Conceito de WMS
A WMS, por extenso Wechsler Memory Scale, é uma escala de avaliação da memória desenvolvida por David Wechsler. Esta escala encontra-se validada para a população portuguesa, sendo atualmente utilizada a versão WMS-III.
À semelhança da WAIS-III, a WMS-III é implementada com indivíduos adultos de idades compreendidas entre os 16 e os 89 anos. Inclusive é frequente a aplicação destes dois instrumentos em situações nas quais se realize uma avaliação cognitiva, comparando-se então os resultados obtidos ao nível da capacidade intelectual com os resultados obtidos ao nível do funcionamento mnésico.
Pertinência da WMS
A pertinência da WMS decorre da necessidade de avaliar indivíduos com queixas ao nível do funcionamento mnésico, tendo em vista auxiliar no diagnóstico de disfunções desta natureza ou ainda avaliar a sua evolução. Frequentemente, é utilizada quando se coloca a hipótese de ocorrência de demências ou outros quadros neurodegenerativos
A WMS apresenta um conjunto de subtestes que pretendem avaliar diferentes tipos de memória, designadamente a memória de curto prazo, memória de longo prazo e memória de trabalho, nas suas formas auditiva e verbal.
Subtestes e funções avaliadas
Os subtestes apresentam assim tarefas que incluem a capacidade de aprender e recuperar em memória, quer através da evocação quer através do reconhecimento, após apresentação de estímulos verbais e auditivos. Avalia ainda a atenção (simples e complexa), a codificação da informação em memória e a perceção visual.
De um modo geral, a WMS permite não só avaliação global da memória, mas também uma avaliação detalhada que informa sobre os tipos de memória que se encontram preservados e aqueles que eventualmente se encontram deteriorados, assim como sobre eventuais diferenças na preservação das modalidades auditiva e verbal. Também ao nível dos processos de recuperação (evocação e reconhecimento) podem ser encontradas diferenças que contribuem para a compreensão da queixa e para o planeamento adequado da intervenção.
Interpretação
Após aplicação e cotação da escala, deve ser realizada uma avaliação intra-individual, ou seja, comparando os resultados obtidos pelo indivíduo nos diferentes tipos de memória, modalidades de memória e processos de recuperação.
Além desta e à semelhança do que se verifica na WAIS, também na WMS os resultados obtidos pelo indivíduo são comparados com as referências para o seu grupo etário e de acordo com a sua cultura. A avaliação inter-individual, permite situar o indivíduo em termos do que se considera normativo e esperada numa determinada idade.
A avaliação cognitiva ao nível do funcionamento mnésico, tal como se verifica na avaliação do funcionamento intelectual (inteligência), deve ser complementada com a avaliação da personalidade e de fatores emocionais. Esta complementaridade é importante já que determinadas queixas ou sintomas podem decorrer da influência destes.
Desta situação é exemplo a frequente interferência de sintomas ou perturbações de ansiedade no desempenho de tarefas que impliquem a atenção e memória. Também em quadros depressivos se verificam algumas alterações a nível de processos cognitivos, contudo diferentes qualitativamente daqueles presentes em quadros de demência. Neste sentido a WMS tem sido utilizada no auxílio ao diagnóstico diferencial entre demência e depressão, necessidade de avaliação frequente na idade adulta avançada quando colocada a hipótese de manifestações de senilidade.
Palavras-chave: WMS; Wechsler; memória; processos cognitivos
References:
- Groth-Marnat, G. (2003). Handbook of Psychological Assessment. New Jersey: John Wiley & Sons, Inc.