1832, grupo de carácter nacionalista e republicano que visava a Unificação de Itália e libertação italiana da influência eterna.
Na época boa parte do norte de Itália era controlado pelo estado germânico da Áustria, que reprimiu violentamente as manifestações e acções de teor nacionalista da Jovem Itália. Embora o movimento tenha fracassado, foram lançadas as bases ideólogas para o movimento nacionalista italiano.
No seguimento das diversas revoluções de teor nacionalista e republicano conhecidas como Primavera dos Povos, o Rei de Piemonte Carlos Alberto declarou guerra á Áustria numa tentativa de reunificação da Itália. Acabaria derrotado pelos austríacos e obrigado a abdicar do trono em favor do filho Victor Emanuel e a exilar-se em Portugal, onde morreu sem presenciar a unificação italiana.
Nas décadas de quarente e cinquenta os ideais nacionalistas italianos difundiram-se pela península. Após um conjunto de reformas bem-sucedidas o Reino italiano de Piemonte-Sardenha aliou-se tanto a ingleses como e franceses. Tirando partido de um momento de fragilidade da Áustria e com o auxílio franco, Piemonte governada por Victor Emanuel viu territórios como a Toscana, a Lombardia, Romanha, Parma e Modena serem anexados ao Reino entre 1859 e 1860. Fundamental para o sucesso de Victor Emanuel foi o trabalho desenvolvido pelo seu primeiro-ministro Camilo Benso, Conde de Cavour.
Nos anos de 1860 e 61 são conquistados os territórios de Nápoles e Sicília à Casa de Bourbon espanhola. Apenas a região de Veneza, controlada pela Áustria e Roma controlada pelo Vaticano, mantinham-se fora da esfera de influência de Piemonte. Após o fracasso da resolução diplomática, Piemonte invade e conquista a região de Veneza em 1866.
Em 1870 e após a retirada das forças francesas que defendiam a região de Roma, esta é definitivamente incorporada no Reino de Itália. Victor Emanuel proclamou-se Rei de Itália a 18 de Fevereiro de 1861 e é considerado o ‘Pai da Pátria’ pelos italianos.
A conquista de Roma provocou um conflito diplomático entre o jovem reino italiano e o Vaticano. A Santa Sé considerava-se prisioneira dentro do seu próprio território. O conflito entre o Vaticano e o estado italiano seria apenas solucionado em 1929 por Benito Mussolini com o acordo de Latrão.
Este acordo levou à criação do Estado do Vaticano, servindo os interesses de reintrodução da Igreja na vida politica, e os interesses propagandísticos de Mussolini.
References:
BAYCROFT, Timothy; O Nacionalismo na Europa 1789/1945, Lisboa, Temas e Debates, 2000
BAYLY, C.A. ; The Birth of the Modern Worl, 1780-1914, Oxford, Blackwell, 2004