Conceito de Colonização (Biologia):
Colonização é a designação dada à ocupação de um ecótopo, por parte de uma nova espécie, trata-se da primeira etapa de uma sucessão ecológica. A espécie colonizadora é sempre nova para o local que está a ser colonizado, no entanto, nem sempre o local está a ser colonizado pela primeira vez. O termo colonizar vem do Latim e significa habitar e instalar.
As espécies são designadas de pioneiras, quando o local colonizado nunca possuí-o nenhuma espécie. Estas chegaram primeiro ao local e foram as primeiras a interagir com aquele espaço. Por outro lado, se já existiam espécies no local, aquelas que o vieram colonizar, eliminado a concorrência, designam-se por espécie invasora.
Em qualquer dos casos referidos anteriormente, numa colonização, as espécies passam a interagir com o seu novo espaço levando a que este seja alterado, por vezes são as próprias espécies que sofrem alterações de forma a estarem melhor adaptadas aos fatores ambientais aí presentes, formando assim uma nova comunidade naquele local.
Neste termo não são tidas em conta as invasões provocadas por ação humana. Quando se refere anteriormente espécies invasoras, não estão a ser consideradas as espécies que são introduzidas pelos seres humanos e que devido à falta de predadores se dispersam, colonizando aquele novo habitat. Mas antes, espécies que se dispersaram, devido a alterações nos seus ecossistemas, de forma a encontrar um ambiente mais propício ao seu crescimento.
Uma colonização pode ocorrer a vários níveis, pode ocorrer em pequena escala quando os seres vivos apenas colonizam um pequeno espaço, ou em grande escala quando se dispersão por grandes áreas, muitas vezes, devido a perturbações que ocorreram no meio ambiente. Os seres microscópicos, por exemplo, formam comunidades em superfícies muito diversas, procurando sempre novos locais para colonizar.
Os principais colonizadores são seres invertebrados como as moscas, mosquitos e as libelinhas, algumas espécies de pássaros também são colonizadoras, assim como muitas espécies vegetais, tais como os musgos e líquenes. As caraterísticas de um bom colonizador são a capacidade de se reproduzirem rapidamente e em grande quantidade. Deveram também possuir elevadas taxas de produtividade primária e um rápido crescimento populacional.
As espécies colonizadoras não podem ser espécies especialistas de um determinado ambiente pois precisam de ser capazes de se adaptarem rapidamente a novas condições. As espécies especialistas são espécies muito exigentes, que necessitam de condições muito especificas para sobreviver, já as espécies generalistas são espécies muito pouco exigentes e que se adaptam bem a novas condições. Estas últimas possuem as características necessárias a uma espécie colonizadora.
Estas espécies necessitam de áreas abertas com espaço suficiente para a introdução de novas espécies. As espécies que são boas colonizadoras podem crescer de forma excessiva e esse fato pode introduzir diversos problemas aos ecossistemas, no entanto, se os ecossistemas se encontrarem saudáveis esse risco é muito menor.
A ocorrência de uma colonização bem-sucedida depende grandemente das variações que ocorrem no meio ambiente, a ocorrência de períodos favoráveis ao desenvolvimento das espécies colonizadoras é de grande importância para a colonização. Esta depende acima de tudo da capacidade de dispersão de propágulos, os métodos de dispersão variam de espécie para espécie, no caso das espécies vegetais essa propagação pode ocorrer com o auxílio de aves, da água ou do vento.
A estrutura física e química dos solos, como a existência de nutrientes, a exposição a fatores ambientais adversos como o vento e a luz solar e a inclinação do terreno são também muito importantes para a ocorrência de colonização, pois podem afetar de forma positiva ou negativa a implantação das espécies.
Alguns estudos provaram que as espécies que introduzem mais indivíduos, num local a colonizar, têm maior probabilidade de o colonizar, o que pode significar que quanto mais descendentes forem produzidos, por uma espécie, maior é a probabilidade de se fixarem no local que se encontram a colonizar, este fato leva a que as espécies colonizadoras apostem na produção de maior número de descendência.
Os passos para a ocorrência de colonização são: dispersão, estabelecimento e persistência. Inicialmente a espécie produz descendência e dispersa-a pelo território. Após a dispersão as espécies estabelecem-se no local, alterando-o para que melhor se adapte às necessidades da espécie. Se as espécies conseguirem reunir as condições necessárias à sua sobrevivência permanecem indefinidamente no local, ou até ao momento em que outra espécie, melhor competidora, tente colonizar o habitat.
Fontes:
Lockwood, Julie L.; Cassey, Phillip; Blackburn, Tim M.; (2009). The more you introduce the more you get: the role of colonization pressure and propagule pressure in invasion ecology. Diversity and Distributions, (Diversity Distrib.) 15, 904–910
Lõhmus, Kertu; Paal, Taavi; Liira, Jaan (2014). Long-term colonization ecology of forest-dwelling species in a fragmented rural landscape – dispersal versus establishment Ecology and Evolution; 4(15): 3113– 3126
Piedade, M.T.F.; Junk, W.J.; Adis, J.; Parolin, P. (2005). Ecologia, zonação e colonização da vegetação arbórea das ilhas Anavilhanas. Pesquisas, Botânica N° 56: 117-144 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas
Sheffer, Efrat; Canham, Charles D.; Kigel, Jaime; Perevolotsky, Avi (2014). An Integrative Analysis of the Dynamics of Landscape- and Local-Scale Colonization of Mediterranean Woodlands by Pinus halepensis. PLoS One.; 9(2): e90178.
Thomaz, S.M. (2002). Fatores ecológicos associados à colonização e ao desenvolvimento de macrófitas aquáticas e desafios de manejo. Planta daninha vol.20 no. spe Viçosa .
Palavras-chave:
Espécies generalistas
Espécies especialistas
Espécies invasoras
Espécies pioneiras
Dispersão