Quinoa

A quinoa (Chenopodium quinoa Willd.) é um pseudo-cereal e é uma planta nativa da região andina.

Produção e consumo de quinoa

A quinoa é um pseudo-cereal cultivada tradicionalmente para suster nutricionalmente as populações indígenas dos Andes.

Esta planta não pertence à família gramíneas (trigo, cevada, arroz, milho, etc) mas produz sementes que podem ser moídas e transformadas em farinha e pode ser usada como um cereal e é, por isso,  referida habitualmente como um pseudo-cereal.

As suas sementes  comestíveis (ver Figura 1) são pequenas, redondas e achatadas. A cor das sementes pode variar desde do branco ao cinzento e ao preto, ou pode ser amarelo e vermelho.

Quinoa é cultivada principalmente no Peru, Bolívia, Equador, Argentina, Chile e Colômbia, embora nos últimos anos tenha sido introduzida na Europa, na América do Norte e em África.

O consumo anual de quinoa na Bolívia e no Peru é de 2,37 kg/pessoa e 1,15 kg/pessoa, respectivamente, enquanto que nos Estados Unidos o consumo é de 0,03 kg/pessoa.

Esta planta é tolerante ao frio, ao sal e à seca e pode ser cultivada em grandes altitudes nas zonas de montanha.

A quinoa cresce em muitas altitudes diferentes, desde o nível do mar até a altura do planalto Altiplano boliviano e sob várias condições climáticas.

É uma das poucas culturas que cresce num solocom um elevado nível de salinidade no sul da Bolívia e no norte do Chile.

Figura 1 – Quinoa branca crua e cozida.

Figura 1 – Quinoa branca crua (à esquerda) e cozida (à direita).

A quinoa e o seu valor nutricional

A quínoa (ver tabela 1) possui um teor elevado de proteínas, lípidos e minerais (cinzas).

Tabela 1 – Tabela nutricional. Os nutrientes estão em g/100 g de material comestível. Fonte Vilcacundo & Hernandez-Ledesma, 2017.
Quinoa crua
Energia (kcal)

357–368

Proteína

13.1–16.7

Lípidos

5.5–7.4

Glúcidos

59.9–74.7

Fibra

7.0–11.7

Cinzas

2.7–3.8

 

O teor proteico das sementes de quinoa varia entre 13,1% e 16,7%, sendo superior ao teor proteico do arroz, da cevada, do milho e do centeio e ligeiramente superior ao do trigo.

Quanto ao tipo de proteínas encontradas na quinoa, as albuminas e as globulinas representam as principais proteínas de armazenamento, totalizando 35% e 37%, respectivamente. Também estão presentes as prolaminas mas em baixas concentrações.

A proteína da quinoa é considerada de boa qualidade devido a uma composição de aminoácidos equilibrada e à presença todos os aminoácidos essenciais.

A quinoa não tem glúten e, portanto, é adequado para pacientes celíacos.

O teor lipídico também é considerável representando 5.5–7.4 %, valor bem mais elevado do que do trigo e do arroz.

A composição lipídica é semelhante ao óleo de soja. Os ácidos gordos insaturados em maior quantidade são: o ácido linoleico  (49.0–56.4%), o ácido oleico (19.7–29.5%) e o ácido alfa-linolénico (8.7–11.7%). O ácido gordo saturado em maior quantidade é o ácido palmítico (≈10%).

Quanto às vitaminas (ver Tabela 2), a riboflavina (B2), a piridoxina (B6) e o ácido fólico também são mais altos do que os da maioria dos outros grãos, como trigo, arroz, cevada e milho. A vitamina E está em maior concentração que no trigo.

Contudo, o teor de tiamina é inferior ao da aveia e da cevada.

 

Tabela 2 – Teor de vitaminas da quinoa. Fonte Vilcacundo & Hernandez-Ledesma, 2017.
Vitaminas      Quantidade (mg/100 g de matéria seca
Ácido ascórbico (C)      

4.0–16.4

Ácido fólico (B9)

0.2 0.1

Niacina (B3)

1.1–1.5

Piridoxina (B6)

0.5 0.3

Riboflavina (B2)

0.3–0.4

Tiamina (B1)

0.3–0.4

Tocoferol (E)

2.6–5.4

O teor mineral da quinoa (ver Tabela 3) varia consideravelmente. As suas sementes apresentam um alto teor de cálcio, magnésio, ferro, cobre e zinco.

 

Tabela 3 – Teor de minerais da quinoa. Fonte Vilcacundo & Hernandez-Ledesma, 2017.
Minerais      Quantidade (mg/100 g de matéria seca) 
Cálcio

27.5–148.7

Cobre

1.0–9.5

Ferro

1.4–16.7

Fósforo

140.0–530.0

Magnésio

26.0–502.0

Potássio

696.7–1475.0

Sódio

11.0–31.0

Zinco

2.8–4.8

Além dos nutrientes, a quinoa contém compostos amargos e tóxicos, especialmente na casca e, por isso, as sementes são frequentemente polidas e lavadas.

As saponinas constituem o fator antinutricional mais abundante na quinoa.

 

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References:

  • Nowak, V. et al. (2016). Assessment of the nutritional composition of quinoa (Chenopodium quinoa). Food Chemistry, 193: 47–54.
  • Vilcacundo, R. & Hernandez-Ledesma, B. (2017).Nutritional and biological value of quinoa (Chenopodium quinoa ). Current Opinion in Food Science, 14:1–6.
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