Castelo Mendo (Almeida)

Apresentação da localidade de Castelo Mendo (Almeida): caracterização sócio-económica e demográfica, história, património histórico e edificado e património natural.

Apresentação da localidade de Castelo Mendo

Castelo Mendo

Castelo Mendo (Autor: Paulo Nunes – Ago/2017)

FICHA DA LOCALIDADE

Localidade: Castelo Mendo
Classificação: Aldeia/Lugar

População: 54 habitantes (Censos 2011)
Coordenadas: 40°35’37.4″N 6°56’57.6″W
País: Portugal
Distrito: Guarda
Concelho: Almeida
Freguesia:  Castelo Mendo, Ade, Monteperobolso e Mesquitela

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Castelo Mendo é uma aldeia pertencente à freguesia ‘União das Freguesias de Castelo Mendo, Ade, Monteperobolso e Mesquitela‘ (freguesia criada com a reorganização administrativa de 2013), pertencente ao concelho de Almeida, distrito da Guarda. De acordo com os Censos de 2011 do INE, a população residente na aldeia de Castelo Mendo era nesse ano de 54 pessoas.

Antes da reorganização administrativa de 2013, Castelo Mendo era sede de uma pequena freguesia que integrava também a aldeia de Paraizal. Esta antiga freguesia,  de acordo com os Censos de 2011, tinha uma população de 87 habitantes e a sua área total da freguesia era de 21,72 km2.

Castelo Mendo está localizada na designada região das ‘Terras de Ribacôa’, perto da margem esquerda do rio que dá nome à região: o rio Côa. Devido à sua extraordinária beleza e devido à sua história e património paisagístico, arquitetónico e cultural, Castelo Mendo é considerada como uma das Aldeias Históricas de Portugal.

História de Castelo Mendo

Castelo Mendo é uma aldeia fortificada, construída estrategicamente no topo de um monte com objetivos de defesa da fronteira com o vizinho Reino de Castela e Leão. As atuais muralhas que rodeiam a localidade foram mandadas construir pelo rei D. Sancho I no séc. XII, num local onde existiam já diversos vestígios de um castro lusitano muito antigo, datado da Idade do Bronze. Mais tarde, os Romanos também se instalaram no local: os restos de antigos troços de estrada romana e os vários achados de cerâmica e de moedas, comprovam a existência aqui de um centro político e administrativo relativamente importante.

É contudo após a reconquista cristã do território aos mouros que a região do Côa adquire grande importância estratégica enquanto região de fronteira que era necessário defender. É neste contexto que, no decorrer do séc. XII, D. Sancho I ordena a construção (ou reconstrução) das muralhas para defesa da povoação. Mais tarde, mais concretamente em 15 de março de 1229, D. Sancho II manda ampliar o castelo, e concede Carta de Foral e Carta de Feira à povoação, ordenando que esta se realizasse 3 vezes por ano, atestando assim a crescente importância da localidade. Foi esta a primeira feira a realizar-se com caráter de regularidade em Portugal, tendo permitindo um grande desenvolvimento económico e demográfico da povoação. Em 1281, D. Dinis ordena que a feira passasse a ser feira franca e que a sua periodicidade passasse a anual. Ainda hoje existe na aldeia o ‘Alpendre da Feira’, num local em que se acredita que a feira se teria realizado. É também durante o reinado de D. Dinis que, devido à indefinição das fronteiras com o Reino de Castela, a povoação adquire nova importância estratégica na defesa do território, o que levou o monarca a ordenar a construção de uma segunda cintura de muralhas, que rodeia o núcleo medieval da vila. Mais tarde, após a assinatura do Tratado de Alcanizes em 1297, que estabeleceu em definitivo as fronteiras do reino português, a aldeia foi perdendo alguma da sua importância enquanto ponto de defesa estratégica. Ainda assim, Castelo Mendo continuará a integrar a rede de fortificações que defendem a raia beirã, papel que manterá até cerca do séc. XVII, altura em que este sistema defensivo medieval perde a sua eficácia militar devido ao surgimento de novas e mais modernas fortificações .

Em 1 de Junho de 1510, o rei D. Manuel I concede nova Carta de Foral a Castelo Mendo que acrescentava novos privilégios e benefícios à localidade e aos seus habitantes, o que pode ser entendido como uma tentativa de restaurar o fulgor e dinamismo de outros tempos.

Em 1855, no contexto da grande reforma administrativa liberal, Castelo Mendo perde o seu estatuto de concelho, que mantinha desde a atribuição do primeiro foral por D. Sancho II em 1229.

Toponímia

O nome da localidade – Castelo Mendo – deve-se a D. Mendo Mendes, seu primeiro alcaide, nomeado por D. Dinis no séc. XIV. Ainda hoje é possível distinguir numa das paredes da antiga Casa da Cadeia uma escultura em pedra, que segundo a tradição popular representa o alcaide Mendo Mendes, e numa outra casa a representação da Menda, sendo por isso designada Casa da Menda, esposa de Mendo.

Património arquitetónico, cultural e natural

Localizada no topo de um morro granítico, a aldeia de Castelo Mendo, apresenta características predominantemente medievais, sendo constituída por dois núcleos amuralhados: a Cidadela e a Barbacã. A Cidadela, de formato oval, localizada no topo do morro rochoso, corresponde ao burgo velho criado após a atribuição do primeiro foral pelo rei D. Sancho II. Neste núcleo está localizado o castelo e os seus dois recintos distintos: o aglomerado civil edificado em torno da Igreja de Nossa Senhora do Castelo e o pólo exclusivamente militar, localizado no ponto mais elevado a Leste, local onde antes se erguia a Torre de Menagem. De construção posterior, a Barbacã, conhecida como burgo novo ou ‘Arrabalde de S. Pedro’, é protegido por uma muralha ordenada construir por D. Dinis, foi no passado guarnecida por oito torres, as quais foram parcialmente destruídas com o terramoto de 1755.

Atualmente a aldeia apresenta-se muito bem preservada, mantendo o desenho medieval, tendo sido classificada, no seu conjunto, como Imóvel de Interesse Público em 1984. O espaço ainda totalmente muralhado, comunica com o exterior por portas abertas a Norte, Poente e Nascente com acessos reforçados por torres.

A Igreja, enquanto reguladora dos comportamentos sociais e individuais, ergue os seus templos e instituições a par dos edifícios públicos, que simbolizam o poder político e a ordem civil, com destaque para a Casa da Câmara, Cadeia e Pelourinho. É também neste espaço privilegiado que as famílias locais mais importantes e abastadas ergueram as suas habitações. Na devesa encontram-se as fontes de água e de mergulho, tais como as Fontes Nova e Velha, e Estrufa (todas datadas do séc. XIII/XIV), além do Chafariz remodelado posteriormente. Fora das muralhas tinham ainda lugar acontecimentos mais ocasionais como a realização da feira (‘Alpendre da Feira’) ou as celebrações de culto católico (Calvário).

Apresenta-se de seguida uma lista exaustiva do património natural e edificado:

Património Classificado:

  • Castelo de “Castelo Mendo” (Decreto Lei N.º 35/443 de 21-01-1946) – Românico e Gótico / séc. XIII / XIV (Conjectural)
  • Aldeia de Castelo Mendo (Decreto N.º 29/84 de 25 de Junho) – Medieval
  • Pelourinho de Castelo Mendo (Decreto N.º 23/122 de 11-10-1933) – Estilo Manuelino / séc. XVI

Património Edificado:

  • Chafariz D’El Rey – Periurbano / séc. XIV / XIX (Conjectural)
  • Fonte Nova – Periurbano / Fonte de Mergulho Gótica / séc. XIV (Conjectural)
  • Fonte Velha – Periurbano / Fonte de Mergulho Românica / séc. XIII (Conjectural)
  • Fonte Estrufa – Fonte de Mergulho / séc. XIII (Conjectural)
  • Antiga Casa da Câmara e Cadeia – Intramuros / séc. XVII (Conjectural)
  • Casa Quinhentista da Rua Direita – Intramuros / séc. XVI
  • Casa de Alpendre Quinhentista da Rua Direita – Intramuros / séc XVI
  • Casa Manuelina da Rua Direita – Intramuros / séc. XVI
  • Casa Manuelina da Rua do Castelo – Intramuros / séc. XVI
  • Casas Manuelinas da Rua do Forno – Intramuros / séc. XVI
  • Casa de Balcão Alpendrado da Rua do Palheiro – Intramuros / séc. XVII (Conjectural)
  • Casa de Varanda Alpendrada do Largo do Pelourinho – Intramuros / séc. XVI / XVII (Conjectural)
  • Casa do Fidalgo da Rua Direita – Intramuros / séc. XIX (Conjectural)
  • Casa Filipina da Rua da Praça – Intramuros / séc. XVI (1596)
  • Casa Filipina do Largo de S. Vicente – Intramuros / séc. XVI (1595)
  • Casa Manuelina do Largo de S. Vicente – Intramuros / séc. XVI

Património Religioso:

  • Ruínas da Igreja de St.ª Maria do Castelo – Intramuros / Românico e Mudéjar / séc. XIII / séc. XVI (Conjectural)
  • Igreja de S. Pedro – Intramuros / séc. XIX (Conjectural)
  • Igreja de S. Vicente – Intramuros / séc. XIII / XVI / XVII (Conjectural)
  • Capela do Cemitério – Periurbano / séc. XVI
  • Calvário – Periurbano / séc. XIX (Conjectural)
  • Cruzeiro – Periurbano / séc. XVII / XVIII (Conjectural)
  • Alminha Devocional – Periurbano / XVIII / XIX (Conjectural)
  • Cruzeiros junto ao Alpendre – Periurbano / séc. XIX

Património Arqueológico e Etnográfico:

  • Alpendre de Feira – Periurbano / séc. XIII / XIV (Conjectural)
  • Pombal junto ao cemitério – Periurbano / séc. XIX (Conjectural)
  • Pombal junto à Porta da Vila – Periurbano / séc. XIX (Conjectural)
  • Forno Comunitário – Intramuros / séc. XVIII / XIX (Conjectural)
  • Calçada da Ribeira dos Cadelos – Periurbano – Romano e Medieval
  • Povoado da Idade do Bronze Romanizado (Castro) – Intramuros (séc. XI-X a.C até ao séc. I a.C)
  • Berrões ou Verracos – Intramuros – Idade do ferro (séc. IV / I a.C) até à Romanização
  • Relógio de Sol no Paraizal – Urbano – / séc. XIX (1869)

Património Natural:

  • Paisagem sobre a Ribeira dos Cadelos até ao Rio Côa (Porto de S. Miguel)

HeráldicaCastelomendo-01

Brasão: escudo de prata, castelo de negro, lavrado, aberto e iluminado do campo, assente em monte pedregoso de verde; em chefe, uma berroa de azul. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco, com a legenda a negro: «CASTELO MENDO».

Bandeira: esquartelada de negro e branco. Cordão e borlas de prata e negro. Haste e lança de ouro.

Selo: nos termos da Lei, com a legenda: «Junta de Freguesia de Castelo Mendo – Almeida».

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Galeria Fotográfica

Igreja de São Vicente

Igreja de São Vicente (Autor: Paulo Nunes – Ago/2017)

Portas da Vila

Portas da Vila (Autor: Paulo Nunes – Ago/2017)

Casa com varanda

Casa com varanda (Autor: Paulo Nunes – Ago/2017)

Casas em ruína

Casas em ruína (Autor: Paulo Nunes – Ago/2017)

Casas em ruína

Casas em ruína (Autor: Paulo Nunes – Ago/2017)

Igreja de Santa Maria do Castelo

Igreja de Santa Maria do Castelo (Autor: Paulo Nunes – Ago/2017)

Porta do Castelinho

Porta do Castelinho (Autor: Paulo Nunes – Ago/2017)

Vista Parcial

Vista Parcial (Autor: Paulo Nunes – Ago/2017)

Pelourinho de Castelo Mendo

Pelourinho de Castelo Mendo (Autor: Paulo Nunes – Ago/2017)

Rua típica de Castelo Mendo

Rua típica de Castelo Mendo (Autor: Paulo Nunes – Ago/2017)

Castelo de Castelo Mendo

Castelo de Castelo Mendo (Autor: Paulo Nunes – Ago/2017)

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