No início dos anos 90, o mundo contemporâneo apresentou várias mudanças (como a título de exemplo, a unificação europeia no pós-queda do muro de Berlim, entre outros) o que acabou por introduzir uma tendência à integração internacional e à transformação na consciência dos indivíduos, começou a registar-se a necessidade de considerar certos fenómenos à escala global e apareceu a visão e/ou corrente de pensamento da unidade na pluralidade (identidade como indivíduo e grupo; liberdade de afirmação), sendo que, a Tipologia de Prezclawski é claramente influenciada nestas três premissas referidas.
De uma maneira geral a Tipologia de Przeclawski, sobre os diferentes tipos de turismo, assenta num modelo psicológico e humanista, ou seja, o autor encara o papel do turismo como um fenómeno que conduz o reforço da unidade.
Antes de mais, é importante percebermos que os diferentes tipos de turismo podem ser definidos de acordo diferentes designações e/ou tipologias de acordo com a perspetiva de análise adotada pelos investigadores e/ou organismos oficiais; as tipologias podem incidir sobre a oferta turística (exemplo: caraterísticas do destino turístico ou do produto turístico) e/ou na procura turística (exemplo: razões que promovem o turista a visitar determinado destino turístico).
Segundo a perspetiva de Prezeclawski o turismo transforma os recursos naturais (paisagem), introduz novas relações económicas e modifica as relações sociais entre os indivíduos. Por estas razões, o autor considera que o fenómeno do turismo é bastante pertinente de ser um objeto de investigação e apresenta um grau multidisciplinar acentuado na medida em que pode ser um objeto de estudo afeto a diversas ciências (economia; sociologia; história; geografia; entre outras).
O autor Prezeclawski considerava que as pesquisas sobre turismo até ao momento contribuíam para evidenciar o papel do mesmo no desenvolvimento da cooperação internacional. Quando o turismo é posicionado como uma unidade para o mundo, é necessário não esquecer a relação com o outro, por isso, os vários espaços turísticos percorridos por visitantes e/ou turistas envolvem sempre um processo de interação com a população residente e este processo de socialização faz com que os elos sociais mudem de carácter.
Tendo em conta que as relações sociais que o fenómeno do turismo promove, Prezeclawski considera que o visitante e/ou o turista não só se habitua à diferença, como aprende a refletir sobre as suas ideias já concebidas e revê assim os seus critérios estéticos, mas também se apercebe que a cultura na qual foi educado e/ou inserido não é obrigatoriamente superior às outras. O autor considera que as relações do turismo com o processo de diferenciação universal dizem respeito, à esfera da consciência e/ou mentalidade; porém, elas funcionam também nas esferas de âmbito económico e social.
A Tipologia de Prezeclawski apresenta o seu foco de análise na procura turística, dando bastante importância à socialização que o mesmo permite, pois segundo o autor o Homem moderno, com uma liberdade cada vez mais plena, dispõe de melhores possibilidades de procurar as suas raízes, a sua identidade nacional e/ou cultural, mas ao mesmo tempo ele procura com mais frequência o que o torna parecido com os outros.
A Tipologia de Prezeclawski apresenta então os diferentes tipos de turismo não baseados nas características dos territórios, mas sim nas motivações que conduzem os visitantes e/ou turistas a deslocarem-se a determinado destino turístico. Para Prezeclawski as principais motivações dos visitantes e/ou turistas podem ser múltiplas, designadamente, o contato, o divertimento, o acesso a tratamentos de saúde, a criatividade, a educação, os negócios, a religião, as razões familiares e o induzido pela publicidade.
Em suma, a Tipologia de Prezeclawski centra-se na análise da procura turística e dá um importante foco às relações humanas que o turismo promove na construção do indivíduo e a sua perceção do outro e do mundo.
References:
Referências Bibliográficas:
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Prezclawski, K. (1990). “Le tourisme et le monde de l’unité dans la pluralité”, in Les Cahiers du Tourisme (139, série C), Aix-en-Provence: Centre des Hautes Etudes Touristique.