Primeiros anos
A pianista Maria João Pires nasceu no dia 23 de Julho de 1944, em Lisboa. Filha de João Baptista Pires e de Alzira dos Santos Alexandre Barbosa, tem três irmãos: Hugo Alexandre Barbosa Pires, Maria Regina Alexandre Barbosa Pires e Mariana Helena Alexandre Barbosa Pires.
Começou a aprender piano aos três anos de idade e, com cinco anos, deu o seu primeiro recital público. Dois anos depois, com sete anos, apresentou-se ao público, no Porto, a tocar concertos de Mozart. Com apenas nove anos recebeu o Prémio da Juventude Musical Portuguesa, o maior prémio nacional para jovens músicos.
Entre 1953 e 1960 estudou no Conservatório de Lisboa com o professor Campos Coelho, além de formação em composição, formação musical e história com Francine Benoit. Prosseguiu estudos na Alemanha, primeiro em Munique, com Rosl Schmid, e depois em Hanover, com Karl Engel.
Reconhecimento internacional
Em 1970 Maria João Pires venceu a competição por ocasião do bicentenário de Beethoven, em Bruxelas. No ano de 1986, estreou-se pela primeira vez em Londres, no Queen Elizabeth Hall, onde tocou Bach, Mozart, Beethoven e Schumann. Três anos depois, em 1989, apresentou-se pela primeira vez em Nova Iorque, sendo novamente aplaudida pela crítica especializada.
Em 1987, por ocasião da digressão inaugural da Orquestra Juvenil Gustav Mahler, sob a direcção de Claudio Abbado, apresentou-se em Hamburgo, Paris e Amesterdão.
Desde então apresenta-se com regularidade na Europa, Canadá, Japão, Israel e Estados Unidos, a solo e acompanhada de grandes orquestras (por exemplo, a Filarmónica de Berlim, a Sinfónica de Boston, a Filarmónica de Londres, a Orquestra de Paris e a Concertgebouw).
O repertório da pianista restringe-se essencialmente a compositores dos períodos barroco, clássico e romântico: Bach, Mozart, Beethoven, Schubert, Schumann ou Chopin.
Associada à gravadora Deutsche Grammophon desde 1989, a pianista tem gravado vários discos, aclamados tanto pela crítica como pelo público. Entre os seus vários êxitos destacam-se as gravações dos Nocturnos de Chopin e dos Impromptus de Schubert, a gravação dos concertos de piano de Mozart sob a regência de Claudio Abbado e das sonatas completas de Mozart (que receberam o Grand Prix du Disque e 1990).
A intérprete é, também, uma grande entusiasta de música de câmara. Salientam-se as suas digressões com o violinista Augustin Dumay e o trio com com Dumay e com a violoncelista Jian Wang, que apresentou o concerto de Beethoven para piano, violino, violoncelo e orquestra em vários centros Europeus em 1999.
Maria João Pires
Centro de Belgais para o estudo das artes
Entre 1999 e 2001 estabeleceu-se em Portugal com o objectivo de fundar e dirigir o Centro de Belgais para o Estudo das Artes, no concelho de Castelo Branco. Este centro pretendia ser um projecto inter-cultural de cariz pedagógico, cultural e social para crianças não privilegiadas. A pianista abandonou o Centro em 2006, declarando à rádio Antena 2 ter sofrido muito para implementar o projecto em Portugal.
Mudou-se para a cidade de Lauro de Freitas, próximo de Salvador, no Brasil, onde passou a residir oficialmente a partir de 2008. Adquiriu a nacionalidade brasileira no ano seguinte e neste país começou projectos semelhantes ao Centro de Belgais.
Actualmente vive na Bélgica, por considerar que no Brasil vivia demasiado longe da família (tem cinco filhos).
Prémios
Maria João Pires recebeu o prémio do Conselho Internacional da Música, da Unesco, em 1970 e o Prémio Pessoa em 1989. Também nesse ano recebeu a comenda da Ordem do Infante Henrique. Dez anos depois, foi condecorada com a Grã-Cruz da Ordem de Sant’Iago da Espada, da qual tinha sido feita dama em 1983.
Em 2009 foi nomeada para os prémios Grammy, na categoria de melhor intérprete a solo, pelo disco dedicado a Frédèric Chopin, no qual interpreta a 3.º Sonata. Recebeu novamente esta nomeação em 2013, desta feita pelo álbum dedicado a Franz Schubert, com as sonatas em si bemol maior, D.960, e em lá menor, D.845.
No ano de 2015 a pianista venceu o prémio Gramophone, na categoria “Concerto”, pela interpretação dos concertos para piano n.º 3 e 4 de Beethoven, em parceria com a orquestra sinfónica da Rádio Sueca e com o maestro inglês Daniel Harding. Estes prémios são considerados o equivalente aos Óscares dentro da música clássica.