Os Reinos de Leão e Castela foram dois dos reinos que emergiram na Península Ibérica após a conquista muçulmana no decorrer do século VIII. O Reino de Castela a partir do poderoso Condado de Castela, pertença do Reino de Leão. O Condado Portucalense, como o Reino de Castela emergiram do antigo Reino de Leão, impulsionados pelas conquistas territórios aos muçulmanos.
A chegada e rápida conquista do reino visigótico existente na península, por parte dos árabes, empurrou os cristãos para pequenas faixas territoriais no norte da península, donde nascem dois reinos cristãos, o Reino de Navarra e o Reino de Leão.
Reino de Leão:
O Reino de Leão surge a partir da divisão do Reino das Astúrias por parte de Afonso III, pelos três filhos. Fruela ficou com as Astúrias, Ordonho com a Galiza e Garcia com Leão, o Reino voltaria a se unificar com Fruela, pelos seus dois irmãos terem morrido sem deixar descendência.
No século XI a coroa de Leão perdeu a soberania para o novo Reino de Castela em 1037 originando a coroa de Leão e Castela. Fernando Magno divide o Reino entre os três filhos, originando o Reino da Galiza, de Castela e restituindo a soberania do Reino de Leão. Esta fragmentação e posterior união dos reinos era, algo recorrente e marcante da política Ibérica cristã da alta idade média. Pouco depois, Leão conseguia anexar o Reino da Galiza aos seus territórios.
No decurso do século XII, com a contínua expansão para sul dos territórios muçulmanos, o Condado Portucalense adquiria cada vez mais influência e poder, até que em 1139 na Batalha de Ourique, Afonso Henriques é proclamado pelos seus homens Rei. Estavam reunidas as condições para o nascimento de um novo reino. Após a independência de Castela, graças à expansão territorial, Leão perdia outro Condado envolvido na reconquista cristã.
No decorrer do século XIII, mais concretamente em 1230, Leão é anexado definitivamente pela coroa de Castela, pondo um ponto final neste Reino.
Reino de Castela:
A Reconquista esteve na origem e declínio do Reino de Leão, a expansão dos seus Condados mais envolvidos na luta contra os árabes, Castela e Portucalense, fez com que estes ficassem poderosos o suficiente para que rivalizassem e destronassem a influência leonesa.
O Reino de Castela emerge da luta do Condado de Castela contra os muçulmanos e crescente poder e influência dos condes até se tornar Reino em 1035. Em 1230 anexa o Reino de Leão, controlando uma vasta faixa territorial no centro e norte da Península Ibérica, e progressivamente conquistando espaços mouriscos no sul da península.
No século XV, Castela une-se dinasticamente com a coroa de Aragão, no ano de 1479, iniciando uma nova era de governação da denominada monarquia espanhola. Castela foi o último dos reinos a terminar a reconquista, com a tomada de Granada no final do século XV, praticamente dois séculos após o término da reconquista portuguesa. A instabilidade no seio castelhano, os conflitos com os vizinhos portugueses e aragoneses, são alguns factores que explicam a sobrevivência da taifa de Granada.
Com a união dinástica entre Castela e Aragão, e consequente formação do Reino de Espanha, estavam reunidas as condições para este novo Reino tornar-se uma grande potência a nível mundial, com a descoberta do Novo Mundo e consequente colonização e exploração económica.
O Reino de Leão esteve na génese de dois reinos que viriam a marcar profundamente a História mundial, Portugal e Espanha. A reconquista fortaleceu os condados mais próximos ao mundo islâmico, algo que a determinado ponto foi benéfico para o reino, mas o desenvolvimento destes condados provocou desejos e aspirações de autodeterminação nos mesmos, que em última instância provocaram a separação com Leão e marcaram o fim deste reino enquanto entidade independente.
References:
ÁLVAREZ PALENZUELA, Vicente (Coord.); Historia de España de la Edad Media, Ariel, 2002
GARCÍA DE CORTÁZAR, José Ángel; La Época Medieval, Alianza Editorial, 1988