Define-se como a disciplina que estuda os fenómenos vitais e as funções dos diferentes órgãos dos seres vivos. A palavra Fisiologia, que etimologicamente deriva do grego, “physis” e “logía”, significa a “ciência natural”. O objetivo primordial da fisióloga é a descrição das atividades, fenómenos e alterações dos sistemas orgânicos, analisando e interpretando todos os fenómenos à luz da Química e da Física. Pode-se dividir a Fisiologia em dois grandes grupos: Fisiologia Geral e Fisiologia Comparada. A Fisiologia Geral interessa-se pelos fenómenos comuns a todos os organismos vivos, vegetais ou animais, e, geralmente, o seu material de estudo encontra-se a um nível celular de organização. A Fisiologia Comparada estuda as semelhanças e diferenças entre as atividades dos diferentes seres vivos.
A Fisiologia pode incorporar diversas disciplinas, tais como:
- Fisiologia Humana;
- Fisiologia Animal;
- Fisiologia Vegetal;
- Fisiologia Celular;
- Fisiologia Molecular;
- Fisiologia Ambiental;
- Fisiologia Evolutiva.
Evolução da Fisiologia ao longo da História
Na Grécia antiga, embora de uma forma rudimentar, já se estudava a Fisiologia. Estes estudos eram baseados em especulação filosóficas. Para os filósofos gregos, existiam no Homem quatro “humores”: bílis negra, fleuma, bílis amarela e sangue; o temperamento de um indivíduo era determinado pela preponderância do “humor”. No século II aparece o primeiro Fisiologista experimental, Cláudio Galeno (129 – 199 ou 217). E só no século XVI com Miguel Servet (1511-1553) se consegue a primeira grande descoberta na investigação em fisiologia, ao descrever a circulação do sangue. Com o aparecimento de técnicas como a excisão e transplante de órgãos, a cirurgia tornou-se um método importante no estudo da função de diversos órgãos, como o sistema nervoso central e as glândulas endócrinas. A aplicação do microscópio a materiais biológicos por Anton Leeuwenhoek (1632 – 1723) e o seu posterior aperfeiçoamento permitiram conhecer a estrutura pormenorizada dos músculos, ossos e nervos, do cérebro e das glândulas exócrinas e endócrinas, e interpretá-las à luz da sua função. A cultura de células e tecidos conduziram a descobertas importantes no campo da reprodução, crescimento, transformação celular, cicatrização, entre outros. Mais recentemente, também se incluiu o microscópio eletrónico na investigação fisiológica. Do que diz respeito à evolução da maquinaria aplicada à Fisiologia, Carl Ludwig (1816 – 1895), foi um inventor extraordinário de alguns dos equipamentos que contribuíram para esse fim. O quimógrafo, para registar movimentos, e o contador de corrente, para medir a velocidade do sangue, foram criados por este fisiologista alemão. Acrescentam-se também outros equipamentos bastante utilizados na Fisiologia, como o pletismógrafo, que regista as alterações do volume dos órgãos internos, e o esfigmomanómetro, que regista a variação da pressão arterial. O avanço da Química permitiu uma melhor compreensão das atividades fisiológicas, como os constituintes do sangue; as fases da absorção intestinal, o mecanismo de coagulação sanguínea, as enzimas da cadeia respiratória e a sua regulação, a síntese de numerosas hormonas, a natureza do impulso nervoso, etc. Os métodos físicos, pela sua exatidão, permitiram fortes avanços da Fisiologia: a medição de potenciais elétricos e alterações térmicas, o uso de técnicas óticas de fotografia, raios X, entre outros. Desta forma, surge o oscilógrafo de raios catódicos que é usado para medir o potencial de ação ou a manifestação elétrica da atividade da matéria viva (como por exemplo: o eletrocardiograma ou o eletroencefalograma). Atualmente continuam os estudos a nível molecular para um eventual domínio e compreensão do cancro e da S.I.D.A.
Outras personalidades que contribuíram para o desenvolvimento da Fisiologia:
- Claude Bernard (1813 – 1878)
- Karl Kronecker (1839 – 1914)
- Henry Bowditch (1840 – 1911)
- Angelo Mosso (1846 – 1910)
- Carl Voit (1831 – 1908)
- Wilhelm Kuhne (1837 – 1900)
- Walter Cannon (1871 – 1945)
- Arturo Stearns (1900 – 1970)