Biografia de Afonso V de Portugal:
Afonso V de Portugal, o Africano, era filho de Duarte I de Portugal e de Leonor de Aragão. Nasceu em Sintra a 15 de Janeiro de 1432. Foi coroado a 13 de Setembro de 1438, reinando até 11 de Novembro de 1477, abdicando durante quatro dias do trono, em favor do filho, retomando o reinado até a sua morte, a 28 de Agosto de 1481. Contraiu matrimónio por duas vezes, primeiro com Isabel de Coimbra, e posteriormente com Joana de Castela.
Afonso V ascendeu ao trono português, aos seis anos de idade, após a morte do pai. Pela sua menoridade, e segundo testamento de Duarte I, o reino deveria ser regido pela Rainha Leonor, o que provocou uma forte oposição na nobreza, tanto pelo facto de ser mulher, como estrangeira. O único apoiante da regência da Rainha era, o Conde Barcelos, Afonso, meio-irmão de Duarte.
As Cortes de 1439 determinaram, o fim da regência por parte da Rainha, sendo os destinos do reino, entregues a Dom Pedro, Duque de Coimbra, tio de Afonso V. A regência de Dom Pedro foi positiva para o reino, conseguiu limitar o poder e influência das grandes casas aristocráticas, concentrando boa parte do poder na Casa Real. Foi durante a sua regência, em 1448, que deu-se início ao estudo e compilação das Ordenações Afonsinas, conjunto de leis estabelecidas no século XV, concluídas apenas em 1454.
As movimentações e administração do reino por parte de Pedro trouxeram prosperidade a Portugal, mas á custa das ambições da nobreza, que viam a sua influência e poder limitado, causando mal-estar nesta classe. Um dos rostos opositores à regência era, Afonso, Conde de Barcelos, e meio-irmão de Pedro. Como aliado da Rainha, rapidamente ganhou influência junto a Afonso V, tornando-se o seu tio favorito.
Em 1442, Afonso nomeia o Conde de Barcelos, como Afonso I, Duque de Bragança. Tornou-se assim, o mais homem influente no reino, controlando um conjunto alargado de territórios. De forma a desviar o jovem rei, da influência de Afonso, Pedro casa a sua filha, Joana de Coimbra com o jovem soberano.
Ao atingir a maioridade em 1448, Afonso V assume o controlo do reino, provavelmente instigado pelo tio Afonso, anula todas as decisões do tio Pedro. Em 1449, Afonso V, mediante alegações falsas, especulativamente fabricadas por Afonso, declara Pedro inimigo do Estado.
Na Batalha de Alfarrobeira, os dois meios-irmãos enfrentam-se. Pedro é derrotado e morto, deixando Afonso, Duque de Bragança com a primazia no Reino.
Após a queda de Constantinopla, às mãos dos otomanos em 1453, o Papa Calisto III, convoca uma cruzada para a reconquista cristã desta cidade em 1456. Este projecto acabou por não avançar, mas Afonso V, já tinha reunido um grande exército. Falhado este objectivo, Afonso, tira partido da grande força que tinha reunido, para conquistar praças no Norte de África, como Alcácer Ceguer ou Tânger, entre outras. As conquistas no norte africano valeram-lhe o título de o Africano. Paralelamente às conquistas militares atribui a Fernão Gomes da Mina a exploração comercial da Guiné, em troca de exploração marítima a sul.
Na década de setenta do século XV, focou-se na tentativa de anexação de Castela, ao casar com a sobrinha Joana, herdeira ao trono castelhano, proclamando-se assim Rei. Invade Castela, e é derrotado na Batalha de Toro por Fernando II de Aragão, que havia casado com Isabel de Castela. Embora o resultado da Batalha de Toro fosse inclusivo, as consequências não o foram. Isabel assumiu o trono de Castela em detrimento de Joana, e a união dinástica pretendida por Afonso V, e diversos monarcas portugueses, sobre a bandeira nacional, acabou por ocorrer entre Aragão e Castela, originando o Reino de Espanha, no qual ambos os reinos tinham direitos iguais, e autonomia, contrastante com o pretendido por Afonso V.
O Tratado das Alcáçovas-Toledo, colocou um ponto final no conflito pela sucessão ao trono castelhano, Afonso renunciou á sua pretensão ao trono, por seu lado, Castela reconhecia a legitimidade portuguesa na Madeira, Açores e Guiné, e demais concessões no Norte de África, enquanto Portugal entregava a soberania das Canárias a Espanha. Esta derrota política de Afonso lançou-o na depressão, e acabou por abdicar do trono em favor do seu filho João II, corria o ano de 1477. Esta abdicação durou apenas quatro dias, retomando o trono até a sua morte.
Afonso V pouco tempo dedicou à administração interna do reino, podendo ser considerado neste aspecto, um reino ausente. O seu maior foco era a política externa, e expansão territorial. Conquistou diversas praças no Norte de África, e por pouco não atingiu o seu maior objectivo, a anexação de Castela ao Reino de Portugal, que teria alterado o mapa político da península Ibérica, e rumo da história.
References:
MARQUES, A.H. Oliveira e SERRÃO, Joel (dir); Nova História de Portugal, vol. V e VII, Presença, 1998,
SERRÃO, Joel e MARQUES, A. H. de Oliveira, dir. ; Nova História da Expansão Portuguesa, Estampa,