A nitrogenase é uma enzima que converte o azoto gasoso atmosférico (N2) em amoníaco (NH3), sendo responsável pela fixação biológica do azoto.
Esta enzima é extremamente sensível ao oxigénio molecular (O2) e, por isso, só funciona em meios anóxicos (isto é, ausentes de oxigénio).
A enzima é um complexo proteico formado por duas proteínas distintas e é produzida por organismos procariotas, tanto por bactérias como por arqueas.
A nitrogenase é um complexo proteico enzimático
O complexo enzimático nitrogenase é constituído por duas proteínas diferentes. A primeira é apelidada de dinitrogenase redutase e a segunda só de dinitrogenase. A palavra dinitrogenase é uma referência aos dois átomos de azoto (ou nitrogénio) que compõem a molécula de azoto gasoso (N2).
Ambas proteínas contêm ferro (Fe), mas a dinitrogenase inclui também molibdénio (Mo). Assim, a dinitrogenase redutase também é chamada de proteína de ferro (abreviada em proteína Fe) e a dinitrogenase também é chamada de proteína de proteína de ferro-molibdénio (abreviada para proteína Mo-Fe).
A dinitrogenase redutase / proteína de ferro é formada por duas subunidades proteicas idênticas, formando um homodímero (α2) de 64 kDa. Tem como função fornecer eletrões à outra enzima, a proteína Fe-Mo. Esta redutase vai adquirir os eletrões a moléculas como a ferrodoxina ou a flavodoxina. A transferência de eletrões é feita à custa da energia química fornecida pela molécula de ATP. Por cada eletrão cedido à dinitrogenase, duas moléculas de ATP são hidrolisadas.
A dinitrogenase /proteína de ferro-molibdénio é formada por quatro subunidades proteicas (duas α e duas β), formando um tetrâmero (α2β2) de 250 kDa. A proteína Fe-Mo é reduzida (isto é, recebe eletrões) pela proteína Fe. Após ter sido reduzida, a proteína Fe-Mo, por sua vez, reduz a molécula de azoto.
Existem nitrogenases alternativas que não contêm molibdénio. Em vez disso, usam só ferro ou então ferro e vanádio (V).
A redução do azoto pela nitrogenase
Por cada molécula de azoto (N2) são produzidas duas moléculas de amoníaco (NH3). No total, são consumidos oito eletrões, oito protões e dezasseis moléculas de ATP a fim de gerar duas moléculas de amoníaco e uma molécula de hidrogénio (H2), como se mostra na reação abaixo:
N2 + 8 H+ + 16 ATP + 8e− → 2 NH3 + H2 + 16 ADP + 16 Pi
Nesta reação catalisada pela nitrogenase, há uma transferência de eletrões na sequência que se segue:
Dador de eletrões (ferredoxina ou flavodoxina) |
→ | dinitrogenase redutase | → | dinitrogenase | → | N2 |
Assim, os eletrões necessários para a redução do N2 são doados pelas proteínas ferredoxina ou flavodoxina. Estas, por sua vez, são reduzidas com a oxidação do piruvato.
A nitrogenase é inibida pelo oxigénio
A presença de oxigénio inativa irreversivelmente a dinitrogenase redutase. Mesmo assim, várias bactérias fixadoras de azoto são aeróbicas. Nestes organismos, a nitrogenase pode ser protegida por uma acelerada respiração que consome o oxigénio ou pela formação de uma camada de materiais orgânicos a envolver as células e retardando o acesso do oxigénio.
Outros organismos, como as cianobactérias, desenvolveram células especiais, chamadas heterocistos, com o interior anóxico onde ocorre a fixação do azoto.
A nitrogenase e a importância da fixação do azoto
Cerca de 80% da atmosfera da Terra é composta por azoto (N2) mas apenas os organismos fixadores de azoto o conseguem usar. Estes organismos ao converterem o azoto atmosférico numa forma biodisponível têm a vantagem de o poderem posteriormente incorporá-lo em aminoácidos e em ácidos nucleicos, os blocos de construção das proteínas e do ADN.
A nitrogenase também está presente nos rizóbios que são bactérias que estabelecem uma simbiose com as leguminosas, dispensando-as da necessidade de fertilizantes azotados.
References:
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