Obsessão
A obsessão trata-se de uma perturbação que acarreta pensamentos e sentimentos irracionais, provocadores de desconforto mental. O indivíduo tem, habitualmente, a noção de que se trata de uma perturbação mental que ele não consegue controlar.
A palavra “obsessão” segundo a revisão bibliográfica de Moura (2008) deriva do prefixo “ob” que significa “contra, a despeito de…” mais “stinere” que significa “posição própria” o que nos demonstra, claramente, a dificuldade do indivíduo em equilibrar pensamentos e sentimentos seus, e a realidade (Moura, 2008).
De acordo com os estudos de Dias (2008) a obsessão é caracterizada por pensamentos sistemáticos, intrusivos e persistentes que levam o indivíduo a sentir-se inquieto, o que, por consequência, lhe provoca mal estar.
Moura (2008) vai ao encontro desta teoria quando refere que a obsessão provoca sofrimento pessoal e social ao indivíduo, até porque ele tem a noção de que os seus pensamentos e sentimentos são excessivos e sem fundamento, por assumirem contornos patológicos.
Segundo Freud (1909) “a linguagem de uma neurose obsessiva, ou seja, os meios pelos quais ela expressa seus pensamentos secretos, presume-se ser apenas um dialeto da linguagem da histeria” (Freud, 1090, p. 143, cit in Moura, 2008).
A patologia pode assumir vários contornos como tendência para limpezas obsessivas tais como lavar-se compulsivamente ou limpar a casa com a mesma insistência, organização patologicamente metódica, vistoria à casa toda para garantir que tudo está desligado e trancado, contagem repetitiva de objetos, superstição em excesso, entre outros (Dias, 2008).
O processo psíquico inerente a este comportamento obsessivo, diz respeito a uma desorganização interna que o indivíduo não consegue contornar e que o faz, de alguma forma, compensar a ansiedade provocada pelo mesmo, através da organização externa excessiva (Dias, 2008).
O arrumar obsessivamente do mundo exterior, permite que o indivíduo tenha uma sensação interna de organização, temporária, ou seja, por exemplo, ele lava frequentemente as mãos, porque está, sistematicamente, a pensar que as mesmas estão cheias de bactérias, pelo que, enquanto não o fizer, não consegue bloquear esse pensamento (Dias, 2008).
Frequentemente, aquando do desenrolar do processo, a pessoa compreende que o seu comportamento é obsessivo e tenta resistir, o que faz com que os seus níveis de ansiedade subam acentuadamente porque não consegue controlar os pensamentos exaustivos, o que remete, inevitavelmente, para a necessidade de uma psicoterapia (Dias, 2008). Este processo de tratamento, por sua vez, visa trabalhar questões psicológicas e emocionais relacionadas com a perturbação (Dias, 2008).
Como na maioria dos casos de perturbações psicológicas, a obsessão também se relaciona com acontecimentos de vida, como por exemplo, uma infância interpretada como ameaçadora e que leva à ideia de que a necessidade de controlar tudo se torna constante, embora, muitas vezes, a obsessão se manifeste mais tarde (Dias, 2008).
No entanto, é importante compreender as diferenças entre obsessão e saúde mental já que a obsessão tem por norma contornos relacionados com meticulosidade, controlo, dúvida, insegurança, intolerância, desconfortando muito o indivíduo (Moura, 2008).
Um dos acontecimentos de vida que pode despoletar uma obsessão é uma educação muito rígida cujos pais sejam bastante focados na performance escolar da criança, aumentando os seus níveis de ansiedade na tentativa de corresponder às expectativas, o que acaba por limitar a possibilidade de o indivíduo deixar o seu próprio eu manifestar-se (Dias, 2008).
Segundo os critérios do DSM-IV (manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais) é necessário fazer uma avaliação do grau da obsessão e da ansiedade que a mesa provoca, como resposta defensiva, já que tudo começa por manifestar-se através da segunda questão (Moura, 2008).
Conclusão
A revisão bibliográfica acerca da obsessão permite-nos perceber que a mesma se caracteriza pelo descontrolo do indivíduo face aos seus pensamentos, sentimentos e emoções e que esta incapacidade de estabelecer um equilíbrio psicológico, acarreta descontrolo e mal estar. A obsessão traz ainda obstáculos quanto às relações sociais e mesmo individualmente, uma vez que o indivíduo não consegue sentir-se confortável consigo mesmo.
References:
- Dias, A.R. (2008). Obsessão- Compulsão. [em linha] PT O PORTAL DOS PSICÓLOGOS. Acedido a 28 de agosto de 2016 em http://www.psicologia.pt/artigos/ver_opiniao.php?obsessao-compulsao&codigo=AOP0176;
- Moura, J. (2008). Transtorno Obsessivo-Compulsivo: Visão Psicanalítica. [em linha] PSICOLOGADO. Acedido a 28 de agosto de 2016 em https://psicologado.com/psicopatologia/transtornos-psiquicos/transtorno-obsessivo-compulsivo-visao-psicanalitica.