Trypanosoma brucei

Trypanosoma brucei é um protozoário flagelado extracelular, parasita de mamíferos que que provoca uma doença denominada Tripanossomíase Africana.

Trypanosoma brucei

 

Trypanosoma brucei
Taxon não definido Filo Classe Ordem Família Género Espécie
Excavata Euglenozoa Kinetoplastae Trypanosomatida Trypanosomatidae Trypanosoma T. brucei

 

Distrib. Geográfica Ciclo de vida Hospedeiro intermediário Hospedeiro definitivo Doenças
África subsariana Heteroxeno Glossina sp.(mosca Tsé-Tsé) Humanos e outros mamíferos Tripanossomíase africana (Doença do sono, Nagana)

 

Características gerais
Estrutura Fusiforme com flagelo e membrana ondulante
Reprodução Assexuada por cissiparidade
Tamanho 16 – 42 µm
Formas parasitárias Tripomastigota e epimastigota

 

Trypanosoma brucei é um protozoário do género Trypanosoma. Este parasita é transmitido ao ser humano e a outros mamíferos através da picada de uma mosca do género Glossina, conhecida como mosca Tsé-Tsé, portadora do parasita, após esta ter sido infetada através da ingestão de sangue humano ou animal contaminado. Existem três subespécies de Trypanosoma brucei que causam quer a Tripanossomíase Humana Africana, conhecida como doença do sono, quer a Tripanossomíase animal, conhecida como Nagana, em várias espécies de ruminantes. Estas doenças ocorrem exclusivamente em países da África Subsariana onde são observadas as moscas Tsé-Tsé.

Perspetiva histórica

Este protozoário hemoflagelado foi descoberto em 1894 por David Bruce, um microbiologista escocês que investigava as causas da doença conhecida como Nagana que dizimava o gado numa região de África do Sul. Mais tarde, o parasita foi denominado Trypanosoma brucei por Plimmer e Bradford, em homenagem a David Bruce.

Ao longo do tempo, foram identificadas diferentes subespécies: T. brucei brucei que infeta várias espécies de ruminantes e é uma das espécies que causa a doença Nagana em ruminantes domésticos e selvagens; T. brucei gambiense e T. brucei rhodesiense, identificados, pela primeira vez, respetivamente no Gâmbia e na antiga Rodésia, causam a doença do sono no ser humano.

T. brucei gambiense encontra-se restrito a África central e ocidental e provoca uma doença tipicamente crónica enquanto T. brucei rhodesiense está restrito a África oriental e do sudeste e provoca uma doença tipicamente aguda. Estas duas subespécies não se distinguem morfologicamente, apenas técnicas de biologia molecular permitem diferenciá-las.

Vetor

Trypanosoma brucei possui um ciclo de vida heteroxeno, ou seja parte dele acontece num hospedeiro intermediário também chamado vetor. Os vetores desta espécie parasita são dípteros hematófagos do género Glossina, conhecidos vulgarmente como moscas Tsé-Tsé. Foram identificadas diferentes espécies de Glossina que transmitem as diferentes subespécies de T. brucei aos hospedeiros vertebrados. Glossinas do subgénero palpalis (G. palpalis, G. tachinoides, G. fuscipes) são vetores de T. brucei gambiense. Estas moscas desenvolvem-se nas florestas tropicais e junto aos rios. T. brucei rhodesiense e T.brucei brucei são transmitidos por glossinas do subgénero morsitans (principalmete G. morsitans, G. pallidipes e G. swynnertoni), encontradas na savana.

Ciclo de vida

Os tripanossomas desta espécie apresentam duas formas ao longo do seu ciclo de vida (Fig. 1), a forma tripomastigota e a forma epimastigota.

Fig. 1. Ciclo de vida de Trypanosoma brucei

Fig. 1. Ciclo de vida de Trypanosoma brucei

  1. T. brucei é um tripanossoma do tipo salivaria. A forma infetante, tripomastigotas metacíclicos, desenvolve-se na região anterior do tudo digestivo da mosca Tsé-Tsé (glândulas salivárias e probóscide) e é transmitida ao mamífero através da picada;
  2. Após a picada, podem observar-se tripanossomas no sangue do mamífero. Estes multiplicam-se, sob a forma tripomastigota, por fissão binária longitudinal e espalham-se rapidamente pelo sangue, linfa e líquido cefalorraquidiano;
  3. Quando uma mosca Tsé-Tsé pica o mamífero infetado para se alimentar, ingere sangue com tripomastigotas;
  4. Os tripomastigotas multiplicam-se por fissão binária longitudinal no intestino anterior da mosca e transformam-se em epimastigotas;
  5. Os epimastigotas deslocam-se até as glândulas salivárias;
  6. Nas glândulas salivárias, os epimastigotas multiplicam-se por fissão binária e transformam-se na forma infetante, tripomastigotas metacíclicos.

Um ciclo demora aproximadamente 3 semanas. Os reservatórios de T. brucei são principalmente o ser humano no caso de T. brucei gambiense e animais selvagens no caso de T. brucei rhodesiense e T. brucei brucei.

Diagnóstico

O diagnóstico faz-se por deteção dos tripanossomas no sangue e/ou líquido cefalorraquidiano e linfa. O sangue é centrifugado em tubos de hematócrito. Após a centrifugação, os tripanossomas localizam-se entre as fases de eritrócitos e de leucócitos. Podem ser visualizados por observação microscópica de esfregaços sanguíneos. Também existem testes sorológicos para deteção de tripanossomas.

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References:

  • Paniker, C.K. (2013). Haemoflagellates. In: Paniker, C.K. and Ghosh, S. Paniker’s Textbook of Medical Parasitology. 7th ed. New Dehli: Jaypee Brother Medical Publishers. p38-62.
  • Tille, P. (2013). Parasitology. In: Tille, P. Bailey & Scott’s Diagnostic Microbiology. 13th ed. Missouri: Elsevier Health Sciences. p546-704.
  • Zeibig, E. (2014). Hemoflagelados. In: Zeibig, E. Parasitologia Clínica: Uma abordagem clínico- laboratorial. 2nd ed. Rio de Janeiro: Elsevier. p104-128.
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