Comunicação intrapessoal é a comunicação que uma pessoa tem consigo mesma, ou seja, é o chamado diálogo ou voz interior onde se manifestam, geralmente, dúvidas, problemas, dilemas, orientações, escolhas, etc.
Para começar, a comunicação é um processo que envolve troca de informações entre emissor e recetor e ocorre das mais diversas formas, entre elas a comunicação escrita e oral entre as pessoas, linguagem corporal, gestual, etc. Ora, cada tipo de comunicação detém características que a distinguem, sendo que um desses tipos de comunicação se designou por comunicação intrapessoal.
Na comunicação intrapessoal o emissor e o recetor são a mesma pessoa e pode ou não existir um meio ou canal (por exemplo um diário) por onde a mensagem é transmitida, mas a “fala” é, em todo o caso, o pensamento e está intimamente relacionada com as ideias, os sentimentos e os desejos do individuo. Estes pensamentos e a forma como a pessoa os vai exprimir através de uma mensagem, antecedem a ação de falar. E a forma como se processa mentalmente uma informação influencia a interação com o outro nas diferentes situações do cotidiano precedendo a comunicação interpessoal. Ou seja, os diálogos que uma pessoa realiza internamente quando precisa de decidir algo, por exemplo, ou as ideias que acolhe ou abandona, são argumentos para uma posterior discussão com alguém.
A comunicação intrapessoal eficaz é aquela que, entre outras coisas, tem como alicerce principal o autoconhecimento, que é um dos maiores desafios do ser humano porque é a base do desenvolvimento de todos os campos da vida de uma pessoa.
Efetivamente os seres humanos nem sempre se conhecem bem a si próprios porque não se observam com atenção. Esse procedimento, que exige esforço e uma grande força de vontade, deve ser acompanhado pela interiorização (que é o ato de uma pessoa enfrentar o seu mundo interior e admitir a sua natureza), para a comunicação intrapessoal ser bem-sucedida.
Comunicação intrapessoal versus interpessoal
A comunicação intrapessoal ou voz interior implica uma única pessoa e está relacionada com as suas ideias e desejos. Serve, geralmente, para se debaterem dúvidas e dilemas, confrontarem escolhas e decisões, procurarem orientações, etc, mas sem a ajuda de um recetor. Assim, a comunicação intrapessoal antecede a ação do indivíduo, a necessidade de falar, de se expressar, de se relacionar. É apenas um processo mental, mas a informação que se retira desse tipo de comunicação vai influenciar a interação com outras pessoas e é aqui que entra o conceito de comunicação interpessoal. Este método de transmitir ideias, desejos, sentimentos e emoções tem um ou mais recetores, de modo a transformar em ação o pensamento de um indivíduo.
A comunicação interpessoal e intrapessoal são funções básicas da linguagem humana, capazes de transformar pensamentos em ações e ações em reflexões. Para que o processo seja bem-sucedido, é fundamental que haja uma preocupação, cuidado, clareza e objetividade da parte dos interlocutores na transmissão das informações, assim como a possibilidade de haver um acompanhamento do recetor para se confirmar se tal informação foi recebida e interpretada da forma correta (feedback).
De ressalvar que a comunicação realizada entre duas pessoas é diferente da que é realizada para pequenos ou grandes grupos de indivíduos. Na comunicação entre duas pessoas há uma interação sem a pressão de terceiros para defender ou apoiar uma ideia, por exemplo. Cada pessoa defende a sua posição. Mas uma comunicação em grupo (grupo de trabalho, grupo de amigos, etc) inclui várias pessoas para defender, apoiar ou reprovar uma ideia de um dos elementos do grupo. Assim, as comunicações neste contexto sofrem interferências conscientes ou inconscientes, uma vez que um dos elementos do grupo pode defender uma posição por saber que tem apoio. Além do mais, a comunicação realizada num grupo é bastante afetada pelo tipo de pessoa que exerce autoridade sobre ela, o líder de opinião. E tratando-se de uma comunicação pública pensada para grandes grupos, a desigualdade na quantidade de fala ou de “tempo de antena” é ainda maior porque o retorno verbal é limitado, uma vez que não são todas as pessoas que se irão pronunciar.