Conceito de Antipirético
O termo Antipirético designa aos fármacos utilizados para diminuir a febre através da diminuição da temperatura corporal.
As causas e o mecanismo da febre
A febre caracteriza-se pelo aumento da temperatura do núcleo corporal acima da variação diurna (entre os 38°C e os 41°C). Dos 37,5°C até aos 38°C denomina-se febrícula e acima dos 41°C hiperpirexia. Estes valores são para temperaturas medidas na axila.
A febre pode desencadear-se por múltiplos fatores, tais como: reações inflamatórias por agentes físicos (por exemplo: traumatismos, frio, calor, radiação), reações inflamatórias por agentes vivos (por exemplo: vírus e bactérias), necrose do tecido (por exemplo: enfarte do miocárdio e hemólise), algumas neoplasias e algumas alterações metabólicas (por exemplo: gota). Assim sendo, a febre apresenta-se como um importante alerta de patologia subjacentes. Já em 400 a.C., Hipócrates apontava a febre como um sinal com importante valor semiológico.
O mecanismo através do qual se desencadeia febre tem como base a libertação de citocinas pro-inflamatórias pelas células do sistema mononuclear fagocítico, denominadas pirogénicos endógenos. As citocinas pro-inflamatórias mais importantes neste mecanismo são: interleucina 1 (IL-1), fator de necrose tumoral α (TNF-α) e interleucina 6 (IL-6). A IL-6 atua sobre o endotélio do órgão vascular da lâmina terminal próxima ao hipotálamo (uma zona extremamente vascularizada) o que leva à produção de prostaglandina E2 (PGE2). Esta prostaglandina tem a capacidade de passar a barreira hematoencefálica e, assim, difunde-se livremente para o sistema nervoso central. Ao alcançar o centro termorregulador, a PGE2 interage com um recetor que despoleta uma cascata de reações que levam ao aumento do ponto de controlo da temperatura corporal.
Tipos e ação dos antipiréticos
Os antipiréticos são conhecidos por diminuírem a febre, através da diminuição da temperatura corporal. É importante referir que têm como único objetivo intervir sobre o mecanismo que eleva a temperatura corporal, não tendo efeito sobre a verdadeira causa que está na origem da febre.
Os antipiréticos podem assumir várias formas, desde substâncias endógenas a substâncias exógenas. As substâncias endógenas com atividade antipiréticas mais importantes são: hormona antidiurética (ADH), hormona melanócito-estimulante, glucocorticoides e algumas hormonas digestivas. As substâncias exógenas com ação antipirética que existem são os fármacos (figura 1). Todos estes fármacos têm mecanismo de ação semelhante: inibição das enzimas responsáveis pela biossíntese de prostaglandinas (COX-1, COX-2 e COX-3), levando à diminuição da concentração da PGE2 circulante, fazendo com que o ponto de controlo da temperatura corporal diminua para valores fisiológicos. O que os difere entre si são os efeitos secundários. Como exemplo de alguns fármacos temos:
- ácido acetilsalicílico, com o nome comercial de aspirina: inibe a COX-1;
- paracetamol, como o nome comercial de acetaminofeno ou ben-u-ron: inibe a COX-3 (variante da enzima COX-1);
- ibuprofeno e naproxeno: inibem a COX-1 e
- diclofenac e piroxicam: inbem a COX-2.
References:
Arellano J.L.P. (2013). Sisinio de Castro Manual de patología general (7ª edición). Elsevier Masson, Barcelona.
Ritter J., Flower R., Henderson G., Rang H. (2015). Rang & Dale’s Pharmacology (8thedition). Churchill Livingstone.