Folkcomunicação é uma disciplina ou teoria que tem por objetivo o estudo da comunicação popular e do folclore na difusão dos meios de comunicação de massa.
A folkcomunicação estuda assim a comunicação por intermédio de artifícios populares, ou seja, a mistura da tradição popular e dos acontecimentos históricos com o contexto massivo. Regra geral a folkcomunicação é vista como a troca de ideias e opiniões entre as pessoas das camadas populares, mas o seu âmbito é mais vasto: inclui grupos sociais rurais e urbanos, marginalizados social e culturalmente, sem acesso ou sem representação nos media, mas que precisam de comunicar com os seus pares de modo a trocar informações e a “traduzir” os conteúdos dos grandes meios de comunicação para a população.
Genericamente, folkcomunicação é um processo de troca de informações e manifestação de opiniões, ideias e atitudes de grupos, através de agentes e meios ligados direta ou indiretamente ao folclore e manifestando-se através de canções, folhetos, frases em paredes, casas de banho, camiões, grafities, conversas de bar, histórias de cordel, etc.
Principais características da folkcomunicação
A folkcomunicação caracteriza-se pela utilização de estratégias de difusão simbólica capazes de expressar em linguagem popular mensagens previamente veiculadas pela indústria cultural. O seu método baseia-se num processo de mediação entre a cultura das elites (erudita ou massiva) e a cultura das classes trabalhadoras (rurais ou urbanas).
Importância da folkcomunicação
A folkcomunicação é importante na descodificação da cultura de massas, ou seja, através dela são difundidas informações e outras mensagens por meio de veículos mais rudimentares que visam segmentos populares da sociedade, pessoas que não assimilaram corretamente ou inteiramente a informação massiva. Desta feita, a indústria cultural alimenta-se continuamente na cultura popular para produzir conteúdos, principalmente a nível do entretenimento, que vão buscar os símbolos populares para os submeter a uma padronização da fabricação massiva.
A folkcomunicação adquire cada vez mais importância pela sua natureza de instância mediadora entre a cultura de massa e a cultura popular, protagonizando fluxos bidirecionais.
Um pouco de história…
O termo folkcomunicação (que provém do termo “folk” que por sua vez significa “folclore”) surgiu no decorrer dos estudos do jornalista brasileiro e precursor da pesquisa em comunicação social no Brasil, Luiz Beltrão. Em 1967 o autor, após várias pesquisas, reconheceu que nas tradições populares havia uma comunicação que não dependia dos grandes medias para circular. E a sua tese deu origem a um artigo na revista Comunicações & Problemas, que falava sobre a intenção informativa de esculturas, objetos, desenhos e fotografias depositadas pelos devotos nas igrejas.
Mais tarde, a folkcomunicação viria a ser a primeira teoria da comunicação genuinamente brasileira e Luiz Beltrão um dos pioneiros na introdução do estudo científico da comunicação no Brasil.
Luiz Beltrão baseou-se nos estudos do pesquisador austríaco, naturalizado norte-americano, Paul Felix Lazarsfeld, que defendia um processo da comunicação coletiva através de duas etapas distintas: a do comunicador para o líder de opinião e a do líder de opinião para o recetor comum. No entanto, Luiz Beltrão reconheceu uma complexidade maior a essa perspetiva plana de Lazarsfeld que desconsiderava culturas e linguagens características da população marginalizada, e abrangeu-a posteriormente por sua teoria folkcomunicacional.
Hoje a folkcomunicação é uma disciplina no âmbito das Ciências da Comunicação que se dedica ao estudo dos agentes e dos meios populares de informação de fatos e expressão de ideias.
O seu objeto de estudo está entre o folclore (oriundo da cultura popular) e a comunicação de massa (oriunda da difusão industrial de informação através de meios mecânicos ou eletrónicos destinados a audiências amplas, anónimas e heterogêneas).
Folkcomunicação na Internet
A expansão da folkcomunicação levou-a até à Internet, por sinal um território fértil para esta disciplina, principalmente para a criação e manutenção de relatos sobre as atividades desenvolvidas pelos agentes folkcomunicacionais, ampliando consideravelmente seu raio de ação.
Na web, a folkcomunicação além de garantir a sobrevivência de vários formatos de expressão popular, multiplica os seus interlocutores e potencia a troca e a partilha de informação entre grupos que possuem identidades comuns, mesmo que distantes geograficamente.