Baldur

Baldur é o deus nórdico da luz, pureza e alegria.

Baldur (também conhecido como Balder ou Baldr) é o deus nórdico da luz, pureza e alegria. Representa também o sol do Verão e é filho de Odin e da deusa Frigg, esposo da deusa Nanna e pai de Forseti. Sendo um dos deuses Aesir tem vário irmãos entre os quais Thor e Váli.

Entre as diversas crónicas, deixadas pelo povo dinamarquês e islandês reunidas durante o século XII e XIII, baseadas na antiga poesia e prosa nórdica existem imensas referências à morte de Baldur como uma grande tragédia para os Aesir e também como um prenuncio da chegada do Ragnarok, ou o fim do mundo.

Figura de eleição

Baldur é retratado como uma figura amada por todos os deuses, deusas e seres de natureza física. A sua beleza, generosidade e pureza de carácter são suficientes para encher o mundo de luz. Ele também possui o maior navio alguma vez construído chamado Hringhorni e o seu palácio, Breidablik, é o mais belo de todos.

O significado e etimologia do seu nome não têm uma origem exacta. Coloca-se a hipótese de que a explicação mais lógica é que seja derivado da antiga expressão nórdica “baldr” que significa “audaz”. Alguns estudiosos refutam esta ideia pelo facto da expressão implicar uma atitude de força atribuída aos deuses associados à guerra, características que nem sempre são associadas a Baldur. No entanto Baldur nem sempre tomava uma posição passiva, embora grande parte das escrituras o descrevam dessa forma.

A fonte literária da Prosa de Edda, do autor islandês Snorri Sturluson, contém um dos principais contos sobre Baldur, nomeadamente a história da sua morte e ressurreição, tema muitas vezes associado a deuses mitológicos de alguma forma ligados ao sol. O conto diz que este teve um sonho sobre a sua morte e quando a sua mãe Frigg soube deste prenuncio correu o mundo inteiro assegurando um juramento a todas as coisas para que nada pudesse magoar o seu filho. Confiantes da “imortalidade” de Baldur, os deuses atiravam-lhe coisas de forma aleatória apenas para as verem serem repelidas como se nada o tivesse atingido.

Loki, o deus da malícia, vê nesta situação uma oportunidade e consegue descobrir que Frigg não pediu um juramento à planta de visco ou “erva de passarinho”, por a considerar demasiado fraca. Loki decide então fazer uma lança a partir da planta e convence o deus cego Hod a atirar a lança a Baldur. O projéctil acerta em Baldur e este acaba por morrer.

baldur

A morte de Baldur.

Os restantes deuses, angustiados pelo falecimento de Baldur, reuniram-se para tentar descobrir uma forma de o resgatar do reino dos mortos pertencente à deusa Hel. Um dos filhos de Odin, Hermod, aceitou fazer esta jornada e montado no cavalo de Odin, Sleipnir, desceu até ao submundo. Assim que chegou, encontrou o seu irmão pálido e apático, sentado num lugar de honra ao lado de Hel. Hermod implorou para que a deusa liberta-se Baldur, afirmando que era amado por tudo o que existe, e esta aceitou fazê-lo apenas se tudo o que existe no mundo chorasse a morte de Baldur como prova do seu amor. Tudo no mundo chorou a morte do filho de Odin, excepto uma gigante chamada Thokk (ou “obrigado” no antigo dialecto nórdico) que se assumia ser Loki disfarçado. Assim Baldur ficou no submundo até ao Ragnarok, e somente após a total destruição do cosmos e fim do ciclo mítico é que Baldur voltou ao mundo dos vivos iluminando a vida das criaturas que ocupavam o novo mundo.

O conto é muito antigo e são várias as referências ao mesmo que se podem encontrar na antiga poesia nórdica. No entanto as escrituras de Snorri omitiam o carácter mais agressivo de Baldur. Esta figura retratada como um mártir, tinha segundo o historiador dinamarquês Saxo Grammaticus uma predisposição para a guerra, sendo até descrito como um dos deuses mais pró activos em batalha. O nome de Baldur era associado a diversas armas e tácticas de guerra, tornado o deus menos passivo do que Snorri o fez parecer.

A fragmentação dos registos históricos tornam as referências a Baldur algo escassas, mas não deixa de ser um deus que ocupava uma posição de destaque entre o povo nórdico. Era principalmente uma figura divina associada à beleza de vida em harmonia com a natureza. A sua morte marcou o inicio do fim e posterior renascimento marcado pelo já referido Ragnarok.

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