Conceito de stress hídrico
Stress hídrico (Biologia) corresponde ao stress provocado, na planta, a inexistência de água suficiente que permita à planta absorve-la e assim substituir aquela que perdeu devido à transpiração. Como consequência deste stress, as plantas podem deixar de crescer, acabando por morrer, se os níveis de água não voltarem aos necessários para a sobrevivência desta.
Como em qualquer ser vivo a água é de extrema importância para a sobrevivência das plantas, como tal pode afetar o desenvolvimento da planta nas várias fases em que a planta se encontra. Por exemplo, a ausência de água na fase de germinação pode levar ao atraso no desenvolvimento ou mesmo impedir que a semente se desenvolva parcial ou totalmente.
Cada espécie possui um valor limite para a quantidade de água que necessita para sobreviver, abaixo deste valor já não consegue germinar, nem realizar processos essenciais à sua sobrevivência. As consequências do stress hídrico variam consoante as espécies, por exemplo, uma espécie xerófita não irá reagir da mesma forma que uma espécie hidrófita, pois a primeira tem uma maior capacidade para suportar a falta de água.
O stress hídrico é um factor que vai influenciar a planta de forma negativa. Se a causa do stress for permanente, este stress pode levar à morte da planta, se a fonte do stress for retirada rapidamente é possível que planta recupere e sobreviva. Dependendo da rapidez com que se remove a fonte de stress é possível que a planta apresente outros sintomas, como a mudança da cor da folha ou mesmo a queda da folha.
A ausência de água no solo cria o stress hídrico que leva, por exemplo, à morte da planta, esta ausência pode ser causada pela baixa pluviosidade que impede a manutenção das reservas hídricas presentes no subsolo, sendo que essas reservas são aquelas que normalmente fornecem à planta a água que esta necessita.
De uma forma muito simples, o stress hídrico corresponde ao desequilíbrio entre a entrada de água na planta, pelas raízes, e a saída de água da planta, devido à transpiração. Quando a água que entra na planta não é em quantidade superior ou igual aquela que foi perdida, a planta entra então em stress hídrico. Este défice pode ocorrer por um pequeno período de tempo, sendo depois reposta a água necessária à planta, ou então pode ser um défice que se mantém por um período de tempo demasiado longo, o que levara à destruição da planta.
O período mais critico para a ocorrência do stress hídrico ocorre durante a reprodução, sendo que esta fase é das mais importantes para a sobrevivência da espécie, o stress vem prejudicar a produção das células reprodutoras, diminuindo assim as capacidades da planta para se reproduzir e consequentemente impedindo a continuidade da espécie no meio ambiente.
O fechamento dos estomas, devido a um stress hídrico provocado pelo prolongamento das condições desfavoráveis, impede a comunicação da planta com o meio, o que pode levar à sua morte. Se as condições desfavoráveis forem revertidas, os estomas voltam a abrir e o seu funcionamento retorna à normalidade, se as condições apesar de revertidas, não o tiverem sido rapidamente, a planta acaba por perder todas as folhas com excepção das que se encontram mais perto do ápice.
Consequências do stress hídrico ao longo da vida da planta:
- Diminui a velocidade de germinação
- Diminuição do crescimento do embrião
- Diminuição do volume celular
- Diminuição da produção de área foliar
- Alongamento inicial das raízes (após o alongamento inicial, se não encontrar água, as raízes atrofiam)
- Redução da atividade fotossintética
- Fechamento dos estomas
- Redução da perda de água (diminuição da transpiração)
- Espessamento da cutícula
- Folhas verde-escuro
- Senescência e abscisão foliar
- Diminuição da fertilidade
- Diminuição do crescimento da planta
Grande parte dos pontos mencionados em cima correspondem a formas encontradas pelas plantas para lidarem (suportando ou evitando) o stress hídrico causado muitas vezes pela diminuição do fornecimento de água à planta, isto é, o stress hídrico deve-se maioritariamente à deficiência hídrica seja por ausência da água ou pela incapacidade da planta em absorver a água disponível.
Algumas hormonas vegetais podem diminuir o efeito causado pelo stress hídrico durante a germinação das sementes, uma dessas hormonas é, por exemplo, a giberelina, no entanto, só possui esse efeito até um determinado valor de concentração de água, após o qual deixa de produzir efeito. A variação do tamanho da planta (planta pode crescer pouco), assim como da sua área foliar (diminuir o número de folhas ou encolhe-las) pode ser encarado como um mecanismo para a sobrevivência do individuo, uma vez que este concentra todos os seus recursos na procura por água, aumentando a área da raiz e diminuindo o que não é extremamente necessário.
As alterações na planta devido à ocorrência do stress hídrico podem ocorre apenas se a intensidade e a duração do mesmo for longa, ou se a planta for muito sensível a esse stress.
O estudo do stress hídrico e das suas consequências, para as plantas e o seu desenvolvimento, é de grande importância para a criação de culturas agrícolas mais resistentes e que permitam aumentar a produção de alimentos.
Palavras-chave:
Transpiração
Fertilidade vegetal
Estômatos
References:
BOTELHO, Beatriz Amoroso and PEREZ, Sonia Cristina Juliano Gualtieri de Andrade (2001). Estresse hídrico e reguladores de crescimento na germinação de sementes de canafístula. Sci. agric.[online], vol.58, n.1, pp. 43-49. Consultado em: Agosto 17, 2015, em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-90162001000100008
Machado, Andressa (2004). Efeito do estresse hídrico em plantas jovens Hedyosmum brasiliense Mart. (Chloranthaceae). Tese de mestrado. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis. Brasil. Consultado em: Agosto 17, 2015, em http://laveg.paginas.ufsc.br/files/2012/08/andressa.pdf
Meguro, M., Joly, C., & Bittencourt, M. (1977). Stress Hídrico e Alguns Aspectos do Comportamento Fisiológico em Xerophyta aplicata Spreng. – Velloziaceae. Boletim De Botânica, 5, 27-42. Consultado em: agosto 17, 2015, em http://www.revistas.usp.br/bolbot/article/view/57675/60730