A reprodução assexuada ocorre sem que haja a fusão de gâmetas. O novo indivíduo constitui-se e desenvolve-se apenas por processos de crescimento vegetativo e de proliferação celular, por mitoses.
A divisão celular é, por si só, uma forma de reprodução assexuada que ocorre comumente entre os Protistas. Diversos animais invertebrados reproduzem-se por variados processos de reprodução assexuada como a fissão binária, a gemulação ou a fragmentação, seguindo-se a cada um destes processos o crescimento dos novos indivíduos.
Estes processos assexuados surgem de acordo com as características fisiológicas de cada organismo, como por exemplo, a capacidade de regenerar determinadas regiões corporais perdidas. A regeneração de apêndices é um mecanismo bastante comum e, organismos como as estrelas-do-mar, por exemplo, podem perder um braço e estimular o crescimento de um novo. No entanto, nas estrelas-do-mar este mecanismo não é reprodutivo porque não geram um novo indivíduo por essa via. Existem, porém, outros grupos com um potencial regenerativo que implica uma capacidade reprodutiva como Protistas, esponjas, corais, anémonas, hidróides, ou alguns vermes.
Em muitos organismos, a reprodução assexuada é um mecanismo meramente acidental que não possui grande relevância do ponto de vista da reprodução da espécie e da sua estratégia de sobrevivência. Para outros organismos a reprodução assexuada é a estratégia de sobrevivência utilizada durante todo o ciclo de vida ou, pelo menos, em grande parte dele.
Existem adaptações evolutivas importantes a um ciclo de vida com dominância da reprodução assexuada. Os organismos que são capazes de se reproduzir assexuadamente conseguem, mais rapidamente do que outros, aproveitar as janelas de oportunidade que se constituem em condições ambientais favoráveis, explorando recursos ecológicos temporários como recursos alimentares, espaço disponível em novos nichos ecológicos, ou outro tipo de recursos. Esta vantagem competitiva é notória em habitats perturbados ou extremos, nos quais se evidencia a existência de um maior número de espécies que se reproduzem assexuadamente.
A reprodução assexuada é, muitas vezes, utilizada pelos organismos para a formação de estruturas resistentes a condições ambientais difíceis, como condições de seca ou de frio extremo. É comum as espécies que se reproduzem assexuadamente formarem estruturas como quistos em condições ambientais desfavoráveis. Estes quistos são estruturas resistentes que permitem que o organismo entre num estado de dormência durante os períodos mais difíceis, activando posteriormente o metabolismo e desenvolvendo-se num novo indivíduo quando as condições ambientais são mais benignas.
Organismos que formam colónias
Alguns organismos com reprodução assexuada, nomeadamente os que possuem a capacidade de formar gémulas, podem formar colónias de indivíduos. Este é o caso dos cnidários e das ascídias, por exemplo. As colónias podem ser definidas como associações nas quais os indivíduos que a constituem não existem de forma completamente isolada ou autónoma em relação aos restantes indivíduos. Os elementos de uma colónia encontram-se interligados entre si de forma orgânica, quer seja através de uma ligação física entre os seus próprios corpos, quer seja através de substâncias que eles próprios excretam e que os agregam.
As vantagens da reprodução assexuada estão optimizadas na constituição de colónias. Estes agrupamentos são constituídos por unidades funcionais que são, muitas vezes, mais eficientes na função em que se especializam do que seria apenas um único indivíduo.
A colónia é mais eficiente na captura de alimento, na redução do risco de predação e aumenta a vantagem competitiva com outras espécies por aquisição de recursos como alimento e espaço físico. A colónia resolve também o problema que constitui a relação área/volume no crescimento dos indivíduos. Os indivíduos nunca podem atingir uma dimensão corporal maior do que aquela que podem suportar para efectuar as próprias actividades metabólicas, logo, uma colónia pode atingir dimensões muitos superiores do que um único individuo, aproveitando, assim, mais recursos ecológicos em beneficio da própria espécie.
References:
- Brusca, Richard C. and Brusca, Gary J. (2002). Invertebrates. Sinauer Associates, 2ª Edição.