Nível sócio económico (NSE)
O NSE diz respeito, às possibilidades de acesso do indivíduo a diferentes ofertas tais como a educação, a cultura e as questões financeiras. Trata-se de uma questão que se traduz, frequentemente, no desenvolvimento mais ou menos limitado a que o indivíduo tem acesso.
Segundo os estudos d Feitosa, Matos, Prette e Prette (2005) o NSE influencia significativamente diferentes aspetos da vida tais como o quociente de inteligência (qi), como se verifica nas pesquisas dos autores, em relação a diferentes estudos. Nesse sentido, alunos provenientes de NSE mais elevado, têm, habitualmente, também, resultados mais altos no que diz respeito à avaliação do seu qi (Feitosa, Matos, Prette, & Prette, 2005).
Na mesma linha teórica, as pesquisas levadas a cabo por Viguer e Serra (2008) confirmam a grande influência exercida pela família n que diz respeito ao desenvolvimento das crianças, tendo em conta o NSE.
Esta situação advém da maior variedade e do maior acesso a diferentes oportunidades que os mesmos têm, tanto no que diz respeito ao desenvolvimento físico, como ao emocional ou ao intelectual, além da estimulação constante das suas capacidades (Feitosa, Matos, Prette, & Prette, 2005).
A maioria destes indivíduos tem, também, mais facilidade de acesso a bens culturais, pelo que, mesmo no seu ambiente familiar, todo o contexto está recheado de informação de nível académico e psicológico, que permite que os mesmos tenham acesso privilegiado a diferentes estímulos (Feitosa, Matos, Prette, & Prette, 2005).
Ao contrário, no caso de indivíduos provenientes de NSE mais desfavorecido, o fato de o acesso a diferentes estímulos e ofertas ser mais limitado, leva a que os mesmos tenham, por vezes, mais dificuldades de aprendizagem e de desenvolvimento aos diferentes níveis acima expostos (Feitosa, Matos, Prette, & Prette, 2005).
A par destas limitações, os próprios pais de alunos provenientes de NSE mais baixo, tendem também a envolver-se menos no desenvolvimento destes, não usando estratégias como os passeios, as atividades em conjunto e até mesmo o acesso a brinquedos (Feitosa, Matos, Prette, & Prette, 2005).
Isto significa que o NSE está diretamente ligado tanto às estratégias usadas pelos pais no sentido de orientar os filhos, como no que concerne às crenças, aos valores e aos estilos de vida cujo efeito se traduz no desenvolvimento das crianças (Viguer, & Serra, 2008).
“La classe social ayuda a determinar el entorno físico em el que vive el niño, su vecindario, sus compañeros de juego, su acceso a los centros de salud, la composición de su alimentación las prácticas educativas de sus padres, la estrutura auoritaria de la familia, su estabilidade, el número de Hermanos y el tipo de educación que obtienen” (Viguer, & Serra, 2008).
A revisão bibliográfica verificada em alguns estudos demonstra ainda que estes segundos alunos têm um acesso ambiental mais restrito a espaços promotores de estimulação do estudo, como por exemplo, o auxílio, por parte dos pais, em relação aos trabalhos para casa (TPC) ou porque não têm tempo, ou mesmo porque não sabem ajudar (Feitosa, Matos, Prette, & Prette, 2005).
Nestes casos, normalmente, a prioridade dos pais é o sustento da família, a sobrevivência, e acabam por deixar de lado as questões de desenvolvimento igualmente importantes, em relação às quais, os filhos também precisam de bastante orientação (Feitosa, Matos, Prette, & Prette, 2005).
Algumas das estratégias mais importantes para estimular o desenvolvimento das crianças, às quais, normalmente, os alunos provenientes de NSE baixo, não têm acesso, são:
- Rotinas
- TPC com horários certos
- Ambiente adequado
- Orientação por parte dos pais
- Bibliotecas disponíveis
(Feitosa, Matos, Prette, & Prette, 2005).
Em ambientes cujo NSE se mostra precário, a relação entre os pais e a escola, é também, maioritariamente precária, e traduz-se em sentimento de culpa, uma vez que os mesmos já têm, frequentemente, a mesma experiência em relação aos filhos mais velhos, o que acaba por se traduzir num círculo vicioso (Feitosa, Matos, Prette, & Prette, 2005).
Além destas dificuldades e limitações, é habitual que os indivíduos provenientes de baixo NSE estejam habituados a formas de educação mais hostis como por exemplo, o uso da força e do castigo para monitorizar o seu comportamento (Viguer, & Serra, 2008).
Já no caso de alunos provenientes de NSE mais favorável, têm, normalmente, pais cuja adoção de práticas educativas passa pela comunicação e pela participação ativa no que diz respeito ao seu percurso escolar, como por exemplo, o frequentar da reuniões de turma (Viguer, & Serra, 2008).
Conclusão
De acordo com a revisão dos estudos podemos verificar como o NSE afeta diretamente questões associadas à aprendizagem, à cultura, à educação e ao desenvolvimento. Assim, jovens com fácil acesso a diferentes tipos de estímulos que facilitem o seu desenvolvimento nos vários aspetos, sejam eles emocionais, intelectuais, sociais, cognitivos, culturais, etc, são, na maioria das vezes, provenientes de NSE mais elevado. Já no caso dos indivíduos cujo acesso a diferentes tipos de estímulos como os supracitados, é mais limitado, vêm, muitas vezes, de NSE também mais desfavorável.
References:
- Feitosa, Fabio Biasotto, Matos, Margarida Gaspar, Prette Zilda A.P. Del., & Prette, Almir Del. (2005). Suporte social, nível socioeconômico e o ajustamento social e escolar de adolescentes portugueses. Temas em Psicologia – 2005, Vol.13, nº2, 129-138. Recuperado em 28 de novembro d 2016 de bvsalud.org/pdf/tp/v13n2/v13n2a05.pdf
- Viguer Segui, Paz, & Serra Desfilis, Emilia. (2008). Nível socioeconómico y calidad del entorno familiar em la infância. Cadernos de Psicopedagogia, 7(12), 00. Recuperado em 28 de novembro de 2016 de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-10492008000100007