Define-se como a ciência que se dedica ao estudo da morfologia e da fisiologia das espécies vegetais. A palavra botânica, que etimologicamente deriva do grego (botaniké) significa a ciência “que trata das plantas”. A sua grande importância resulta do facto de os vegetais serem os únicos organismos vivos capazes de elaborar o seu próprio alimento, que por sua vez são indispensáveis na alimentação dos animais. Usualmente, a Botânica é dividida em duas grandes áreas: a Botânica pura/teórica e a Botânica aplicada. No entanto, a teoria e a prática relacionam-se intimamente, uma vez que é imprescindível um conhecimento teórico profundo da botânica para conseguir extrair um rendimento prático das plantas. Assim, define-se a Botânica pura/teórica como a área da botânica que estuda as espécies vegetais com finalidade puramente científica, sem preocupação com as suas possíveis aplicações práticas.
As principais divisões da Botânica pura/teórica são as seguintes:
- Anatomia vegetal, que dá informações sobre a estrutura interna das plantas;
- Bioquímica botânica, que estuda os compostos químicos presentes nos vegetais, a sua utilização por estes e o seu valor para o homem;
- Citologia vegetal, que analisa os fenómenos vitais da célula vegetal;
- Ecologia, interessada no conhecimento das relações recíprocas entre a planta e o seu meio;
- Fisiologia vegetal, que investiga o funcionamento dos órgãos das plantas, o seu metabolismo, crescimento e reprodução;
- Fitogeografia, que estuda a sua distribuição;
- Fitopatologia, que estuda as doenças das plantas, os seus agentes causadores e o modo de as combater.
- Fitotaxia, que identifica, descreve e classifica as plantas;
- Genética, interessada na fenomenologia da hereditariedade e dos métodos de hibridação;
- Morfologia vegetal, que estuda a estrutura externa das plantas e formula critérios para elaborar sistemas de classificação;
– Paleobotânica, que investiga a história geológica do reino vegetal;
A Botânica aplicada estuda as relações entre as espécies vegetais e a vida humana e as aplicações práticas dos resultados desse estudo. As suas principais divisões são:
- Agronomia, que regula praticamente os trabalhos do campo para obter melhores rendimentos;
- Botânica económica, dedicada ao estudo das plantas do ponto de vista utilitário;
- Botânica médica ou farmacêutica, que estuda as propriedades medicinais dos vegetais;
- Dasonomia, que estabelece normas para a conservação das florestas e dos terrenos por elas ocupados;
- Floricultura, que estuda as plantas cultivadas com fins decorativos;
- Silvicultura, que se ocupa das florestas, do tratamento e utilização das mesmas, do repovoamento de terras não florestadas e do aproveitamento da madeira e seus derivados;
Evolução da Botânica ao longo da História
Pensa-se que o interesse pelas plantas deve ter surgido com caracter utilitário, uma vez que o homem depende delas para obter alimento, madeira, fibras têxteis, remédios e drogas, substâncias aromáticas e corantes. Entre os antigos gregos sublinha-se Teofrasto (372 a.C. – 287 a.C.) que classificou as plantas segundo a sua morfologia e fez distinção entre árvores, arbustos, plantas e ervas. Outros como Plínio (23 – 79), o Velho, e Dioscórides (40 – 90) foram compiladores importantes e tiveram uma grande influência na Idade Média. Para além destes, as viagens exploratórias ou de conquista permitiram também um grande desenvolvimento da Botânica. A partir destas viagens e resolvido o problema de aclimatização das espécies, começaram a multiplicar-se os jardins botânicos pela Europa (século XVI). Também começaram a surgir os herbários, de enorme interesse documental e científico. Existem várias plantas cujo nome lembra o de algum botânico importante na época, como Andrea Cesalpino (1519 – 1603), Charles l’Écluse (1526 – 1609), Nicolás Monardes (1493 – 1588) e os exploradores Pierre Belon (1517 – 1564) e Leonhard Rauwolf (1535 – 1596). A partir do século XVII o problema-chave a solucionar é o da classificação ou sistemática, a par das noções de espécie, género e família. Para a resolução deste problema destacaram-se nomes como irmãos Bauhin, John Ray (1627 – 1705) e Augustus Rivinus (1652 – 1723), defensor da nomenclatura binária, por género e espécie, muito antes de Lineu e Joseph Tournefort (1656-1708). No entanto, é só no século XVIII, e por Karl von Linné ou Lineu (1707 – 1778), que é fixada definitivamente a taxionomia binária. Até aos dias de hoje descreveram-se mais de 350000 espécies vegetais. No entanto, atualmente considera-se que a nomenclatura clássica é insuficiente, estando em discussão outras formas de a substituir ou de a melhorar.
Outras personalidades que contribuíram para o desenvolvimento da Botânica:
- Leonhart Fuchs (1501 – 1566)
- Valerius Cordus (1515 – 1544)
- Conrad Gesner (1516 – 1565)
- Joachim Jungius (1587 – 1657)
- Robert Hooke (1635 – 1703)
- Aintoine Jussieu (1748 – 1836)
- Augustin de Candolle (1778 – 1841)
- Lorenz Oken (1779 – 1851)
- Richard Spruce (1817 – 1893)