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Os Reis Católicos correspondem à união dinástica entre a coroa de Aragão representada pelo monarca Fernando II, e a coroa castelhana de Isabel I de Castela.
A união entre estas duas monarquias peninsulares, não reunia consenso entre a nobreza dos reinos, receavam que a nobreza do outro reino ganhasse primazia, relativamente aos direitos adquiridos anteriormente. Esta desconfiança mútua dificultava a união e poderia ter colocado em causa a unificação dos reinos, na época seriam poucos aqueles que acreditavam no sucesso do reino espanhol, e tendo em consideração uniões dinásticas anteriores e posteriores na Europa, a unificação de Aragão e Castela foi um caso raro de sucesso.
As dúvidas relativamente à durabilidade desta união iniciaram-se com a subida ao trono de Isabel I em Castela. Após a morte de Henrique IV de Castela, a nobreza castelhana dividiu-se entre o apoia à filha do monarca, Dona Joana que na época era considerada ilegítima, fruto de uma relação extraconjugal da rainha com um nobre. Dona Joana estava prometida a Afonso V Rei de Portugal, muitas das alegações de infidelidade da rainha consorte de Henrique IV, podiam estar aliadas com a facção castelhana da aristocracia que temia uma união de Castela com Portugal. É neste quadro que Isabel, meia-irmã de Henrique é coroada rainha de Castela nas cortes de Valladolid de 1473. Em 1479 Fernando II sobe ao trono de Aragão e foi consumada a união entre Isabel e Fernando, Castela e Aragão.
Aragão já era um dos reinos mais influentes na Europa, controlando importantes rotas comerciais no Mar Mediterrâneo, Castela procurava assumir um papel de destaque no quadro europeu, é neste contexto que a união dinástica é feita com o nascimento do Reino de Espanha.
O reino criado com esta união enfrentava alguns desafios, a ocidente um poderoso Reino de Portugal com uma influente política de expansão ultramarina, a sul o reino de Granada, última porção territorial muçulmana na Península Ibérica e a norte o Reino de Navarra e o poderoso Reino Franco.
De forma a ocupar a nobreza e expandir os domínios para sul, conquistando tanto território como o favorecimento papal através do combate aos árabes, os Reis Católicos iniciaram novo conflito com os muçulmanos em 1481. Este conflito permitiu a constituição de uma nova identidade nacional, embora Castela e Aragão mantivessem-se autónomos, o combate aos muçulmanos criou uma entidade nacional espanhola assente no catolicismo. Em 1492 Granada seria finalmente anexada ao território espanhol, concluindo o processo de Reconquista após a invasão árabe da península em 711.
Outro factor fulcral para o sucesso inicial dos Reis Católicos foi o apoio na demanda de Cristóvão Colombo pelo caminho marítimo para a Índia, através de uma rota ocidental. O apoio a Colombo pretendia rivalizar com o reino vizinho de Portugal na exploração marítima. Embora não fosse esse o objectivo de Colombo nem dos Reis Católicos, Colombo acabou por descobrir o Novo Mundo, chegando às Américas. Especula-se que Portugal já teria conhecimento deste Continente, daí não ter apoiado o projecto de Colombo.
Este novo espaço descoberto por Colombo permitiu à Espanha nas décadas e séculos que seguiram-se, tornar-se numa das grandes potências europeias, fruto das riquezas provenientes deste espaço como ouro e prata. A conquista de Granada e a descoberta das Américas foram os grandes feitos e legados dos Reis Católicos. Conseguiram por um ponto final na influência muçulmana na Península Ibérica e descobrir um novo continente que iria satisfazer as necessidades tanto da nobreza castelhana como aragonesa, permitindo uma coesão nacional assente no interesse economicista.
References:
BOIS, Jean-Pierre; L’Europe à l’époque moderne XVIe-XVIIIe siècle, Armand Colin, 2003
GARCÍA DE VALDEAVELLANO, Luis; Curso de Historia de las Instituciones Españolas, Alianza Editorial, 1982
MENÉNDEZ PIDAL, Ramón (Dir.); Historia de España, Espasa-Calpe