Thelonious Monk

Biografia do músico de jazz Thelonious Monk (1917-1982), um dos protagonistas do bebop e do desenvolvimento do jazz moderno.

Nascimento 10 de Outubro de 1917, Carolina do Norte, EUA
Morte 17 de Fevereiro de 1982, New Jersey, EUA
Ocupação Pianista e compositor
Género(s) Jazz, Bebop, Hard Bop
Canções principais «’Round Midnight», «Blue Monk», Straight, no Chaser», «Epistrophy», «Ruby, my dear», «In Walked Bud», «Well, You Needn’t»

Primeiros anos

Thelonious Monk nasceu em 10 de Outubro de 1917, na Carolina do Norte. A família mudou-se quatro anos depois para Nova Iorque, onde o músico passaria a maior parte da sua vida.

A aptidão musical de Monk revelou-se muito cedo; bastou-lhe assistir às aulas de piano da irmã para aprender a ler uma partitura, “I learned how to read before I took lessons. You know, watching my sister practice her lessons over her shoulder”. Aos nove anos, passou também ele a receber aulas. No início da adolescência, era já conhecido por actuar em festas, tocar órgão na Igreja Baptista local e ter ganhado várias competições amadoras no Apollo Theater.

O jovem acabou mesmo por abandonar a escola secundária (era um bom aluno e estudava numa das melhores escolas da cidade) para seguir uma carreira na música. Em 1935, empregou-se como pianista de um evangelista itinerante. Regressou a Nova Iorque passados dois anos, formou um quarteto e começou a tocar em bares e pequenos clubes. Em 1941, foi contratado pelo baterista Kenny Clarke como pianista do Minton’s Playhouse, no Harlem.

Minton’s Playhouse e o bebop

O Minton’s Playhouse foi um dos locais que viu nascer o jazz dito moderno, através do bebop, e Monk foi um dos dos protagonistas dessa pequena revolução musical. As jam sessions que ali tiveram lugar juntaram uma nova geração de músicos repleta de novas ideias rítmicas e harmónicas, entre os quais Charlie Parker, Dizzy Gillespie, Mary Lou Williams, Kenny Clarke, Oscar Pettiford, Max Roach, Tadd Dameron e Bud Powell (um dos amigos mais próximos de Monk).

As inovações harmónicas de Monk provaram-se fundamentais para o desenvolvimento deste estilo de jazz. Para muitos críticos, o pianista foi o “High Priest of Bebop” e várias das suas composições tornaram-se standards absolutos entre os seus contemporâneos («52nd Street Theme», «’Round Midnight», «Epistrophy», «I Mean You») mas o músico foi ainda mais longe, abrindo novos caminhos.

Enquanto a maior parte dos pianistas bebop se serviam da mão esquerda para tocar alguns acordes e da mão direita para exibirem o virtuosismo que caracterizou esse período, Monk usava ambas activamente. Ficou também conhecido pela utilização de espaço e do silêncio, escolhendo cuidadosamente as suas notas, numa época de solos rápidos e densos. Como compositor, não se limitava a escrever novas linhas melódicas sobre progressões de acordes já existentes; interessava-se pela ideia do total: “different melody, different harmony, different structure. Each piece is different from the other… When the song tells a story, when it gets a certain sound, then it’s through… completed”.

Blue Note

A importância de Monk para o desenvolvimento do jazz não era, contudo, reconhecida pela generalidade do público. Aliás, a atenção recebida pelo músico nos primeiros 15 anos de carreira foi praticamente marginal. Note-se que o saxofonista-tenor Coleman Hawkins foi o primeiro a contratá-lo para uma gravação, já em 1944.

Em 1947, o músico assinou pela primeira vez com uma gravadora, a Blue Note (na altura, de pequena dimensão), com quem permaneceu até 1952. Neste período gravou cinco álbuns, sendo que muitas destas gravações («Criss Cross», «Evidence», por exemplo) consideradas, hoje, das melhores de toda a sua carreira, montras do seu estilo percutido e dissonante. Segundo o próprio: “the piano ain’t got no wrong notes”.

Se hoje em dia as suas gravações com a Blue Note estão consagradas entre “as suas melhores gravações”, à época foram um falhanço do ponto de vista comercial. Não sem ironia, coincidiu com um período da vida pessoal em que o oposto era quase imperativo. Em 1947, o músico tinha casado com Nellie Smith e, em 1949, nascera o primeiro filho de ambos, Thelonious Jr (em 1953, seguir-se-ia Barbara). E Monk, que já tinha dificuldades em encontrar trabalho – porque nunca aceitou comprometer a sua visão musical – viu-se a braços com problemas legais: em Agosto de 1951, foi acusado injustamente de posse de narcóticos, que pertenciam, na realidade, ao seu amigo Bud Powell. Recusando-se a denunciá-lo, viu-se privado da licença que lhe permitia actuar em bares clubes nova-iorquinos (obrigatória) durante 6 anos.

Prestige

Procurando contornar a situação, começou a tocar em clubes de Brooklyn e a fazer concertos ocasionais completamente fora da cidade.

Entretanto, Monk continuou a compor nova música e gravou vários álbuns, em conjunto com outros músicos, com a gravadora Prestige entre 1952 e 1954. As performances a par de Sonny Rollins, Miles Davis ou Milt Jackson têm um lugar na história do jazz (o seu solo de piano de «Bags’ Groove» com Miles Davis é por vezes considerado o melhor da sua carreira).

No Verão de 1954, actuou pela primeira vez na Europa, no Festival de Jazz de Paris, onde gravou o seu primeiro álbum a solo para a Vogue. A sua reputação como um dos pianistas mais imaginativos do século começou, finalmente, a solidificar-se. Faltava-lhe o reconhecimento do grande público.

Riverside e o sucesso

Em 1955, o músico assinou com Riverside e comprometeu-se a gravar os dois álbuns que lhe ganhariam esse público, nomeadamente, «Thelonious Monk plays Duke Ellington» e «The Unique Thelonious». Embarcou, depois, num álbum solo tecnicamente complexo e muito inovador, «Brilliant Corners», que se revelou uma obra-prima, entre todos os públicos.

Em 1957, com a ajuda da sua amiga Baronesa Pannonica de Koenigswarter, que conhecera em Paris, conseguiu obter novamente a licença para apresentar-se em Nova Iorque e manteve um longo compromisso com o Five Spot Café, juntamente com o saxofonista John Coltrane, os baixistas Wilbur Ware e Ahmed Abdul-Malik e o baterista Shadow Wilson.

Daí em diante, a sua carreira levantou definitivamente voo. As suas colaborações com músicos eram admiradas por todos e mesmo estudadas no conservatório; em 1961, formou um quarteto com o saxofonista Charlie Rouse, o baixista John Ore (mais tarde Butch Warren e Larry Gales) e o baterista Frankie Dunlop (mais tarde Ben Riley), que actuou em 1963 no Lincoln Center e no Monterey Jazz Festival. Em 1962, assinou um contrato com a Columbia, uma das maiores gravadoras do mundo e, em 1964, tornou-se o terceiro músico de jazz a aparecer na capa da Time Magazine.

monk

Imagem nos media

Apesar da qualidade, originalidade e criatividade musical de Monk, os media preferiam focar-se nas suas alegadas excentricidades. O músico apresentava-se com uma péssima postura, todo curvado, percorria as teclas com os dedos rígidos, que pareciam bater no teclado, tal e qual uma baqueta instrumento de percussão. Não estava sempre sentado; levantava-se e dançava por breves segundos, e regressava depois ao piano. Improvisava frequentemente e fazia uma gestão cuidada do som e do silêncio. Diziam que falava pouco. Deste modo, surgiu da personalidade reclusiva, hipster (frequentemente de óculos escuros e chapéu), um pouco selvagem, mais intuitiva do que trabalhadora.

Esta imagem estava, na verdade, distante da realidade. Monk era, na realidade, um homem que quando não estava a trabalhar, ia para casa e passava tempo com a família. De acordo com Johnny Griffin, “If Monk isn’t working he isn’t on the scene. Monk stays home. He goes away and rests”. O próprio filho chamou a atenção para o facto: “People don’t think of Thelonious as Mr. Mom but I clearly saw him do the Mr. Mom thing, big-time”.

Últimos anos

No final da década de 60, a Columbia estabeleceu como prioridade atingir uma audiência jovem, interessada em rock, e deixou de priorizar os músicos de jazz. A última gravação de Monk com a gravadora (1968) foi um falhanço tanto artístico como comercial. Depois, passou a aceitar cada vez menos convites.

Em 1972, participou numa tour com Dizzy Gillespie, Kai Winding, Sonny Stitt, Al McKibon e Art Blakey, com o objectivo de “reavivar” o bebop. A sua performance final aconteceu em Julho de 1976. Doente até ao fim, sofreu um AVC em 5 de Fevereiro de 1982 e não voltou a recuperar consciência. Faleceu no dia 17 de Fevereiro.

T Monk

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References:

Thelonious Monk Biography. Em https://www.biography.com/people/thelonious-monk-9411896

Biography. Em https://theloniousmonk.store/pages/bio

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