Código internacional de nomenclatura botânica: Conceito
Código internacional de nomenclatura botânica (International code for Botanical nomenclature – ICBN) corresponde a um conjunto de normas reconhecidas a nível internacional, utilizadas para a atribuição de nomenclaturas binomiais na botânica e na micologia.
Estas regras diferenciam-se das utilizadas na nomeação de espécies zoológicas, apesar de serem regidas pelo mesmo objetivo, isto é, a criação de uma nomenclatura reconhecida por todos e que permitisse organizar todos os nomes que tinham sido atribuídos antes da sua formação.
A nomenclatura atribuída a estas espécies deverá ser reconhecida internacionalmente, assegurando assim que cada espécie possui uma única designação que não tem que ser necessariamente descritiva, no entanto, deve permitir o reconhecimento da espécie em questão.
Historia:
O atual código de nomenclatura terá começado com Lineu (1737), um botânico sueco responsável pela descrição e nomeação de uma grande número de espécie, estando estas compiladas na obra Species Plantarum. Obra onde foram descritas espécies vegetais conhecidas até àquele momento.
O Primeiro Congresso de Botânico realizou-se em Paris, tendo dado origem ao primeiro código de nomenclatura botânica, sendo que este conjunto de normais tem vindo a sofrer alterações ao longo dos anos. Estas alterações apenas podem ocorrer durante a realização de outro congresso. O atual código em vigor designa-se código de Melborne pois surgiu do congresso realizado em Melbourne 2011.
Os congressos de Botânica desenvolveram o código de nomenclatura numa tentativa de homogeneizar o processo de atribuição de nome a novas espécies que vão sendo descobertas, evitando assim que fosse atribuído mais do que um nome a um determinado individuo.
As normas aplicadas devem tornar as designações universais e atribuir alguma estabilidade às nomenclaturas utilizadas, o que permite identificar os indivíduos.
Estas regras aplicam-se a todos os organismos considerados e estudados pela Botânica, mesmo que inicialmente não o tenham sido. Neste grupo encontram-se as plantas superiores, as algas, fungos, cianobactérias, entre outros.
Outros códigos de nomenclatura foram criados para grupos de plantas específicos, como por exemplo, as plantas cultivadas, assim como para os elementos de outros reinos, sendo que cada código é independente entre si.
Princípios:
O ICBN considera a data de 1 de maio de 1753 a data formal de início de publicação dos nomes para os diferentes grupos taxonómicos, isto é, todos os nomes de taxon publicados antes dessa data não são considerados e o nome mais próximo dessa data é o que será aceite como nomenclatura oficial, salvo algumas exceções.
Cada nome está associado a um tipo nomenclatural, isto é, ligado a um espécime tipo (holótipo), como forma de anular ambiguidades, pois todos os elementos com o mesmo nome deveram ter características semelhantes às encontradas nesse espécime.
Este espécime encontra-se arquivado num herbário para referência futura, caso surja alguma dúvida quanto à nomenclatura de uma espécie ou no caso de ser necessário rever a organização de um grupo taxonómico.
No caso de ausência de um holótipo, deverá existir um isótipo (duplicado do holótipo), um síntipo, um lectotipo (nomeado por ausência de holótipo), um parátipo, ou um neótipo (quando toda a informação sobre o taxa desapareceu).
Cada táxon, grupo taxonómico, possui apenas um nome valido, devendo esta atribuição ser baseada no princípio da prioridade de publicação, existem no entanto algumas exceções. Por exemplo, no caso da existência de dois nomes para um taxon, o nome válido será aquele que tiver sido publicado primeiro.
O princípio da prioridade possui algumas exceções, sendo que geralmente não se aplica para táxon acima da família. Este princípio é retroativo, não sendo aplicado apenas se existirem limitações previstas.
Os nomes atribuídos a cada táxon são sempre em latim, por se tratar de uma “língua morta”, independentemente da origem do nome, evitando a utilização de nomes ambíguos, ortograficamente errados ou que induzam em erro.
Normas/Regras:
- Cada grupo taxonómico superior à espécie possui apenas um nome, com uma terminação específica.
- O género e a espécie não apresentam terminações específicas ao contrário dos outros níveis taxonómicos.
- A nomenclatura da espécie é sempre binomial, formada pela designação do género com a primeira letra em maiúscula ao que se acrescenta o restritivo especifico (que concorda gramaticalmente com o género) em minúscula indicando a espécie. Esta designação deverá aparecer em itálico ou sublinhada, no caso de ser escrita à mão.
- O nome binomial é geralmente acompanhado pelo nome do seu autor, seguido pelo ano.
Terminações das diferentes categorias taxonómicas:
- Divisão ou filo- ophyta
- Classe – opsida
- Subclasse – idae
- Ordem – ales
- Família – aceae
- Subfamília – oideae
- Tribo – eae
- Subtribo – inae
Os nomes abaixo do gênero não apresentam nenhum sufixo específico. Os sufixos indicados acima podem não ser utilizados em determinadas nomenclaturas, caso estas correspondam a casos de exceção.
Apesar de existirem inúmeras categorias taxonómicas, as consideradas pela ICBN são o reino, a divisão ou filo, a classe, a ordem, a família, o género e a espécie.
References:
Prado, Jefferson, Hirai, Regina Yoshie, & Giulietti, Ana Maria. (2011). Mudanças no novo Código de Nomenclatura para Algas, Fungos e Plantas (Código de Melbourne). Acta Botanica Brasilica, 25(3), 729-731. Consultado em : Abril 30, 2017, em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-33062011000300026
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