Coordenação motora
A coordenação motora diz respeito à capacidade de controlar o nosso próprio corpo no espaço e no tempo, aumentando gradualmente com o crescimento.
De acordo com os estudos de Santos, Dantas e Oliveira (2004) para abordar a questão da coordenação motora, é preciso ter em conta que o ser humano passa por diferentes processos de desenvolvimento ao longo da vida.
Para se entender melhor o ponto de vista dos autores podemos referir que o ato de conseguir equilibrar-se de pé pela primeira vez e a perda da capacidade de se levantar no final da vida, são habilidades completamente diferentes (Santos, Dantas, & Oliveira, 2004).
Por esse motivo, a coordenação motora está diretamente ligada ao desenvolvimento motor, o qual, passa por várias mudanças ao longo da vida (Santos, Dantas, & Oliveira, 2004).
Dantas e Manoel (2009) corroboram estes trabalhos ao afirmar que a capacidade de coordenação motora é avaliada segundo a fase de desenvolvimento em que o ser humano se encontra, tendo em conta as capacidades que se espera obter do mesmo, dependendo dessa mesma fase.
Assim, o desenvolvimento motor ao longo da infância é aquilo que nos permite movimentarmo-nos e ter controlo sobre o nosso corpo, ou simplesmente, estarmos quietos (Santos, Dantas, & Oliveira, 2004).
É através da coordenação motora que somos capazes de andar, correr, saltar, manusear objetos, arremessar, agarrar, chutar, escrever, etc (Santos, Dantas, & Oliveira, 2004).
Alguns estudos indicam que estas atividades e outras tais como vestir-se, caminhar, alimentar-se, conduzir um carro, entre outras, são todas consideradas habilidades que exigem coordenação motora, mas que são consideradas básicas porque não necessitam de qualquer tipo específico de instrução (Dantas, & Manoel, 2009).
Em indivíduos com falta de coordenação motora, todas estas atividades básicas diárias, são realizadas com limitações ao nível da organização dos movimentos básicos (Dantas, & Manoel, 2009).
Pode concluir-se que precisamos da coordenação motora para realizar tarefas, necessidades e responsabilidades como, quando crianças, deslocarmo-nos para a escola e para casa ou mesmo para brincar (Santos, Dantas, & Oliveira, 2004).
Tendo em conta a polivalência de atividades e tarefas que o indivíduo adquire logo nos primeiros anos de vida, é fundamental que, ainda na fase de desenvolvimento correspondente à infância, seja suposto que se consiga dominar vários tipos de habilidades básicas (Santos, Dantas, & Oliveira, 2004).
Estas habilidades são importantes na medida em que são a alavanca necessária para adquirir capacidades mais complexas como a área artística, o desporto, o trabalho etc (Santos, Dantas, & Oliveira, 2004).
No entanto, quando o indivíduo não adquire a coordenação motora necessária para desempenhar tarefas básicas na infância, é-lhe mais difícil conseguir adquirir ferramentas para conciliar as capacidades motoras, mais tarde, quando precisa de desempenhar tarefas mais complexas e específicas (Santos, Dantas, & Oliveira, 2004).
Devido aos obstáculos que podem surgir ao longo do desenvolvimento, de carácter motor e de coordenação dos movimentos, é necessário que as dificuldades e/ou limitações existentes em relação a estas capacidades, sejam diagnosticadas o mais precocemente possível, isto é, ainda na infância (Santos, Dantas, & Oliveira, 2004).
Para fazer o diagnóstico e a intervenção adequada, é necessária uma equipa polivalente em que se deve incluir um médico, um fisioterapeuta, um educador físico e um terapeuta ocupacional (Dantas, & Manoel, 2009).
Estas podem ser observadas na presença de inconstâncias de desenvolvimento nos primeiros anos de vida (Santos, Dantas, & Oliveira, 2004).
De acordo com Dantas e Manoel (2009) algumas destas inconstâncias verificam-se no desfasamento que encontramos em relação às capacidades adquiridas por um indivíduo com dificuldades de coordenação motora, se comparado com a média de capacidades de outro indivíduo sem qualquer tipo de limitações motoras.
Segundo a Associação Psiquiátrica Americana (DSM-IV) (2002. Cit in Dandas, & Manoel, 2009) a dificuldade de coordenação motora diz respeito ao transtorno do desenvolvimento da coordenação e, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) (1993, cit in Dantas, & Manoel, 2009) trata-se ainda de um transtorno específico do desenvolvimento motor.
Apesar de se priorizar o diagnóstico o mais precocemente possível, isto é, na infância, o mesmo está sujeito a ser observado em qualquer faixa etária (Dantas, & Manoel, 2009).
Conclusão
A coordenação motora mostra-se como sendo a maior responsável pela nossa capacidade de equilíbrio e dos movimentos. Ela sofre várias mudanças ao longo do nosso desenvolvimento, pelo que, para compreender a maturidade da mesma, o indivíduo deve ser observado, do ponto de vista do controlo do seu próprio corpo, em diferentes faixas etárias, no sentido de perceber se está a desenvolver-se de acordo com o que é esperado para a sua idade.
References:
- Dantas, L.E.B.P.T., & Manoel, E.J. (2009). Crianças com dificuldades motoras: questões para a conceituação do transtorno de desenvolvimento e da coordenação. Movimento, Porto Alegre, v.15, n.03, p.293-313, julho/setembro de 2009. Disponível em http://www.producao.usp.br/handle/BDPI/14614
- Santos, S., Dantas, L., & Oliveira, J.A. (2004). Desenvolvimento motor de crianças, de idosos e de pessoas com transtornos de coordenação. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, v.18, p.33-44, agosto. 2004.