O Tratado de Tui foi assinado em 1137 entre Afonso Henriques, na época ainda Conde do Condado Portucalense e o seu primo Afonso VII de Leão e Castela.
Este acordo tinha como objectivo colocar um ponto final nas hostilidades entre os dois primos. Afonso VII envolveu-se num conflito com o Reino vizinho de Navarra, Afonso Henriques vê esta situação como uma oportunidade de estender os seus domínios e influência a norte, para a Galiza. Com a ajuda de alguns nobres galegos que abriram as portas dos castelos e alegadamente com o apoio do Rei de Navarra, conquista e anexa um conjunto de castelos ao Condado, entre eles a praça de Tui junto ao Rio Minho. Henriques tentou aproveitar um momento de fraqueza de Afonso VII, mas este rapidamente recupera Tui.
Com a recaptura da cidade é assinado o Tratado de Tui, que colocou um ponto final nas hostilidades entre ambos, Afonso Henriques devolve os territórios anexados na Galiza e alguns espaços do norte do Condado, em troca Afonso VII cede as terras de Tomar e Leiria ao Condado. Afonso de Leão e Castela pretendia que o primo o reconhecesse como Imperador da Hispânia, algo que Afonso Henriques nunca fez.
Este Tratado mostra por outro lado uma alteração do paradigma político de Afonso Henriques, abdica dos territórios a norte e da provável intenção de anexar a Galiza ao Condado Portucalense. Passa a centrar-se no sul, e na reconquista aos muçulmanos, da mesma forma que aumenta o seu desejo de independência relativamente ao primo, exemplifica na relutância em prestar vassalagem ao primo enquanto Imperador.
Pouco depois da assinatura do Tratado de Tui dá-se a Batalha e Milagre de Ourique em 1139 que potencia ainda mais as aspirações independentistas de Afonso Henriques ao ser proclamado pelos seus homens de Rex, Rei.
Este conjunto de episódios interligados culminaria com a assinatura do Tratado de Zamora em 1143, em que Afonso VII reconhecia a soberania do Condado Portucalense enquanto Reino. Embora segundo o Tratado o novo Reino devia prestar vassalagem ao Imperador, algo que Afonso Henriques recusou-se a fazer, motivando a queixa de Afonso VII ao Papa Eugénio III no Concilio de Reims em 1148 por Henriques não reconhecer-lhe autoridade máxima na Península.
References:
COELHO (Maria Helena da Cruz), História Medieval de Portugal. Guia de Estudo, Porto, Universidade Portucalense, 1991.
COELHO (Maria Helena da Cruz) e MAGALHÃES (Joaquim Romero), Poder (O) Concelhio: das origens às Cortes Constituintes. Notas da História Social, Coimbra, CEFA, 1986.