Higiene Oral e Síndrome de Down

A Síndrome de Down é uma alteração cromossómica, que é caracterizada, essencialmente, pelo atraso no desenvolvimento tanto nas funções motoras quanto na linguagem, com graus variáveis de retardo mental. Algumas anomalias dentárias podem ser observadas. Por restrição motora ou mesmo por falta de motivação e orientação profissional, muitos dos pacientes apresentam precária higiene oral. É relevante referir o Paciente de Síndrome de Down porque esta é a anomalia cromossómica mais comum da espécie humana.

Em primeiro lugar, verifica-se que 40 a 50% dos portadores da síndrome apresentam algum tipo de anomalia cardíaca, sendo a mais comum o prolapso da válvula mitral, que representa, aproximadamente, 50% das doenças cardíacas observadas nestes pacientes. Sendo assim, para que sejam realizados alguns tratamentos dentários existe a necessidade de se utilizar antibioterapia com o objetivo de prevenir a endocardite infecciosa. Além disso, em vista deste problema, surge a necessidade de se manter uma boa higiene oral, para se prevenir o desenvolvimento de doença periodontal que pode significar algumas alterações cardíacas por causa da hemorragia ao nível da cavidade oral. Também, em vista da mastigação não ser eficiente, existe uma maior susceptibilidade à cárie dentária, que também podem resultar em infeções. Relativamente às características dento-maxilo-faciais costumamos de observar hipodesenvolvimento do terço médio da face, com a presença de pseudoprognatismo, palato duro menor e de forma ogival. Pode notar-se a presença de macroglossia devido à hipotonia lingual, alta prevalência e susceptibilidade a problemas periodontais, devido à incapacidade da criança manter uma higiene oral adequada. Alguns estudos, demonstram que os pacientes que têm uma doença periodontal severa têm uma baixa qualidade de vida, principalmente afectando a fala e a mastigação.

Para o aparecimento precoce da doença periodontal existem outros factores contribuintes tais como anomalias oclusais, como são os casos da mordida cruzada anterior/posterior, inserção alta do freio labial mandibular e posição anterior da língua. Muitas vezes isso resulta na perca precoce dos incisivos mandibulares.

Ainda existe um baixo índice de cáries, visto que há um aumento da capacidade tampão da saliva e a tendência destes pacientes para ter bruxismo, o que significa que as superfícies ficam com frequência lisas e desgastadas, e isso diminuí a susceptibilidade para a cárie.

Outro factor a considerar no paciente com Síndrome de Down relaciona-se com a possibilidade de observarem-se algumas anomalias dentárias como são o caso da presença de hipodontia ou oligodontia, agenesias, dentes conóides, microdentes, hipocalcificação do esmalte, fusão e geminação. A erupção dentária e a esfoliação dos dentes decíduos, bem como a dos permanentes, são tardias.

Por causa dos supracitados, existe a necessidade de uma atenção por parte do profissional de Medicina Dentária, no que se refere a estas crianças. A manutenção de uma boa saúde oral é desse modo influenciada pela postura dos profissionais de saúde oral (médicos dentistas, higienistas entre outros) que as assistem, e é crucial criar-se um ambiente em que seja transmitida confiança.

Os pais são fundamentais no processo de manutenção de uma boa Higiene Oral visto que são eles que têm que ser informados e acompanhar o utente. Precisa existir um controlo apertado para ver se os pacientes costumam de utilizar as ajudas que estão à sua disposição, e portanto os pais têm que orientar e às vezes fazer uma boa higienização, como o uso de fio dentário e terapêuticas antimicrobianas, e quando indicadas uso de soluções, gel ou verniz de clorohexidina (dependendo do risco, idade e destreza do paciente). Nestes casos, não existe uma necessidade premente do uso de gel, bochecho ou verniz de flúor visto que a suspetibilidade à cárie é elevada. Desde bem cedo, é necessário atacar o desenvolvimento da doença periodontal.

Educação e saúde oral, que incluem as técnicas de higiene oral a serem aplicadas desde bem cedo a pacientes com Síndrome de Down, tendo em vista suas deficiências motoras e neurológicas e a necessidade da prevenção das doenças dentárias tem a necessidade de começar a serem transmitidas bem cedo.

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