Onychophora

Os Onychophora são um grupo de organismos muito antigo à face da Terra e que pouco se tem alterado ao longo dos últimos 530 milhões de anos.

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Onychophora (Fonte:  Thomas Stromberg)

Os Onychophora são um grupo de organismos muito antigo à face da Terra e que pouco se tem alterado ao longo dos últimos 530 milhões de anos. Colonizaram os habitats terrestres com sucesso e, tal como os anelídios e os artrópodes, exibem um corpo segmentado, bem como, algumas características intermédias entre estes dois grupos. Por todos estes motivos, muitos investigadores consideram-nos ‘fósseis vivos’ ou ‘elos perdidos’.

Os Onychophora extantes ocupam, essencialmente, ecossistemas húmidos e resguardam-se em covas ou outro tipo de abrigos durante os períodos secos, ficando inactivos. Algumas espécies passam por períodos de muda a cada duas semanas. Este grupo compreende a família Peripatidae com distribuição geográfica circumtropical, e a família Peripatopsidae representada ao longo da faixa austral.

Onychophora no registo fóssil

Os Onychophora foram um dos grupos de organismos que se diversificou durante o período de explosão de vida do Câmbrico. Os seus vestígios fósseis foram encontrados nas camadas estratigráficas datadas do Câmbrico Médio, em diversas regiões do globo, como os vestígios da espécie Aysheaia pedunculata recolhida nos famosos depósitos de Burgess Shale no Canadá, e da espécie Aysheaia prolata, encontrada num depósito similar em Utah. Outros fósseis foram também detectados em depósitos Câmbricos na China e na Suécia.

Um dos vestígios fósseis mais famosos deste grupo pertence ao género Hallucigenia. Este espécime foi inicialmente interpretado numa orientação invertida e, só mais tarde, os cientistas se aperceberam que o estavam a observar de cabeça para baixo e que se tratava de um onicóforo com longas espinhas dorsais.

Plano corporal dos Onychophora

Os Onychophora assemelham-se a lagartas e o seu tamanho pode variar entre dimensões de 5 milímetros a 15 centímetros. Os machos de uma dada espécie são sempre mais pequenos que as fêmeas e exibem um número inferior de patas. Todas as espécies de onicóforos são dióicas (apenas se conhece uma espécie partenogénica).

A cefalização é pouco marcada neste grupo e o corpo é bastante homogéneo. Possuem três pares de apêndices na região da cabeça, um par de antenas, um único par de mandíbulas, e um par de papilas orais adjacentes às mandíbulas. Possuem também lábios circulares ao redor das mandíbulas. As antenas têm uns olhos arredondados na base. Exibem entre 13 a 43 pares de patas em forma de saco (lobópodes). Estes apêndices locomotores não são segmentados, nem possuem músculos metamerizados.

A maioria dos onicóforos exibe uma coloração distinta que pode ser azul, verde, laranja ou preta. O corpo está revestido por uma fina cutícula de quitina que sofre mudas periódicas, tal como acontece com os artrópodes. Porém, a cutícula não é calcificada à semelhança do revestimento externo dos anelídios. É fina, flexível e permeável, sem placas articuladas nem estruturas esclerotizadas. Abaixo da cutícula, há uma fina camada de epiderme que recobre o tecido conectivo dérmico e várias camadas de músculos circulares, diagonais e longitudinais. A superfície do corpo é recoberta por tubérculos em forma de papilas, organizados em bandas ou anéis que revestem o tronco e os diversos apêndices. Estes tubérculos são revestidos por pequenas escamas.

Exibem um verdadeiro celoma apenas na região das gónadas, tal como os artrópodes. O hemocelo é semelhante ao dos artrópodes e está dividido em seios, incluindo um seio pericárdico dorsal.

Principais sistemas de órgãos

O sistema circulatório é também semelhante ao dos artrópodes. Possuem um coração tubular, aberto em cada extremidade e um par de ostia (aberturas) laterais em cada segmento. Têm um sistema único de canais vasculares subcutâneos – canais hemais. As trocas gasosas ocorrem através de traqueias que comunicam com o exterior por pequenos espiráculos. Possuem também um par de nefrídios em cada segmento, excepto na região das gónadas.

O sistema nervoso apresenta uma estrutura intermédia entre o tipo do dos anelídios e o dos artrópodes. É constituído por um grande gânglio cerebral bilobado, posicionado dorsalmente à faringe. Deste gânglio partem nervos em direcção às antenas, aos olhos e à região oral. Uma formação de gânglios surge em cada segmento dando origem a nervos que se estendem aos apêndices e à parede corporal. A superfície do corpo é revestida por pêlos sensoriais. Estas estruturas poderão ser homólogas dos pêlos que exercem uma função semelhante nos artrópodes e nos tardígrados.

 

 

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References:

Morera-Brenes, B. (2012). Los onicóforos, fósiles caminantes. El Salvador Ciencia & Tecnología, 17(23), 8-13.

Brusca, Richard C.  and Brusca, Gary J. (2002). Invertebrates. Sinauer Associates, 2ª Edição.

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