Conceito de floresta
Floresta é a designação atribuída a uma comunidade biológica cujos principais componentes são as árvores. Existem diversas definições de floresta, o que pode tornar difícil a atribuição de uma definição que não seja abstracta.
Uma floresta pode ser definida como uma comunidade de árvores que apresenta estratificação e cujos elementos se encontram próximos uns dos outros, a capacidade de regulação do fluxo de energia e de matéria é outra das características cuja presença assegura a existência de uma floresta.
Algumas definições indicam que uma floresta corresponde a uma área onde não ocorreu intervenção humana, esta exclui as áreas florestais que possuem o propósito de produção, outras definições consideram estas áreas como tratando-se de uma floresta.
Assumindo uma definição mais geral, as florestas podem ser divididas:
Floresta pristina
Corresponde a florestas que nunca sofreram a intervenção do ser humano. Praticamente são inexistentes, pois o Homem tem intervido de forma regular na gestão florestal. Um exemplo destas florestas são as florestas de Laurissilva, que ainda existem em certas zonas do Arquipélago da Madeira.
Floresta nativa
Esta corresponde a uma área seminatural que possui uma grande diversidade e cujas espécies dominantes têm porte arbóreo. Nestas áreas é possível encontrar diversas espécies de animais, plantas e fungos que contribuem para a sustentabilidade do ecossistema, além de contribuírem para a sobrevivência do ser humano, pois fornecem matérias-primas necessárias à alimentação ou saúde humana.
Estas áreas, além de fornecerem abrigo a diversos ser vivos, apresentar diversas outras funções como proteção contra a erosão, a filtração do ar (produção de oxigénio e consumo do dióxido de carbono), assim como muitas outras funções que contribuem para o equilíbrio ecológico do ambiente.
Povoamento florestal
Estas correspondem a florestas antropogénicas (plantadas pelo homem com um intuito de produção). Algumas destas florestas produzem árvores para a obtenção da sua madeira que será usada para produzir objetos (moveis, papel…). Outras são plantadas com o intuito de produzir frutos como fonte de alimentos (pomares, soutos).
Nestes habitats a diversidade é baixa, muitas vezes estas plantações correspondem a monoculturas, o que pode trazer um problema por causa das pragas (quando uma monocultura é atacada por uma praga toda a cultura vai acabar por ser infectada, o que não ocorreria numa policultura). Quanto à sua constituição podem corresponder a espécies nativas (preferencialmente) ou a espécies exóticas (maioritariamente). A sua gestão tem por base o interesse económico, particularmente a obtenção de lucro.
As definições mais restritivas excluem as florestas antropogénicas (aquelas que foram criadas pelo ser humano), devido à ausência de uma grande diversidade de espécies, uma vez que se tratam de florestas para produção (cujo grande objectivo é a produção de madeira ou de outros recursos provenientes das árvores) e porque privilegiam muitas vezes a monocultura, por exemplo, as florestas de eucalipto com o intuito de produzir papel.
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A floresta em Portugal:
Em Portugal é possível encontrar dois dos tipos de floresta mencionados (floresta nativa e floresta antropogénica). O único local, em Portugal, onde é possível encontrar floresta pristina é no arquipélago da Madeira.
Tradicionalmente, a floresta portuguesa é composta por espécies caducifólias a norte e por espécies perenes a sul, particularmente devido ao clima distinto que estas duas zonas do país apresentam. Os arquipélagos possuem climas muito próprios que se diferenciam dos presentes no continente.
A flora arbórea portuguesa (continental) é rica em diversas espécies de carvalho (género Quercus), além de existirem diversas outras espécies como pinheiros (pinheiro-manso e pinheiro-bravo, mas normalmente os pinheiros encontrados correspondem a espécies plantadas), freixos, ulmeiros, amieiros, choupos, salgueiros entre muitas outras.
Estas espécies surgem de forma espontânea nas zonas cujas condições abióticas são as mais adequadas, no entanto, devido aos diversos incêndios que têm devastado as zonas florestais, nos últimos anos têm ocorrido campanhas para a reintrodução das espécies, não esperando pelo seu surgimento espontâneo.
Grande parte das zonas florestais correspondem a terrenos privados, o que favorece a existência de inúmeras florestas plantadas. Entre estas florestas são comuns as florestas de eucalipto e os pinhais (com propósito de produção).
Portugal já possuiu zonas florestais muito densas, mas actualmente a mancha florestal pristina está muito degradada, sendo comum encontrar apenas pequenos redutos que se encontram protegidos devido à sua importância. A destruição destas manchas florestais deveu-se às alterações climáticas, assim como a diversos fatores antropogénicos.
Os incêndios que têm afetado Portugal nos últimos anos, têm contribuído para a destruição das florestas nativas. Estes devem-se a negligência, à ação criminosa ou ainda à intervenção de espécies (exóticas) que foram escolhidas para a plantação e que favorecem a propagação dos incêndios.
O abate das árvores para a construção de infraestruturas, como casas ou estradas, é outra das causas para o desaparecimento das florestas, assim como o abate para a utilização de madeira como matéria-prima na construção de mobiliário. O uso de terrenos para a agricultura também tem levado ao abate das árvores com a consequente perda de floresta.
Devido ao desequilíbrio em que se encontram os ecossistemas florestais portugueses, muitas espécies de árvores têm vindo a desaparecer devido a doenças que atacam quer os seus vasos condutores, quer as suas raízes levando à morte dos espécimes contaminados e à contaminação de outros indivíduos, provocando o desaparecimento das espécies em ambiente natural.
A perda da floresta traz problemas a diversos níveis. A nível social, a perda da floresta pode trazer a perda de empregos e consequentemente a perda de salários, por famílias que já se encontram socialmente desequilibradas.
A nível económico a perda das florestas traz diversos encargos divido à necessidade de replantação destas áreas, além da consequente perda de lucros derivados da sua exploração.
As perdas a nível ecológico são diversas e podem afectar diversos sectores da sociedade. O principal problema ambiental prende-se com a perda de diversidade. Esta perda causa problemas no que toca à produção alimentar, à obtenção de recursos e matérias-primas.
Outros problemas podem surgir, como a perda de terrenos férteis, uma vez que a erosão pode a afetar estes terrenos. Outra consequência é a diminuição da produção de oxigénio e um aumento da produção de dióxido de carbono, levando a um aumento das chuvas ácidas e das alterações climáticas.
A prevenção dos incêndios e a gestão florestal tem vindo a assumir uma grande importância na sociedade, pois são formas de controlar e proteger um bem que é muito importante para o meio ambiente e para a comunidade.
Palavra-chave:
- Comunidade biológica
- Árvore
- Incêndios
- Desflorestação
References:
- Carvalho, João. Floresta autóctone. Floresta comum. Consultado em: Agosto 17, 2015, em http://www.florestacomum.org/floresta-autoctone/
- Fernandes, Ana; Albuquerque, Raquel. Rica, versátil, generosa: Eis a floresta portuguesa. Jornal Publico. Consultado em: Agosto 17, 2015 em http://publico.pt/floresta-em-perigo/floresta
- (2005) Sobre a importância das florestas. Departamento de Ambiente e Qualidade de Vida – Câmara Municipal da Maia. Consultado em: Agosto 17, 2015, em http://ambiente.maiadigital.pt/ambiente/floresta-1/mais-informacao-1/sobre-a-importancia-das-florestas